Por Mariana Kaoos
Se tem um texto brasileiro que muito me atrai é o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade, escrito lá no inicio do século passado. Nele, no manifesto, o autor tece considerações acerca da nossa constituição enquanto brasileiros (tupy or not tupy?), da nossa formação política, social, cultural, poética.
Antropofagia: Substantivo feminino. Estado, qualidade, condição ou ato do antropófago; antropofagismo; canibalismo.
Não apenas pela participação nas Semanas de Arte Moderna, mas, principalmente, pela ruptura estética e narrativa, Oswald aparece no nosso cenário literário cultural brasileiro como (acredito que) a primeira figura a propor uma nova maneira de criar e consumir arte: deglutindo, mastigando, lambendo a língua. É isso mesmo, meus amigos, a arte passa por um processo de subversão e adquire um teor palpável, onde os seus confins é chegar e ultrapassar todos os limites possíveis. Arte pautando a vida (não se esquecendo que, como Wally afirma, “a vida é sonho”)!
Apesar de não se declararem escancaradamente antropofágicos, diversos artistas nacionais assumem algumas dessas características que desaguam em suas obras: Glauber Rocha, Caetano Veloso, Hélio Oiticica, Wally Salomão, Rogério Duarte, Rogério Duprat, Zé Celso Martinez, Torquato Neto, Gilberto Gil, Jorge Mautner e por aí vai.