Violência em Conquista: para Guilherme, casa de internação é mais importante do que aeroporto

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Blog Giorlando Lima

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Em entrevista concedida ao BLOG do Giorlando Lima na última sexta-feira (15), o prefeito Guilherme Menezes manifestou sua preocupação em relação ao alto índice de violência registrado em Vitória da Conquista. Afirmou que a administração municipal tem reivindicado do governo do estado a ampliação do efetivo policial e citou a criação de novas companhias da PM no município como demonstração de que há atenção ao problema por parte dos poderes públicos. Sobre a parte do município ante a questão, o prefeito falou sobre investimentos feitos em educação, com vagas sobrando nas escolas públicas e na área social, com programas e medidas visando a atenção e a proteção a crianças e adolescentes.

Segundo Guilherme, a construção de uma casa de internação, provisória e permanente, é um dos investimentos mais importantes no sentido de reduzir a violência, porque atenderia a uma população que está cada vez mais envolvida com o crime, seduzida ou cooptada pelas drogas, que são os adolescentes e jovens de 14 a 17 anos. Destacando o Centro Integrado dos Direitos da Criança e do Adolescente do Brasil, o primeiro do Brasil, onde funcionam o Juizado da Infância e da Adolescência, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho da Criança e do Adolescente (Comdica), os projetos Novo Olhar e Família Acolhedora, o prefeito de Conquista afirma que a Casa de Internação Provisória e Permanente deve ser o próximo passo.

“Eu acho a Casa de Internação Provisória e Permanente mais emergencial do que o próprio aeroporto. E eu estou pedindo para que o governador assine aqui, se possível (no dia 28 ou 29), esse convênio com o governo federal, com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, porque o Município já doou ao Estado, passando pela Câmara de Vereadores, um terreno de 22 mil metros quadrados para a construção dessa casa. O projeto já existe desde que a ministra Maria do Rosário esteve aqui”, afirmou Guilherme, que vê na a falta da casa de internação um gerador de dificuldade para o trabalho das instituições no combate à violência.

“Porque hoje a casa de Feira de Santana não tem mais vaga, tem superlotação, a de Salvador também. Então, a polícia apreende, o Ministério Público vai lá, mas não tem onde ressocializar esse jovem”. Ele explica que o projeto inclui um colégio secundário, um colégio da prefeitura de ensino fundamental, oficinas profissionalizantes, quadra poliesportiva e outros espaços. “É um excelente projeto que Conquista merece e eu tenho certeza de que aqui irá funcionar muito bem”. Outra ação fundamental contra a violência, aponta Guilherme, é a educação. “Temos vaga para todo mundo. Neste campo da educação evoluímos muito com o Brasil todo.

O prefeito concorda que os investimentos em educação e programas sociais podem ajudar na redução da violência e da criminalidade em médio e longo prazos e que a ação dos órgãos de segurança é que pode dar uma resposta perceptível à população no imediato. “A gente sabe que existe um crime organizado e não se pode brincar com ele. Existe a questão das drogas e nós sabemos que é uma questão que precisa ser combatida em âmbito federal”. O prefeito afirma que tem conversado com o governo do estado buscando reforço ao combate ao crime e suas causas em Conquista.

AS DROGAS COMO FATOR PRINCIPAL

A discussão política em torno da questão das drogas, na opinião do prefeito de Vitória da Conquista, também é importante quando a preocupação é a redução da violência. “Eu fico com uma preocupação muito grande quando fico sabendo, por exemplo, que um helicóptero é apreendido com mais de 400 quilos de pasta base de cocaína. Conversando com o Tribunal de Justiça da Bahia ele assegurou que um quilo de pasta base pode dar até dez quilos de cocaína e eu pergunto: e um quilo de cocaína pode gerar quantos quilos de crack, que é um subproduto do subproduto? Muitas vezes as pessoas dizem ‘tinha meia tonelada de cocaína’, não é verdade, era de pasta base. Então quase meia tonelada de pasta base poderia gerar dez toneladas de cocaína e se for revertido em crack eu não sei para que população isso vai dar”.

Na visão do prefeito de Conquista, há coisas gritantes no Brasil “e a população às vezes está aplaudindo na base do maniqueísmo, como se partido político fosse time de futebol – e não é, porque tem tudo a ver com a vida da gente. Às vezes a pessoa está prestigiando uma facção ou lado da política de pessoas que estão cometendo esse tipo de crime – e estão com mandato – e a droga chegando de maneira imperceptível dentro das casas, inclusive de pessoas com alto padrão, alto poder aquisitivo. Então, é um momento de a gente estar discutindo, dentro da política, essas questões”, pontifica Guilherme.

Sobre as ações imediatas, como aumento de efetivo e a melhoria das condições de trabalho e da estrutura das polícias, o prefeito afirma que tem demandado constantemente o governo do estado. “Demandamos muito. Inclusive quando houve aquelas mortes de adolescentes, tivemos uma reunião aqui no gabinete com as presenças do próprio comandante-geral da Polícia Militar, o secretário de Segurança, todas as polícias discutindo o problema. E o governador me ligou, pois não pôde comparecer, e logo depois foram criadas as duas companhias. Mas nós continuamos insistindo e aí mandou-se para a Assembleia Legislativa o projeto da Companhia da Zona Rural, que está criada e está atuando. Inclusive o governo municipal disponibilizou um veículo, atendendo a solicitação da própria companhia, para ajudar nessas viagens que o efetivo precisa fazer”.

Guilherme assegura que tem sempre solicitado um aumento de efetivo, segundo ele, tanto da Polícia Militar quanto do Corpo de Bombeiros. “Com o novo aeroporto, que mais dia menos dia será entregue, vai precisar da ampliação do Corpo de Bombeiros, e eu tenho conversado com sobre isso com Coronel Moreno. Também reivindicamos aumento do efetivo da Polícia Militar, sempre de acordo com o que temos conversado com os comandantes daqui, porque nós não vamos sair de moto próprio, desrespeitando a corporação e as forças de segurança de Vitória da Conquista”.

“Nossa conversa com o governo do estado tem sido constante, em busca de melhoria na segurança da população”, disse Guilherme, ressaltando que houve avanços: “Primeiro: não tem tantos anos assim que só tinha o Nono Batalhão, aí houve muita conversa com o governador Wagner, que criou duas companhias, a 77ª e a 78ª, o que foi excelente; depois foi criada a Companhia da Zona Rural [92ºCompanhia] que a gente demandou muito daqui, porque nós temos uma zona rural imensa. E sempre é bom lembrar que nós temos uma área territorial que cabe Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Lauro de Freitas e Candeias dentro*. Como não ter uma companhia só para a zona rural? E hoje nós temos, está aí com o capitão Edmário [Brito] e cumprindo excelentes serviços”.

* Área territorial, segundo o IBGE:

Ilhéus – 1.584,693

Itabuna – 401,029

Feira de Santana – 1.337,93

Candeias – 251,628

Lauro de Freitas – 57,662

Total – 3.632,942

Vitória da Conquista – 3.704,018



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