Do Blog do Giorlando Lima
Em reunião do diretório municipal do PT no dia 11 de dezembro do ano passado, o prefeito Guilherme Menezes proferiu a frase que já virou o bordão da campanha do pré-candidato Odir Freire: “Eu assino embaixo”. Pouco menos de um mês depois, na última sexta-feira, 12, ele voltou a afirmar ao BLOG do Giorlando Lima que continua apostando todas as suas fichas políticas na candidatura do amigo e secretário, nascido, como ele, em Iguaí, e auxiliar do governo petista desde o primeiro mandato, em 1997. Como na entrevista que deu ao BLOG em setembro, quando falou, pela primeira vez, no nome de Odir como candidato, Guilherme elencou as qualidades que vê no pupilo, a quem o radialista e deputado Herzem Gusmão (PMDB), principal adversário externo chamou de poste sem luz.
Mas Guilherme falou mais. Voltou a comentar sobre o esvaziamento da Frente Conquista Popular, formada pelo PT, PCdoB, PSB e PV, desde a primeira eleição disputada por ele, em 1992. O prefeito acha natural o fim do ciclo da aliança, porque os partidos teriam crescido, é legítimo que queiram chegar ao poder municipal e também porque, sendo uma eleição de dois turnos, o reencontro se daria naquele momento da disputa. Porém, mesmo pensando assim, Guilherme acha que o PSB pode ficar e garante que as portas estão abertas para o PCdoB, ainda no primeiro turno. Ele só não disse o que tem para oferecer ao deputado Fabrício Falcão para que ele desista de seu projeto ou ao PSB e ao PV para que não deem continuidade aos seus planos de se desgarrar da quase extinta frente.
O prefeito disse que ainda não fez conversas no sentido de manter ou reaglutinar os partidos que vinham seguindo o PT há 24 anos. Como também não conversou em separado com nenhum dos pré-candidatos do seu partido. Ele diz que quer o apoio dos deputados José Raimundo e Waldenor Pereira, mas admite que prefere não conversar com os dois, pessoalmente. Acha que a questão deve ser tratada em nível partidário, onde ele deve defender a tese, apresentada em primeira mão ao BLOG, de que os dois deputados permaneçam sem seus mandatos, pela importância de sua representação para Conquista , e permitam a “oxigenação” abrindo espaço para um novo nome. Por novo nome entenda-se Odir Freire.
Na entrevista que vai publicada abaixo, o prefeito de Vitória da Conquista pela quinta vez, reconhecido como uma das maiores lideranças políticas baianas, fala um pouco sobre a história do projeto político que o PT mantém vivo no município há 20 anos. Demonstra algum reconhecimento a administrações anteriores à sua, mesmo evitando citar nomes ou se alongar em adjetivos, como é sua característica, e relembra o começo de sua atuação como médico da secretaria municipal de Saúde, onde chegou em 1984, e dá detalhes da histórica criação do cargo de agente rural de saúde, uma iniciativa inédita naquele tempo, bem antes do SUS e da criação de cargo semelhante, a partir do ano 2000, no âmbito do governo federal.
Guilherme faz uma viagem de memória ao começo do seu primeiro governo, em 1997, e fala das dificuldades encontradas. “Era um caos tão grande que as pessoas diziam que eu ‘ia abrir o bico’ em três meses”. Para sair da situação complicada que encontrou, ele diz que teve ajuda da comunidade. “Vinha gente oferecer trator para ajudar a limpar a cidade, dizendo que não tinha votado em mim, mas queria colaborar com a cidade”. Ele conta que não havia nem um pedaço de lápis ou de folha de papel na prefeitura quando ele entrou. O pior, de acordo com o prefeito, era a falta de dinheiro. A dívida era de R$ 83 milhões e os servidores estavam com salários atrasados havia vários meses. Guilherme diz que antes dele os funcionários recebiam pagamento em forma de recibos, “pedaços de papel assinados pelo prefeito”, que os comerciantes não queriam receber. E a cidade estava tomada pelo lixo e pelos entulhos. “Por isso disseram que nós não aguentaríamos três meses”.
Segundo o prefeito, falar em caos hoje “ou é um pouco de desonestidade na análise ou é porque, às vezes, as pessoas apagam de sua memória o que não querem relembrar”. Para ele, não tem nada melhor do que fazer crítica, principalmente na política. “Às vezes quem critica só quer que vejam da ponta do dedo indicador dele pra fora. É como se da ponta do indicador para trás não tivesse ninguém, apenas uma voz, sem boca, sem língua, sem pessoa. Então aquela pessoa acha que está revestida de toda autoridade, porque sabe criticar tudo”. Na sequência, Guilherme cita o exemplo do radialista Fernando José (1943-1998), prefeito de Salvador entre 1989 e 1993, que cresceu na política fazendo críticas e depois não soube administrar a cidade. “A gente viu o caso de Fernando José, em Salvador, que matava cobra e mostrava o pau e tome-lhe pancada; eu tinha pena daquela mesa. Foi eleito prefeito e foi considerado o pior prefeito do Brasil, porque só sabia criticar e na hora de fazer ele não sabia, nem mesmo buscar os apoios para construir, coletivamente, os avanços que a cidade precisava”.
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