Sétima Arte em Destaque: As Pontes de Madison

unopar ead

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

pontes

Muitos anos após viver Dirty Harry e protagonizar os faroestes antológicos de Sergio Leone, Clint Eastwood viria a dirigir um filme para comover 10 entre 10 corações apaixonados. As Pontes de Madison é uma obra que mescla um belo romance e um drama bem estruturado, mesmo inserindo em sua narrativa alguns recursos um tanto óbvios para o gênero. Richard LaGravenese adapta o romance de Robert James Waller, onde durante menos de uma semana se acompanha a história de Francesca, imigrante italiana casada, com dois filhos, que possui uma fazenda no interior do estado, vivendo em concessão com sua pacata existência. Quando seu marido e filhos viajam, deixando Francesca sozinha, um fotógrafo de Washington aparece e pede ajuda a ela, desejando encontrar e então fotografar as pontes cobertas do local, citadas no título do filme.

LaGravanese, que dirigiu e roteirizou P.S. Eu Te Amo, é o responsável por parte da depreciação justificável que se pode ter em relação a As Pontes de Madison. Seu roteiro dá grande ênfase em um segundo núcleo que é centrado nos filhos de Francesca, já adultos, que retornam à casa da mãe para resolverem assuntos relativos ao falecimento da mesma. O filme se inicia, termina e é pontuado por constantes intervenções deste núcleo, composto por personagens fracos que nada acrescentam à trama, interpretados por atores pouco competentes. O filme ainda possui algumas cenas belíssimas interrompidas pela narração desnecessária de Francesca, que mesmo acontecendo poucas vezes, apenas reitera através de palavras o que Eastwood evidencia com sua detalhista direção. A narração dificilmente acrescenta algo que é imperceptível aos olhos, fazendo assim com que a profundidade atingida por algumas sequências se perca em superficialidades proporcionadas pela “explicação” desses momentos.

A direção de Eastwood é elaborada, como sugeri antes, detalhadamente, e o trabalho do mesmo é muito bem desenvolvido, somado à bela fotografia Alguns planos escolhidos pelo diretor deixam claras as referências que o roteiro elabora em relação ao envolvimento dos personagens. Quando os amantes versam rapidamente sobre o voyeurismo, por exemplo, em outro momento a câmera tende a se afastar, em um plano que cobre a refeição de ambos através de um ângulo que se divide entre a mesa de jantar e uma parede. Mesmo que Francesca se culpe por observar Robert em alguns momentos, mantendo-se escondida, no início do envolvimento de ambos, Eastwood explicita na passagem supracitada e em outras que o verdadeiro voyeur desse romance é o espectador.

A composição Eastwood  cria para Robert é limitada, apoiada quase que inteiramente nos bons diálogos do personagem. Robert não tem um caráter definido e parece existir apenas para ser a peça fundamental do romance e dos subsequentes questionamentos de Francesca. Eastwood vive Robert com certa intensidade contida, encontrando apoio apenas em Meryl Streep, que carrega praticamente toda a carga emocional do filme em sua cativante personagem. Streep, indicada ao Oscar por este papel, constrói uma personagem única, que fala por vezes mais com um simples movimento do que através de várias frases. A conformada dona de casa é definitivamente um de seus maiores papéis, dada a imersão da atriz neste filme. O Oscar em 1995 infelizmente não foi para a atriz, porém a mesma fora recompensada em outras duas ocasiões. O prêmio, porém, não fora desperdiçado: Susan Sarandon o levou, por sua interpretação em Os Últimos Passos de um Homem.

Mesmo sendo consideravelmente prejudicado pelos problemas aqui já apontados, deve-se reconhecer o grande mérito de As Pontes de Madison, dada a força originária da história de Francesca e Robert. O casal gera imensa empatia logo em sua primeira cena juntos, e fazem com que seja impossível a depreciação das atitudes dos mesmos, graças em grande parte, volto a repetir, ao trabalho extraordinário de Meryl Streep. Creio que   As Pontes de Madison,  deve ser ainda melhor programa quando assistido a dois. E é bom lembrar   de ter por perto um lencinho. Ou de preferência, uma caixa deles. Um belíssimo filme que nos mostra a valorizar o que temos na nossa vida, e que devemos muda-las o que não nos deixam satisfeitos, porque a vida acontece é agora, se deixar pra mudar o que não te agrada depois pode ser tarde.



Artigos, Cultura, Educação, Vitória da Conquista

Comentário(s)