Conquista: Guilherme acredita no apoio de Zé Raimundo a Odir e deixa ‘portas abertas’ para o PC do B

Do Blog do Giorlando Lima 

Odir-Menezes

Em reunião do diretório municipal do PT no dia 11 de dezembro do ano passado, o prefeito Guilherme Menezes proferiu a frase que já virou o bordão da campanha do pré-candidato Odir Freire: “Eu assino embaixo”. Pouco menos de um mês depois, na última sexta-feira, 12, ele voltou a afirmar ao BLOG do Giorlando Lima que continua apostando todas as suas fichas políticas na candidatura do amigo e secretário, nascido, como ele, em Iguaí, e auxiliar do governo petista desde o primeiro mandato, em 1997. Como na entrevista que deu ao BLOG em setembro, quando falou, pela primeira vez, no nome de Odir como candidato, Guilherme elencou as qualidades que vê no pupilo, a quem o radialista e deputado Herzem Gusmão (PMDB), principal adversário externo chamou de poste sem luz.

Mas Guilherme falou mais. Voltou a comentar sobre o esvaziamento da Frente Conquista Popular, formada pelo PT, PCdoB, PSB e PV, desde a primeira eleição disputada por ele, em 1992. O prefeito acha natural o fim do ciclo da aliança, porque os partidos teriam crescido, é legítimo que queiram chegar ao poder municipal e também porque, sendo uma eleição de dois turnos, o reencontro se daria naquele momento da disputa. Porém, mesmo pensando assim, Guilherme acha que o PSB pode ficar e garante que as portas estão abertas para o PCdoB, ainda no primeiro turno. Ele só não disse o que tem para oferecer ao deputado Fabrício Falcão para que ele desista de seu projeto ou ao PSB e ao PV para que não deem continuidade aos seus planos de se desgarrar da quase extinta frente.

O prefeito disse que ainda não fez conversas no sentido de manter ou reaglutinar os partidos que vinham seguindo o PT há 24 anos. Como também não conversou em separado com nenhum dos pré-candidatos do seu partido. Ele diz que quer o apoio dos deputados José Raimundo e Waldenor Pereira, mas admite que prefere não conversar com os dois, pessoalmente. Acha que a questão deve ser tratada em nível partidário, onde ele deve defender a tese, apresentada em primeira mão ao BLOG, de que os dois deputados permaneçam sem seus mandatos, pela importância de sua representação para Conquista , e permitam a “oxigenação” abrindo espaço para um novo nome. Por novo nome entenda-se Odir Freire.

Na entrevista que vai publicada abaixo, o prefeito de Vitória da Conquista pela quinta vez, reconhecido como uma das maiores lideranças políticas baianas, fala um pouco sobre a história do projeto político que o PT mantém vivo no município há 20 anos. Demonstra algum reconhecimento a administrações anteriores à sua, mesmo evitando citar nomes ou se alongar em adjetivos, como é sua característica, e relembra o começo de sua atuação como médico da secretaria municipal de Saúde, onde chegou em 1984, e dá detalhes da histórica criação do cargo de agente rural de saúde, uma iniciativa inédita naquele tempo, bem antes do SUS e da criação de  cargo semelhante, a partir do ano 2000, no âmbito do governo federal.

Guilherme faz uma viagem de memória ao começo do seu primeiro governo, em 1997, e fala das dificuldades encontradas. “Era um caos tão grande que as pessoas diziam que eu ‘ia abrir o bico’ em três meses”. Para sair da situação complicada que encontrou, ele diz que teve ajuda da comunidade. “Vinha gente oferecer trator para ajudar a limpar a cidade, dizendo que não tinha votado em mim, mas queria colaborar com a cidade”. Ele conta que não havia nem um pedaço de lápis ou de folha de papel na prefeitura quando ele entrou. O pior, de acordo com o prefeito, era a falta de dinheiro. A dívida era de R$ 83 milhões e os servidores estavam com salários atrasados havia vários meses. Guilherme diz que antes dele os funcionários recebiam pagamento em forma de recibos, “pedaços de papel assinados pelo prefeito”, que os comerciantes não queriam receber. E a cidade estava tomada pelo lixo e pelos entulhos. “Por isso disseram que nós não aguentaríamos três meses”.

Segundo o prefeito, falar em caos hoje “ou é um pouco de desonestidade na análise ou é porque, às vezes, as pessoas apagam de sua memória o que não querem relembrar”. Para ele, não tem nada melhor do que fazer crítica, principalmente na política. “Às vezes quem critica só quer que vejam da ponta do dedo indicador dele pra fora. É como se da ponta do indicador para trás não tivesse ninguém, apenas uma voz, sem boca, sem língua, sem pessoa. Então aquela pessoa acha que está revestida de toda autoridade, porque sabe criticar tudo”. Na sequência, Guilherme cita o exemplo do radialista Fernando José (1943-1998), prefeito de Salvador entre 1989 e 1993, que cresceu na política fazendo críticas e depois não soube administrar a cidade. “A gente viu o caso de Fernando José, em Salvador, que matava cobra e mostrava o pau e tome-lhe pancada; eu tinha pena daquela mesa. Foi eleito prefeito e foi considerado o pior prefeito do Brasil, porque só sabia criticar e na hora de fazer ele não sabia, nem mesmo buscar os apoios para construir, coletivamente, os avanços que a cidade precisava”.

Leia abaixo a primeira parte da entrevista. (A parte final foi transformada nas matérias sobre segurança e sobre aproveitamento da área do atual aeroporto, publicadas mais cedo pelo BLOG.)

BLOG – A Frente Conquista Popular dá sinais de esvaziamento. O PCdoB já saiu, o PSB ainda está no governo com uma secretaria, mas anuncia candidatura própria a prefeito e o PV afirma que seguirá o mesmo caminho. O senhor previa que isso pudesse acontecer?

GUILHERMEEu tenho dito que a Frente Conquista Popular, criada em 1992, ela foi uma grande vitória. Estamos chegando a 24 anos dessa união, com resultados que estão aí para análise de toda população de Conquista, desde a eleição vitoriosa de 1996 para prefeito, a reeleição em 2000 e de lá para cá já são cinco mandatos, mantendo esses partidos, PSB, PCdoB, PV e PT. Então, depois de 14 de existência dessa frente nada mais legítimo do que partidos quererem apresentar candidaturas à Prefeitura de Vitória da Conquista. Todos nós crescemos, todos os partidos cresceram. Acho isso perfeitamente harmonizado com o jogo democrático.

Com o PSB não tivemos nenhuma reunião, ainda, mas sei das conversas, da proposta de sair com candidato próprio e eu respeito e acredito que vamos nos relacionar com toda civilidade, como é o que espera a população de Vitória da Conquista.

Eu acho que, se fechamos um ciclo da Frente Conquista Popular, fechamos bem. Porque os resultados estão aí. Conquista avançou muito, politicamente, administrativamente e no aspecto social e econômico. É uma cidade que as pessoas aplaudem. Principalmente que sai, que conhece outras regiões, sem nenhum demérito para as outras cidades, vê o quanto a nossa cidade tem de desenvolvimento. E a administração tem contribuído – e não tem atrapalhado.

Hoje, a população está muito mais apta para julgar essa caminhada política. É claro que quem tem hoje 20 anos tinha zero ano quando nós começamos. E se nós tomarmos 1992 como referência são 24 anos. Então, é necessário que a população jovem vá apreendendo o que foi essa caminha, as dificuldades vencidas. Mas, eu encaro que em cinco mandatos a população mostrou que, majoritariamente, respeita a forma como temos trabalhado, como temos dirigido a administração de Vitória da Conquista, de forma compartilhada, inclusive com instrumentos que criamos em Conquista, como o Orçamento Participativo. Chegamos ao décimo-primeiro congresso do O.P, com dinâmica e cada vez com um número maior de delegados, inclusive delegados representando os 11 distritos rurais que integram 304 povoados, além de todos os bairros da cidade. Para mim esse décimo-primeiro congresso do O.P foi uma verdadeira festa democrática, com as pessoas “brigando”, todos muito interessados em defender seus projetos, demonstrando confiança no governo, por saber que as suas prioridades eleitas têm sido honradas. Já são 19 anos de O.P em Vitória da Conquista e não sei qual outro município no Brasil que ainda tem orçamento participativo e com essa idade.

GUILHERME – A população entendeu, desde 1992, que havia um projeto sendo consolidado. Porque antes já existiam os projetos dos partidos, como o do PT, que foi criado em 1980, e que teve candidaturas antes de 1992.O PSB, o PV, o PCdoB e todos os partidos tinham um posicionamento, uma presença política marcante em Conquista. Mas, como frente, como um projeto alimentado pela junção desses quatro partidos, foi algo que se iniciou em 1992 e a população começou a entender que ali estava nascendo um projeto voltado para o desenvolvimento social, cultura, artístico, econômico de Vitória da Conquista. Tanto é que naquela eleição de 1992 era para nós termos, segundo quem analisa na época, 1.800 a 2.000 votos e chegamos em torno de 14 mil votos. Houve uma aceitação. E em 1994, saindo pelo PT, eu fui eleito deputado estadual, em terceiro lugar na coligação, mostrando que a população entendeu que nascia um projeto político diferenciado para Vitória da Conquista. Então, são 20 anos que estamos completando de administração do município, fora os três mandatos de deputado, um de estadual e dois de federal.

BLOG – Em 1997, o senhor dizia que não tinha ambição de continuar no poder após o encerramento do seu primeiro mandato, que o senhor considerava transitório. No entanto, o senhor está no quarto mandato, o quinto do PT, e atribui-se à sua decisão de continuar, de ter prosseguido na política, o sucesso desses 20 anos do PT em Conquista. O senhor tornou-se uma referência e o maior eleitor do partido e da política conquistense, ainda que muitos não concordem. Mas, na eleição deste ano, que dá sinais de ser uma das mais difíceis, o senhor não pode se candidatar e apoia um nome novo, que nunca disputou eleição. Não acha que há um risco, de a população, não tendo mais como votar em Guilherme, migrar, debandar para outras opções, prejudicando o candidato que o senhor defende?

GUILHERME – Estou citando apenas um exemplo de uma administração compartilhada, de um governo que conversa pouco, age o tempo todo, de domingo a domingo, e a população sente isso. Então, eu vejo que ainda temos oxigênio, senão, estaríamos nos despedindo da população e saindo de cabeça erguida como entramos. Mas, eu acho que temos ainda como participar, de uma forma honrosa da disputa política em Vitória da Conquista.

BLOG – Voltando aos partidos da Frente Conquista Popular, o senhor disse que pode estar se fechando um ciclo, são 24 anos, e que os partidos, naturalmente, pela natureza da democracia, têm o direito de colocar candidaturas, pois cresceram e podem pleitear chegar ao pode municipal. Mas, o que o senhor está fazendo para que, à exceção do PCdoB que já foi, para manter PV, PSB e outros partidos no mesmo projeto, ou mesmo para trazer o PCdoB de volta? Eu soube que o senhor esteve com a senadora Lídice da Mata, logo após o anúncio da pré-candidatura do PSB, e também procurou dirigentes de outros partidos em Salvador e Brasília, mas qual o seu esforço efetivo para não permitir a fragmentação da aliança que dá suporte à sua administração?

GUILHERME – Realmente, eu estive com algumas lideranças, mas, conversando dessa forma compreensiva do direito de cada partido colocar suas candidaturas, até por uma questão de sobrevivência. Isso a gente tem que entender. Eu tenho a melhor relação, por exemplo, com os integrantes do PSB, principalmente com Gildelson e com o próprio vice-prefeito Dr. Joás Meira. Nunca houve o mínimo conflito entre nós dois, principalmente com essa possibilidade, esse ensaio de apartação agora, de cada um seguir o seu rumo no primeiro turno, já que é uma disputa com possibilidade de dois turnos. Com o PV, também, todo respeito, temos tido com a direção do PV aqui. Com o PCdoB houve um afastamento, mas não foi o governo que tirou nenhum dos quadros. Tanto que, quando Miguel Felício solicitou mais um tempo, tanto ele quando Élvio Dourado, eu falei: Eu não os estou convidando a sair, vocês vão sair deixando muita saudade, porque além da parceria enquanto companheiros políticos, vocês só deixaram amigos aqui dentro. Então, com PCdoB saiu de uma forma, digamos assim, tendo todas as portas abertas, e as nossas mentes também, de uma forma bem racional, para, no caso de uma aliança no segundo turno – ou até no primeiro turno. Deixamos todas as portas abertas.

Nessa relação, é muito interessante que nós colocamos os nossos limites, de cada partido, jamais enganamos ninguém. A minha maneira de administrar, minha relação com os partidos, eles sabem qual é desde o primeiro governo. Eu nunca coloquei meu nome, mas sempre fui convidado, eu dizia: Eu aceito, se eu tiver liberdade para escolher a equipe, respeitando todos os quadros indicados pelos partidos. E foi assim que eu pude escolher, com a liberdade dada pelos partidos, uma funcionária de mais de 30 anos de casa para ser secretária de Finanças. Ou escolher outra, que é servidora desde o início do mandato, para ser tesoureira do Município. E outros ocupando cargos como a secretaria de Administração, cargos estratégicos.

Acho que essa maneira de nos relacionar com os quatro partidos da Frente Conquista Popular foi o que suscitou essa possibilidade de 24 anos de uma aliança e de uma parceria. E daqui para frente só o tempo é que vai dizer, mas as portas estão abertas. Nós fazemos política com civilidade, com o respeito que o povo de Conquista merece e que a política merece.

BLOG – O senhor defende o direito de os partidos da Frente Conquista Popular terem candidatos, mas, considerando o inquestionável desgaste do PT em nível nacional – que tem efeito em Conquista – e também a possibilidade destes 20 anos de poder ter gerado certa fadiga e ter chegado o ponto em que a população decida experimentar outro projeto, mudar de posição, o senhor não acha que havendo mais de uma candidatura no mesmo campo pode ajudar a oposição? Várias candidaturas identificadas com o governo não seriam um risco para a vitória do PT e à continuidade do projeto, levando em conta, em especial, que o candidato que o senhor apresentou não é uma pessoa dada a esses embates e ainda não foi testada eleitoralmente?

GUILHERME – Pode ser. A pergunta é muito bem fundamentada, mas, do meu ponto de vista, do meu ângulo de visão, a minha obrigação com o povo de Conquista e com os partidos é indicar uma pré-candidatura de um nome que eu conheço profundamente. De uma pessoa que conhece, como poucos, a máquina administrativa municipal; que começou como gerente de compras, depois tesoureiro, secretário de finanças, de planejamento, quando havia aquela secretaria, assessor do gabinete, secretário de agricultura, antes foi secretário de assuntos distritais, diretor-administrativo da EMURC e, por todos os lugares por onde passou, exerceu suas funções com muita competência. É um secretário que eu posso dizer, tranquilamente, que só chega ao gabinete do prefeito com o problema, mas já com a solução delineada. Uma pessoa dessa encurta muito a solução dos problemas. Conversa muito pouco, mas planeja tudo o que faz e faz sempre com zelo e respeito à coisa pública.

Dentro do partido foi a primeira vez que eu coloquei um nome. Eu mesmo sempre fui convidado e coloquei as minhas exigências. E estou colocando esse nome por confiança absoluta. E tenho dito: por esse eu assino embaixo. E a população, se confia alguma coisa em mim, pode confiar que eu jamais iria indicar alguém só porque tem aquela “pegada” de candidato, que sai sorrindo para todo mundo, apertando mão, dando tapinha nas costas. Não estou dizendo que isso é demérito de quem faz isso, mas ele não tem essa característica, mas é sério e preparado para ser prefeito.

BLOG – O senhor também não tem essa característica do tapinha nas costas e de falar com todo mundo…

GUILHERME – Eu nunca tive também. As pessoas dizem que eu sou fechado e tudo… Mas, as pessoas não querem gracinhas, pois sabem que administração um município é coisa muito trabalhosa, muito séria. A gente tem que tem que ter tranquilidade para apanhar, receber as críticas e entender. O povo não nos elegeu para estar a toda hora dando resposta a quem nos agride. Muitas vezes essas agressões fortalecem muito mais a gente. Porque todo mundo tem defeito, eu tenho meus defeitos e quando as pessoas me criticam eu digo: Deixa eu ver se esses defeitos que estão me colocando pertencem a mim, verdadeiramente, ou se eu posso separar e continuar andando, porque a minha obrigação é administrar Vitória da Conquista com todas as limitações, mas coletivamente. Nós temos grupo, um coletivo no governo municipal, que se alinha muito bem.

Então, quando eu coloco um nome desse eu coloco, antes de tudo, com o respeito que eu devo ter a mim, com respeito que eu devo ter à pessoa que eu estou colocando como pré-candidato, ao partido e, sobretudo à população de Vitória da Conquista.

BLOG – Mas, voltemos à pergunta em si: como o senhor vê essa possibilidade de um grande número de candidatos identificados com o PT local e com o seu governo, numa disputa que se avizinha como a mais complicada em mais de 30 anos?

GUILHERME – Sinceramente, sem nenhuma falsidade, eu vejo isso com muita alegria. Quanto mais gente séria participando de política, mais avanço a gente tem condição de ter. Sem a política a gente vai para onde? Para o monocrático, para a ditadura? Então, é muito importante. Eu estou concluindo a leitura do livro “Política para não ser idiota”, do filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella. É um diálogo que ele faz com Renato Janine, que foi, inclusive, ministro da Educação, e que é outra pessoa com uma formação filosófica muito consolidada. Os dois debatem sobre esses dois temas: o político, que, do grego, quer dizer comunidade; e o idiota, que quer dizer indivíduo, individualidade. Idiota não é uma agressão, não é déficit cognitivo, mental, não é nada disso. Quem não trabalha, seja no campo privado, no campo particular, ou no público visando a sua comunidade e só pensa em si, este, segundo a terminologia grega, é o idiota, ou seja, é o individualista. E quanta gente existe que só pensa em si? “Eu estando bem com a minha família, o resto que se lixe”. Já tem outros que pensam diferente. Um dia desses eu dava um exemplo: eu passei num bairro, o Cidade Modelo, e vi que a pessoa colocou um gancho na parede, no canto mais alto, para acondicionar o saco de lixo lá, onde os cães à noite não possam rasgar e aquele lixo se espalhar e favorecer, inclusive, criadouros do mosquito da dengue, com tantos riscos. Eu falei: “Isso aqui é uma ação essencialmente política. Porque quem faz isso está pensando em toda comunidade; uma simples ação dessa”.

Então, quando a gente vê mais gente discutindo essa coisa da comunidade, da civilidade, que em latim é civitatem ou a palavra cidade, que significa a mesma coisa de política em grego. Vem polícia,politicum ou então cidade, cidadão, civilidade, termos que foram sendo desenvolvidos, mas sendo desenvolvidos na prática também. Eu fico muito feliz vendo muita gente debatendo, discutindo dentro das comunidades e ver que cidade a gente pode construir coletivamente, cada vez melhor, com mais oportunidades. Com relação às outras esferas de governo, nós não perdemos oportunidades, principalmente com relação ao governo federal, mas também como o governo estadual. Hoje somos a cidade com o melhor índice de saneamento do Norte-Nordeste do Brasil, segundo o Instituto Trata Brasil, e somos o 14º município no Brasil. Estávamos em 36ª posição e subimos. Isso graças a alianças perfeitas entre o governo municipal e o governo federal, via governo do Estado, em muitos setores. Está aí o novo aeroporto, compromisso do governo federal, que, em razão dessas dificuldades políticas criadas, teve que fazer um contingenciamento em repasses de recursos, mas agora, enfim, já foi publicado, são mais 45 milhões para a conclusão da área de embarque e desembarque. Graças a essas parcerias, cresceu muito o aporte de recursos para ajudar a economia de Vitória da Conquista.

BLOG – O senhor falou em receber críticas, temos lido declarações de dirigentes partidários e pré-candidatos de que está na hora de tirar o PT, porque chegou o fim de ciclo, que estaria porque política e administrativamente o partido estaria fazendo mal a Conquista. Como o governo recebe esse tipo de crítica?

GUILHERME – Veja, quem está na periferia da política, que não se aprofunda no debate e na discussão, às vezes, até para confundir a população, fica com esse discurso. É fácil dizer, a coisa mais fácil do mundo é criticar e o mais fácil é se associar para construir o bem comum, o que é da melhor. Mas, fazer crítica, bater, não tem nada melhor, principalmente na política, até porque todo mundo tem feito. Às vezes quem critica é como se tivesse mais autoridade, porque ele só quer que vejam da ponta do dedo indicador dele pra fora. É como se da ponta do indicador para trás não tivesse ninguém, apenas uma voz, sem boca, sem língua, sem pessoa. Então aquela pessoa acha que está revestida de toda autoridade, porque sabe criticar tudo.

A gente viu o caso de Fernando José (radialista), em Salvador, que matava cobra e mostrava o pau e tome-lhe pancada; eu tinha pena daquela mesa. Foi eleito prefeito e foi considerado o pior prefeito do Brasil, porque só sabia criticar e na hora de fazer ele não sabia, nem mesmo buscar os apoios para construir, coletivamente, os avanços que a cidade precisava.

Então, se a gente pegar e ver como estava esta cidade quando assumimos poderá fazer uma análise. Mas eu jamais citei nenhum nome de ex-prefeito. Eu acho que as administrações, elas envelhecem também, precisam ser oxigenadas e pegamos a cidade num ponto muito difícil. Pergunte aos antigos servidores o que era passar três, quatro, cinco meses sem receber salário e na hora do décima-terceiro receber um pedaço de papel, com a assinatura do prefeito que estava aqui, em forma de bônus que os comerciantes não queriam trocar por mercadoria. O que era a mão dormir em uma fila para ver se outro dia conseguiria uma vaga em uma escola. Eram quase 10.500 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola, porque não tinha vaga. E estou falando apenas de crianças de 7 a 14 anos, não estou falando nem da pré-escola, nem da creche, no do ensino infantil e nem da educação e jovens e adultos, só de 7 a 14 anos. E hoje nós temos 42 mil alunos na rede e 55 mil vagas. Nós temos um estoque de vagas, porque nos preparamos para isso, pois a cidade não é estática, é dinâmica, ela cresce, então, a gente tem que deixar um estoque, inclusive para o próximo gestor, para que ele possa iniciar seu mandato com folga, bem diferentemente do que era quando nós chegamos.

Eu me lembro de quando que a oposição dizia: nós não damos três meses para Guilherme abrir o bico, como se eu fosse um galo de rinha. Para canário de briga e galo tinha essa coisa depreciativa: “abrir o bico”. Não deram três meses pra gente, porque sabiam que tinha um caos. Totalmente sem credibilidade os funcionários e o governo. A primeira ordem que eu mandei aqui foi pra os postos de combustível, para abastecer as poucas máquinas que tinha, para tirar lixo e entulho da rua e não conseguimos comprar um litro, sequer, de óleo diesel. Fomos, inclusive, para a Loja Maçônica ali na Lauro de Freitas e solicitamos aos empresários, à comunidade, que nos doassem vales-combustível, para tirar lixo da rua e entulho. Foi assim que pegamos a cidade, naquela condição. Então, dizer que hoje está um caos ou é um pouco de desonestidade na análise ou é porque, às vezes, as pessoas apagam de sua memória o que não querem relembrar. Pode ser isso também. Querem dizer: “Conquista nasceu hoje e é daqui pra frente”, ou então: “Foram 20 anos de caos”. Não. Olha o quanto evoluímos na questão da educação. Conseguimos um campus da Universidade Federal da Bahia, que agora já vai entrar o curso de Medicina. O IFBA, que era o Cefet, só nível médio, e que conseguimos, a partir do governo Lula, transformar em também em uma escola de nível superior, com engenharia civil, elétrica e tantos outros cursos. Houve um avanço muito grande e as pessoas têm que se revestir de humildade e aprofundar na análise, para ajudar a cidade, porque não pode falar mal somente. Porque é fácil falar ”tá na hora de mudar, mudar, mudar”, mudar para onde, para que endereço?

Eu acho que o projeto tem muito fôlego, tem muito dinamismo e muito apoio para continuar crescendo, porque apenas entrou na juventude agora, apenas 20 anos.

BLOG – Prefeito, assim como o senhor rebate os que criticam, como se houvesse o caos, quando, em sua opinião, deveriam reconhecer o que foi feito, o senhor reconhece que, apesar da questão salarial e do lixo nas ruas, encontrou um município com alguma estrutura? O senhor tem algum reconhecimento em relação ao que foi feito antes do PT?

GUILHERME – Eu tenho sim, eu acho que todo mundo, todo governo, trouxe sua contribuição. Mas, houve um momento em que aconteceu um envelhecimento agudizado do governo municipal. Como lhe disse, eu jamais citei nome de nenhum ex-gestor, porque a gente quer construir e não estar com o dedo em riste dizendo que erraram nisso e aquilo. Não. Está na hora de todo mundo construir. Quantas vezes pessoas chegavam aqui e diziam: “Ó, Guilherme, fiz campanha contra você, votei contra você, mas o trator está na porta, com reboque e três funcionários pra ajudar a limpar a cidade”?

Então, respondendo a sua pergunta, houve muitas contribuições. Pegamos uma cidade historicamente voltada para o desenvolvimento, principalmente na área de comércio e serviços. Já lá no século 18, Conquista nasceu como um entreposto comercial e essa vocação continuou se consolidando, agora chegou naquele momento em que a gente precisava abrir para a comunidade ajudar o prefeito a administrar. Facilitamos para que houvesse, a partir daí, uma gestão compartilhada e eu volto a citar o Orçamento Participativo e cito, também, o Banco do Povo. Naquele tempo, não existia microcrédito produtivo em nenhum banco, nem oficial e nem público, e nós procuramos conhecer a experiência de Porto Alegre e implantamos o Banco do Povo, com apenas R$ 150 mil da prefeitura e conseguimos R$ 500 mil de empréstimo no BNDES, isso em 1999. O banco começou a funcionar em 2000, quando a Câmara de Vereadores autorizou o prefeito a aportar aqueles R$ 150 mil e hoje já são mais de R$ 50 milhões aportados nas mãos de empreendedores e empreendedoras, 70% mulheres, e quase 80% aval solidário, gente que não tem nem a garantia de uma escritura, nem de um avalista, porque a gente sabia que precisa fortalecer esse comércio inaparente, invisível. É um dinheiro que começou a circular em 2000 e você imagina mais de R$ 50 milhões hoje, de mão em mão, circulando de uma forma bem discreta nas mãos desses empreendedores – e todos eles cresceram.

E houve, além do O.P e do Banco do Povo, a Cooperativa dos Servidores. Servidores que não tinham crédito passaram a ser donos de um banco. Isso foi possível porque a base da cooperativa de crédito era o pagamento em dia da prefeitura. No primeiro ano, encontramos uma dívida imensa, R$ 83 milhões de dívidas, quando o município só recebia por ano R$ 30 milhões. Nesses R$ 83 milhões de dívida que era para ontem, estavam incluídos pensão alimentícia e salário de servidores. Em maio de 1997, com cinco meses apenas, não devíamos mais nem um centavo a nenhum servidor. E em junho já antecipávamos o décimo-terceiro salário; pagamos a primeira parcela em junho e a segunda em dezembro, para dizer ao servidor: “Olha, não tem mais bônus, não tem mais recibo” – e nem o que eles brincavam e chamavam de décimo-treteiro -, “agora é décimo-terceiro, pago, inclusive, antes do São do João e antes do Natal”. Este ano, pagamos no dia 18 de dezembro. Imagine: o município tinha uma receita anual de R$ 30 milhões e hoje a nossa folha está em torno de R$ 18,5 milhões, mais R$ 10 milhões de décimo-terceiro, mais R$ 1,4 milhão de auxílio-alimentação, isso dá quase os mesmos R$ 30 milhões, que caem, imediatamente no comércio. O servidor já vai para o comércio, já paga uma dívida, uma prestação, é um dinheiro que está circulando e ajudando a desenvolver a economia.

Sempre foi assim a maneira da gente pensar. Não tem que ficar inventando a pólvora. A economia funciona com circulação de dinheiro, e isso acontece com o Banco do Povo, a Cooperativa de Crédito dos Servidores e a credibilidade da prefeitura, trazendo recursos para o município em forma de convênio, porque não tinha nem um centavo. Quando eu assumi a prefeitura não tinha nem um pedacinho de lápis e nem um pedacinho de folha de papel. Então, instituímos um setor de projetos e fomos fazendo projetos, para captar recursos. E estamos conseguindo. Para você ter uma ideia, só com o PAC 1 e 2 ainda temos aí mais de R$ 80 milhões para infraestrutura do município, pavimentação e drenagem, tanto que estamos tentando comprar uma nova usina de asfalto, que a atual precisa a todo momento de manutenção.

BLOG – O senhor fez parte da administração de José Pedral Sampaio, que foi de 1983 a 1989. A sua participação era política ou apenas técnica? O senhor se sentia parte da política naquele governo?

GUILHERME – Não. Da política partidária não. Eu fui um servidor. Entrei em 1984 como médico da secretaria de Saúde. Me lembro que a primeira visita que eu fiz foi ao lixão, fui convidar todas aquelas pessoas que vivam ali, da cata de lixo, e seus filhos, para fazer exames parasitológicos e o cartão de vacinação, inclusive com antitetânica, mostrando os riscos que era trabalhar em um ambiente daquele. Todas as noites, depois do dia de serviço, eu me achava na obrigação de ir para os bairros, levando um projetor de slides, para fazer palestras sobre cuidados básicos de saúde e prevenção de doenças. Começamos no bairro Nossa Senhora Aparecida, foi até a União de Mulheres que me convidou e que resultou em uma semana de palestras. Depois, foi José Bispo dos Santos, que era presidente da associação de moradores do bairro Brasil, quem me convidou e foi mais uma semana de palestras. Na semana seguinte foi no Conveima, a convite de Seu Patrício. Depois Miguel Felício, que era presidente da associação do bairro Flamengo, me chamou e fiz palestras lá.

E assim foi, saia de um bairro para outro. E quem tivesse duas faltas, não recebia o certificado. Foi tanto sucesso, que o próprio prefeito deu pra comparecer no último dia, para entregar os certificados do projeto que recebeu o nome de Vigilantes da Saúde. Era sobre câncer de colo de útero, protozoários perigosos à saúde humana, as parasitoses. Eu me sentia na obrigação de todas as noites fazer esse trabalho. Eu achava que nós devíamos avançar, por exemplo, na prevenção do câncer de colo uterino, tão simples e tão barato de fazer. Nós fazíamos as palestras e orientávamos as pessoas a procurar o serviço público de saúde. Eram cursos de uma semana nos bairros e eu fazia isso como obrigação de médico Mas, não tinha ligação com nenhum partido.

Também surgiu em 1984 a ideia dos agentes rurais de saúde, quando não existia nem SUS, aquela época era o SUDS – Sistema Único Descentralizado de Saúde. O SUS só vai existir com a Constituição de 1988 e a partir de 1990, com as leis que regulamentam a saúde, dentro dos princípios do SUS. E eu estou falando de 1984. A primeira agente rural de saúde foi de 1985, da Cachoeira das Araras. Eu tinha um consultório e ela ficou no consultório recebendo noções, também passou pela unidade de saúde Joaquim Correia, onde hoje é a Casa de Acolhimento, na Bartolomeu de Gusmão, onde ficou por 40 dias, e pela Santa Casa de Misericórdia.

BLOG – Quem o levou para a secretaria de Saúde em 1984 foi Armênio Santos, que era o secretário? E quem criou esses programas de agentes rurais, etc.?

GUILHERME – Bem, eu vinha para Conquista e ele me convidou para trabalhar na secretaria de Saúde. A ideia dos agentes rurais de saúde eu tive em Cachoeira das Araras, local em que tinha estado em 1974, dez anos de voltar como médico. Morreu lá um rapaz todo coberto de bicheiras, então foi aí que veio a ideia, que eu tive a ideia, lá no velório, de se tirar uma pessoa para ter um treinamento e ser o agente de saúde da localidade. Essa pessoa foi escolhida pela comunidade e até hoje é agente rural de saúde. Depois que ela veio e levou esses 40 dias preparando, eu orientando essa pessoa, em poucos itens, como reidratação oral e conhecer um micro-organismo, focando no microscópio, aí eu levei a Armênio, que me trouxe ao prefeito da época, que era Pedral e delineamos a ideia de trazer a coordenação pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. E deu correto. Tivemos todo apoio. E aí que veio Jorge Solla e tantos outros médicos residentes, que depois vieram a dar outro suporte, já em outro momento, quando Conquista estava entrando na gestão plena da saúde.

BLOG – Prefeito, voltemos à política. O senhor apresentou Odir, num contexto de disputa interna no PT, que já tem outros quatro nomes, um deles ainda tido como aquele que poderia ganhar mais fácil a eleição, mas as pessoas já começam a admitir que o candidato do partido será mesmo Odir. O que leva o senhor a acreditar que ele será escolhido pelo partido e que vencerá a eleição?

GUILHERME – Bem, eu acredito na candidatura dele. Quanto a ser eleito, cada eleitor vai ter que colocar sobre seus ombros a responsabilidade da escolha, como é na democracia. A minha responsabilidade está sendo indicar o nome ao partido e, passando pelo partido, buscar as alianças necessárias para esse confronto no processo político. Mas, eu nunca assumi a responsabilidade por vitória nem derrota. A vitória eleitoral ou a derrota dependem de quem vota. Eu quando vou à urna só vou levando o meu voto, de mais ninguém. E nisso é que está a beleza da democracia.

Eu posso hoje chegar de cabeça erguida e dizer que jamais fiz uma promessa. Eu dizia, desde 1992, que a palavra promessa tinha sido desmoralizada por muitos candidatos, que prometiam tudo, só não valia perder o voto. A gente assumiu um outro termo, que pode ser semanticamente parecido, que é o compromisso. O compromisso, para mim, é quando você tem as condições de realizar. Você assume um compromisso para honrá-lo. E nesses anos todos dialogando com a comunidade, o meu compromisso é colocar para a comunidade o que é o nosso projeto político. Agora, o compromisso de votar e de analisar, é da experiência do voto, é de quem vai votar.

É importante saber o quanto que o Brasil lutou para que as pessoas tivessem o direito de voltar. Porque antes não era assim. Muitas vezes ia pra mão do coronel. Tem até a história de um cidadão que pergunta: “Coronel, eu vou voltar pra quem?” E o coronel responde: “Você deixa de ser besta que você sabe que o voto é secreto!” Era ele que ia votar, mas era secreto para ele. Só o coronel podia saber. E a gente sempre contava essas histórias, para cada um saber que tem que assumir sua responsabilidade.

BLOG – Mas, considerando essa questão interna do PT, com cinco pré-candidatos, sendo Odir apenas um deles, em que se baseia o seu otimismo de que ele será o candidato do partido?

GUILHERME – Eu estou colocando porque acredito que ele pode ser o nome que vai ter o apoio, inclusive do professor José Raimundo, que é deputado, e do deputado federal Waldenor. Todos eles já têm mandato. Eu acho que existe uma riqueza muito maior em aparecer outros nomes. Oxigenar, para mim, é isso, aparecerem outros nomes. No caso de Odir, eu acredito piamente que ele sendo eleito vai colocar as suas características, enquanto gestor, dentro de um projeto totalmente aberto à comunidade, para participação. Isso para ele não é novidade.

BLOG – O senhor está dizendo que é interessante para Waldenor e José Raimundo devem se manter como deputados e deixar que um outro nome dispute a eleição para prefeito e cada um cuide de sua parte?

GUILHERME – Também acredito nisso. Vitória da Conquista não é uma unidade isolada. Nós precisamos – e como precisamos – da representação, na esfera estadual, de um mandato de deputado estadual e na esfera federal de um deputado federal. E mais outros. Eu defendo. Primeiro porque eu acho que neste momento o nome melhor talhado para representar o partido é Odir Freire, por tudo o que eu conheço e por tudo o que ele já demonstrou. Mas é bom que eu ressalte isso: não fui que coloquei o nome de Odir. Foi um grupo de pessoas que foi comentando, um aqui outro acolá, e esse grupo me chamou para uma reunião e apresentou o nome dele. Eu pensei, repensei. Odir não quis se pronunciar, a princípio, e depois fez até uma carta dizendo que não queria aceitar. Esse grupo continuou insistindo – e eu gostei muito disso, porque é importante você refletir sobre a profundidade de uma escolha dessa. E Odir fez isso. Hoje, quando ele chegou e disse: “Bem, eu refleti e o grupo está insistindo, então eu aceito esse desafio, se tiver apoio do grupo e do partido”.

BLOG – O senhor já teve essa conversa com Waldenor e José Raimundo, para convencê-los da importância, segundo sua opinião, de eles se manterem nos mandatos e apoiar Odir? Se não conversou, vai conversar? Ou acha que isso vai discutido internamente no PT, de maneira geral?

GUILHERME – Bem, tivemos o seguinte: quando o PT já tinha lançado alguns nomes como pré-candidatos, fizemos uma reunião grande, com muita participação, incluindo representantes dos deputados Waldenor e Zé Raimundo, e os outros pré-candidatos, e eu pedi licença para colocar, pela primeira vez, uma candidatura a prefeito de Vitória da Conquista. E expliquei porque estava colocando. Isso para um número grande de pessoas do partido, onde estavam os representantes tanto do deputado Waldenor quanto do deputado José Raimundo Fontes. E os outros pré-candidatos estavam presentes também. Mas não houve ainda uma reunião específica com os deputados.

BLOG – Mas eu insisto: sendo o senhor principal líder do partido no município vai querer fazer essas conversas diretas com José Raimundo e Waldenor ou considera que esse diálogo é um problema da direção do PT?

GUILHERME – Eu pedi, com todo respeito, ao partido, que analise a oportunidade de ainda nesse mês de janeiro o partido já vença algumas dificuldades a esse respeito. Ontem mesmo (quinta, 14) já teve reunião da executiva, há outras marcadas. Ou seja: o partido aqui em Conquista está se movimentando e o partido em Salvador está sabendo disso, é uma coisa muito aberta. E nós temos toda autoridade, eu diria assim, de estarmos discutindo sobre esse projeto dentro do partido para, a partir daí, quando afunilar em torno de uma candidatura nós podermos nos apresentar para a comunidade e para os outros partidos, buscando alianças, porque a política de alianças é fundamental. Eu acho que está avançando bem, mas já devia estar mais avançado. Porque aí nós não estamos colocando candidaturas, estamos discutindo pré-candidaturas. Porque nós não vamos ter candidato por geração espontânea, isso não existe, as candidaturas têm que ser, como estão sendo, bem discutidas. A de Odir mesmo está sendo muito discutida, ele mesmo aprofundou o debate e análise, como eu disse.

O caminho está dado. E quando estivermos reunidos é claro que eu vou pedir esse apoio de todas as forças do partido para este nome que está chegando, com tanto apoio, tanto do governo como de vários setores.

BLOGMas o senhor quer fazer isso na instância partidária, não em uma conversa do tipo olho-no-olho com os deputados e principalmente com José Raimundo…

GUILHERME – Eu prefiro dentro do partido e nada fora do partido.

BLOG – É verdade que em recente conversa com o governador Rui Costa o senhor lhe disse que “Odir será o Rui Costa de Conquista”, aludindo ao fato de que na pré-eleição o governador aparecia com baixos índices nas pesquisas, mas acabou vencendo no primeiro turno, a despeito da desconfiança de muita gente, inclusive no partido?

GUILHERME – Não houve isso. Com o governador foi uma conversa tranquila. Ele soube da reunião e perguntou e eu apenas disse que eu estava apresentando Odir, justamente por essas características: por ele conhecer muito bem o governo, as dificuldades do governo, que aqui não existe sobre de dinheiro pra nada; saber o rigor que é a aplicação de cada centavo e a receita de cada centavo e por ser uma pessoa que passou por todas as secretarias e teve excelente desempenho. Além do conhecimento como planejador, que não faz nada sem planejar com sua equipe. Tudo isso eu falei com o governador. E o governador ouviu, não disse que nem que sim, nem que não. Ele que me perguntou, porque soube e eu achei que ele tivesse me perguntado e natural que eu respondesse.

BLOG – Não houve uma frase parecida com esta: “Odir vai ser o Rui de Conquista. Vai sair desacreditado, mas eu vou segurar, ele vai crescer e ganhar a eleição”?

GUILHERME – Não. Isso não houve, mas a analogia ela é positiva, porque muita gente dizia do governador: “Rui não é conhecido”, e ele terminou tendo uma vitória tão inquestionável, justamente por essa junção de forças e de o governo mostrar a importância da continuidade desse projeto político para o estado.



Entrevistas, Política, Vitória da Conquista

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5 responses to “Conquista: Guilherme acredita no apoio de Zé Raimundo a Odir e deixa ‘portas abertas’ para o PC do B

  1. Gente, quem é esse Odir? Alguém conhece esse rapaz? Já o viu na fila do pão?
    O Governo Participativo vai entregar de mão beijada a prefeitura à oposição se esse for o seu candidato. Não tem nome nem projeção na cidade e nem envergadura para concorrer com nomes como o de Herzem, Fabricio, Arlindo e até mesmo o espertalhão do Ticolô.
    O nome certo é Zé Raimundo! Se Guilherme continuar nessa teimosia e picuinha com o grupo de Waldenor/Zé vai acabar por aqui os 20 anos de governo por conta de um capricho seu.

  2. Não conheço o prefeito pessoalmente, mas posso dizer que já tive contato com essa figura soberba, arrogante e antipática de pré-nome Odir. Não sei onde vamos chegar caso esse cidadão chegue ao cargo majoritário do município. Tenho notícias de que os próprios servidores da prefeitura comungam dessa mesma opinião com relação ao pré-candidato. Já tive o desprazer de receber uma “carteirada” do senhor Odir quando na ocasião para obter vantagem.
    Péssimo nome para sucessão municipal.

  3. Esse tar de Odir Guilherme trouxe dentro da surraca desde Iguaí,e, terminou apadrinhando esse Cidadão Igauiense.Gente muito boa………..

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