Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb
Você já se viu no Cinema? Eu me vi nesse filme, vi um Gabriel de uns tempos atrás, representado pelo personagem Jean, aquele típico adolescente, em fase de descoberta das coisas da vida , o Gabriel que aqui vos fala, mudou com o tempo, os problemas, mudam, os anseios são outros dos que são vividos por Jean , mas a essência é a mesma identificação com ele foi absurda. Direi aqui sem nenhum pudor, alguns vão criticar depois, mas afinal é o que estou fazendo, uma critica, e digo com tranquilidade, Casa Grande é um típico Boyhood brasileiro, e quer saber? Muito melhor que a obra de Richard Linklater, o que não me identifiquei com Boyhood, me identifiquei com esse filme excelente, do diretor Felipe Barbosa.
O Cinema tem seus milagres, e Casa Grande, é um desses milagres, que pode se dizer uma das maiores realizações do cinema brasileiro. O filme é um excelente estudo sobre a sociedade brasileira, extremamente realista, você ver a sua realidade na tela, seja o que você , vive atualmente, seja o que você já viveu. No início dos créditos finais, vemos uma dedicatória: ´´Aos meus pais, meu irmão e minha irmã ´´, não deixa de ser uma ironia quase cruel, do tema do filme , Felipe Barbosa com seu filme, não quer apenas criticar, mas também refletir sobre problemas que o próprio viu de perto.
Casa Grande conta aTrajetóriade Jean um adolescente de 17 anos, escola e vai prestar vestibular. Seu pai está desempregado e o nível de vida da família começa a sofrer consequências, tanto que precisam cortar despesas e demitir empregados. Paralelo a isso, ele está ansioso para engatar um namoro mais duradouro e ter relações sexuais com a companheira. Mas, a garota que conhece é outra classe social, criando alguns atritos com sua família. Fellipe Barbosanão chega a construir um roteiro com uma narrativa clássica, mas há pontos facilmente identificáveis da trama de Jean e sua família. E tudo isso se constrói em um antagonismo bastante claro entre pai e filho. Hugo, o pai vivido por Marcelo Novaes, não consegue admitir a perda do poder aquisitivo, imbuído em seu orgulho. Já o filho não consegue entender o pai, se revoltando com o silêncio e as mentiras que vão sendo contadas.