O causo a seguir ocorreu em fins dos anos 80, em Vitória da Conquista. Luiz Gonzaga, já com a saúde debilitada e sem forças para empunhar a sanfona em pé – o que o levava a apresentar-se sentado – fez na cidade uma de suas últimas apresentações em público, num palco montado na parte superior da praça Barão do Rio Branco, apinhada de gente ávida por ver mais uma vez o mais famoso intérprete de “Asa branca”. Na ocasião, Edson Dias e mais um grupo de 25 sanfoneiros se juntaram em volta do ídolo para homenageá-lo. Executaram vários clássicos do ritmo nordestino.
Ao fim do ritual de reverência, Gonzagão virou-se para Edson e, de microfone em punho, diante das milhares de pessoas que se reuniam na praça central da cidade, “batizou-o” oficialmente, segundo as “leis” do forró. “Seu Edson, o senhor é o maior xoteiro do Brasil!”, teria dito o Rei do Baião, só que dobrando a primeira sílaba de “xoteiro” e querendo dizer, com isso, de forma jocosa, que Edson era “o melhor cantor de xote do Brasil”. Esta é apenas uma das histórias que o forrozeiro Edson Dias contou na noite de 1º de julho, quando recebeu da Prefeitura de Vitória da Conquista o Troféu Humberto Teixeira, homenagem também entregue a Onildo Barbosa e Joel Pinheiro. Nascido há 65 anos na fazenda Rancho Alegre, no município baiano de Entre Rios (próximo da divisa com Sergipe), Edson chegou a Vitória da Conquista em 1971. Orgulha-se de ter sido amigo de Lindu, cantor e sanfoneiro da clássica formação do Trio Nordestino, ao lado de Coroné (zabumba) e Cobrinha (Triângulo). Também demonstra satisfação ao dizer que foi o primeiro artista da região a gravar um disco de forró “cantado”, numa época em que todos os artistas desse gênero, em âmbito regional, só registravam o som de seus instrumentos.