Por Mariana Kaoos
Vai bicho, desafinar o coro dos contentes:
André Cairo. Figura ímpar no cenário politico e cultural de Vitória da Conquista. É homem, mas, por vezes, também pode ser mulher. É pequeno, mas possui uma grandeza como poucos. É cabeça pensante. Tão pensante, que hora ou outra até delira. É ativista, encenador, ator, roteirista e diretor das causas para que milita. Causas essas que deram sentido à sua existência.
Há exatos 26 anos, André passou por uma experiência que mudou o percurso de toda a sua vida: uma mulher foi partida ao meio ao ser atropelada por um caminhão, na Avenida Integração, mais conhecida como Rio-Bahia. O ocorrido mexeu com sua cabeça e, após se escandalizar, questionar e criar soluções cabíveis para o embate, André finalmente deu origem ao Movimento Contra a Morte Prematura. E a partir daí diversas ideias, práticas, lutas e histórias aconteceram. Parte delas, agora registradas no curta documentário de Glauber Lacerda, A Rosa Púrpura de André Cairo.
Sim, você já ouviu esse título antes. A Rosa Púrpura do Cairo é um filme de 1985, do diretor estadunidense Woody Allen. No entanto, o de Woody não tem nada a ver com o de Glauber. E, se me permitem uma humilde opinião, A Rosa Púrpura de André Cairo é muito mais legal e muito mais importante, já que é nosso. É nosso porque ele fala de uma memória coletiva social, perpetuada ao longo desses anos. É nosso porque seu protagonista é André, o “roqueiro abduzido” (tem que assistir ao filme para entender), que é persona folclórica da sociedade conquistense. É nosso, porque pauta os inúmeros acontecimentos que mudaram o rumo ideológico dessa cidade em que habitamos. E que maravilha que não só o protagonista, diretor e filme são nossos, mas o evento em que ele foi exibido pela primeira vez também o é. Sim, foi na sessão das 18 horas, na sexta-feira (09), último dia de Mostra Cinema Conquista que o produto cinematográfico foi apresentado ao público.
A plateia estava lotada e riu, se espantou, regozijou sentada na cadeira a cada nova cena da Rosa Púrpura. Enquanto alguns saíram de lá o taxando como louco, outros (inclusive eu) viram nele o perfil de um visionário. Homem extremamente inteligente, debochado, que se utiliza da criação cultural para atingir outras esferas sociais como a política e os sistemas de controle e castração (educação, segurança, religião e censura). Ao olhar André e todo o seu desbunde, vi nele um pouco de Zé Celso Martinez, bem como de Torquato Neto, uma pontinha de Raul Seixas e até mesmo do Caetano da década de 1970. E me encantei. Então, utilizando esse veículo de comunicação, escrevo aqui um recado mais que especial: André Cairo me procure, me ligue e me conheça! Também faço contato com seres de outras dimensões e vou adorar uma tarde de deboche e criação contigo. Vamos juntos, desafinar o coro dos contentes. Lets Play That!
É que tudo acaba onde começou:
Hoje é dia das crianças e sabe o que vamos fazer aqui agora? Isso mesmo, moçada, vamos falar de filosofia! A gente renega, finge que não vê, da uma de indiferente, de superior, diz que não precisa dela, pisa em cima, cospe no prato, faz cara feia, mas é ela, a gostosa da filosofia, que permeia toda a nossa existência. E, na coluna de hoje, falaremos de filosofia através do bigodudo mais amado (ou odiado) de todos os tempos, Friedrich Nietzsche. O pessoal tem mania de colocar seu nome nos mais diversos tipos de animais, mas eu te garanto, ele é bem mais que isso!
Lá no século XIX, Nietzsche escreveu um livro intitulado Assim Falou Zaratustra. Como ele era ateu, muitos dizem que Zaratustra nada mais é que uma obra voltada diretamente para a crítica do cristianismo e da famosa bíblia sagrada. Na verdade, em muitas passagens do livro de Niti (apelido carinhoso e prático) é possível evidenciar essas provocações e questionamentos. No entanto, pelo menos para mim, Assim Falou Zaratustra consegue ir além e abordar outras questões.
De todas as questões, a minha preferida é quando o autor fala das metamorfoses do ser humano. De acordo com ele, temos três estágios a passar para, quem sabe, nos tornamos super homens (e não, não precisamos de kriptonita para isso!). O super homem nada mais é do que um estagio evolutivo da humanidade, onde nós seriamos pessoas esclarecidas, libertas de velhos mitos, capazes de criar os nossos próprios valores e acima do bem e do mal. Para chegar até esse ponto, precisamos ser camelo, leão e criança, exatamente nessa ordem.
Falando de uma maneira bem superficial, a fase do camelo é quando nós ainda nos submetemos às leis e andamos conforme o ditado. Ainda que doa, ainda que questionemos certas ordens e estruturas, na fase do camelo, seguimos as regras, o sistema. Estamos moldados a isso. Já na fase no leão, começamos a rugir um pouco mais alto. É a fase em que nos rebelamos, soltamos a nossa agressividade contra tudo estabelecido e ai passamos, aos pouquinhos, a deixar de aceitar o imposto, que todo mundo aceita, e ver o circo pegar fogo. Por fim, a última metamorfose é quando mudamos de leão para criança. E, quando nos tornamos crianças, finalmente estamos dotados de verdade e sabedoria. É o fazer o que se quer, falar como se pensa e olhar o mundo com olhos de surpresa. Na fase da criança, todas as regras são quebradas e o sentir, por ser primário e inocente, é mais profundo. Só sendo criança é que se é capaz de criar um novo mundo, um admirável mundo novo!
Que o dia de hoje seja de reflexão, para, quem sabe, darmos mais um passo na nossa evolução moral e de existência e, talvez, nos tornarmos a criança dos olhos de Nietzschi. Como já alertava o poeta Cazuza “já reparou na inocência cruel das criancinhas, com seus comentários desconcertantes? Adivinham tudo e sabem que a vida é bela”.
Rapidinho é mais gostoso!!!
Ou “…E quando fica russo, se rola é na paulista…”
Nessa terça-feira vai rolar debate dos bons. Vai ser lá na Casa Dois de Julho (que fica perto do Supermercado São Geraldo, no Alto Maron), a partir das 18:30h. Quem tomou a frente da iniciativa foi o Levante Popular da Juventude e a Consulta Popular. É, os meninos estão mandando ver aqui em Conquista, mostrando que militância se faz na prática e na dialética. Mediado pela professora Paulina, o tema da noite será A Construção do Poder Popular na Venezuela. Vamos pintar por lá?
Quarta é dia de rock, bebê!
Vamos todos pagar de fã e apreciar com olhos de encanto a apresentação de Thainan Varges e Lavus, no Café Society. Os meninos, que arrasaram quarta-feira passada vão fazer um repeteco essa semana, no mesmo horário de sempre. A partir das 21 horas será possível conferir versões intimistas e saborosas de artistas como Beatles, Jonny Cahsh, Duffy, Amy Winehouse e Lana Del Rey. Quarta passada, quem pintou por lá foi Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. Será que essa semana algum outro autor vai aparecer? Só conferindo de perto pra saber, viu?!
X-cania
Na quinta feira dessa semana a gente descansa porque a noite de sexta vai ser pesada. Quem vem com tudo é a X-cania. A festa promete agitar, remexer, movimentar, sacudir, abalar o cenário cultural conquistense que, depois dessa festinha, já não será mais o mesmo. Na X-cania vai rolar muita discotecagem (@garotaclínica, Pedro, Bino, duelo de Pedro x Bino), open bar a noite toda e concurso de Miss X-cania e Miss X-caninha. O ingresso fica no valor de 15 reais até a noite dessa quarta feira e depois sobre para 20 reais. E já que a venda é limitada, garantam logo o seu, para na sexta-feira a gente se encontrar lá no Ice Drink, a partir das 20 horas. Já alugou seu caminhão?