Por Mário Bittencourt – Jornalista e colaborador do Blog do Rodrigo Ferraz
Em tempos de criminalidade em alta, é importante que se pense além do problema em si. Por mais que se cobre da polícia que se investigue e prenda os criminosos, o trabalho dela, que é valioso, trabalhoso e necessário, é como enxugar gelo, diante do atual quadro social. A cidade tem crescido muito na última década, mas apresenta um quadro de desigualdade social considerável — apesar de não parecer tanto. Soma-se a pobreza às atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, e tem-se o quadro atual: homicídios, roubos, assaltos. Numa cidade cuja economia cresceu na última década a 8% ao ano — bem superior a da Bahia e do Brasil — o número de beneficiados do Bolsa Família mais que dobrou. A gestão do programa teve início na cidade em 2004 com 14 mil famílias inscritas e iniciou 2015 com o dobro de beneficiários: 28.715.
Quem participa do programa são famílias em situação de pobreza (renda mensal de R$ 77,01 até R$ 154) ou extrema pobreza (até R$ 77 por mês). Assim, temos uma cidade rica, mas cheia de miseráveis. Incluí-las no programa federal não basta. É preciso que onde moram os serviços básicos (transporte, água, energia, educação, saúde, lazer) funcionem bem. Mas sabemos que isso não ocorre, e que as iniciativas públicas demoram em muito de chegar. Outro problema: Vitória da Conquista, apesar do seu PIB ter saltado de R$ 708 milhões, em 2009, para R$ 4,6 bilhões em 2013, é uma cidade que gera poucos empregos formais. Em 2013, por exemplo, a cidade gerou 2.210 empregos com carteira assinada. Isso para um município que teve o seu auge de geração de emprego formal em 2010, com 5.084 novas pessoas trabalhando formalmente. Só para lembrar, o PIB na mesma época não parou de crescer, nem a arrecadação de impostos, que passou de R$ 10.387.822, em 2002, para R$ 71.182.306,56 em 2013. A taxa de desemprego da cidade, de 4,40, registrada pelo IBGE em 1999, ainda não conseguiu ser superada: aumentou para 16,40 em 2000 e ficou em 9,11 em 2010. Esses são os dados mais atuais. Será que o bolo do crescimento está sendo repartido igualitariamente?
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