Por Marcísio Bahia
O privilégio de ter vínculo de amizade com Elomar Figueira Mello permite enxergar o homem além do mito que se formou em torno desse menestrel, reconhecido em vários países como um dos maiores artistas vivo em solo brasileiro. Para quem nunca ouviu falar desse nome, peço licença para lamentar sua desinformação, pois para os membros da classe artística, intelectuais renomados, e sua legião de admiradores, ele é uma pérola reluzente encravada no sertão, o “prícipe da caatinga”, como assim o denominou Vinícius de Moraes.
O paradoxo formado entre um aspecto sem pompas e o seu vasto conhecimento sobre a música, as vicissitudes humanas, principalmente no ambiente rural, e também a iluminada e inspirada religiosidade embassa a visão dos que apenas conhecem Elomar por ouvir falar ou através de alguma obra musical. Nesse caso, o dito popular“santo de casa não faz milagre” acerta em cheio para que a inspiração elomariana não atinjaa grande massa popular conquistense, sertaneja, já que ele é quem melhor traduz nossas dores e alegrias, fazendo com que suas letras e cantigas iluminem dentro do peito da gente a certeza da nossa mais pura nacionalidade, a sertanesa.
Agora, para os que aindamenosprezam a importância do artista caatingueiro para o país, alimentando conversas sobre sua reclusa e hábitos antimidiáticos, basta correr os olhos nas páginas culturais dos principais jornais e sites do centro-sul para sentir como ele é “adorado”, discutido, valorizado, tendo respaldo na sua alta relevância para a formação cultural do povo brasileiro. E se isso não bastasse, alunos de mestrado de música em diferentes países escolheram como tema de tese o trabalho de Elomar Figueira de Mello; muitos jovens violonistas de várias nacionalidades capricham na execução de suas músicas, principalmente “Arrumação”.