O caso Diego Costa: Precisava disso tudo mesmo?

Por *Enrique Escudero – Jornalista

179688_103326456408603_3428430_nPrimeiramente, é difícil imaginar algum jogador recusando a oportunidade de defender sua pátria. Mas aconteceu. Diego Costa é um bom atacante, com qualidades técnicas e num momento “fazedor” de gols, mas qual é o motivo de tanta disputa pelo jogador? Eu não vejo essa dupla convocação do jogador como uma disputa e sim como uma manobra interessante da dupla CBF/Felipão.

O jogador já havia sido convocado para defender a seleção brasileira em amistosos. Pela antiga regra da FIFA, isso já invalidaria qualquer oportunidade do jogador defender outro país no futuro. Contudo, isso mudou. A mudança pode soar um pouco incoerente, uma vez que os amistosos não são considerados jogos oficiais para a entidade máxima do futebol, mas conta pontos no ranking da instituição. Enfim, isso tem justificativa, pois a França andava convocando todos os potenciais bons jogadores com algum tipo de raízes africanas apenas para impossibilitar a convocação futura desses jogadores por outras seleções.

No mais, já era de se esperar que Diego Costa optasse pela seleção espanhola. A agitação brasileira só surgiu após os rumores de que o jogador poderia ser chamado pelo técnico espanhol Vicente Del Bosque. Muito estranho, visto que o jogador claramente não fazia parte dos planos do Brasil para 2014. Para mim, pareceu uma jogada esperta de mostrar o jogador como uma espécie de traíra da nação brasileira. Algo perigoso e desnecessário. Mas o Diego Costa não fez errado, apenas optou pela carreira, já que sua vaga no Mundial pela Espanha parece certa.

O maior problema desse imbróglio todo não é nem a escolha de um país em detrimento de outro. Podem surgir, à partir desse episódio, casos de contratação de brasileiros ou argentinos por seleções de pouca tradição no esporte. Caso parecido com esse tem no futsal, onde a Rússia é formada por inúmeros brasileiros. Acontecendo isso com o futebol, perderíamos todo o sentido de termos competições envolvendo nações. Não digo que abre um precedente, pois já tivemos brasileiros defendendo outros países ao redor do mundo da bola, mas pode ser o início do fim.

*Enrique Escudero é jornalista formado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)



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