Por Jhou Cardoso, Manuela Scipioni – Do Site Avoador
Maria da Soledade, 1,71 cm de altura, 65 kg, moradora da região central de Vitória da Conquista, tinha 17 anos quando ouviu do seu pai que, “em casa de família direita, não tem quarto para puta”. Nunca soube explicar por que seu próprio pai a chamou de “puta”. “Talvez porque eu tinha feito sexo com um namoradinho e ele acabou descobrindo”, tenta explicar sorrindo, mostrando os poucos dentes que ainda restam.
O tempo deixou marcas no corpo de Maria, mas não arrancou sua beleza. De pele branca, cabelos pretos e olhos amendoados com sobrancelhas que de tanto serem depiladas desapareceram e foram substituídas por linhas de lápis preto, olha para o passado com certo saudosismo, lembrando os amores de alugueis e de cada beco por onde passou. “Aceitei o nome que meu pai me deu: puta. Naquele mesmo dia saí de casa. Levei numa sacola algumas roupas e fui conhecer esse mundão de meu Deus”.
Na falta de dinheiro, seu corpo se transformou em moeda de pagamento. A cada carona recebida, um carinho diferente, a cada prato de comida, as peças de roupa eram arrancadas do seu corpo. As cabines dos caminhões se transformaram em quartos para um sexo mecânico. Nunca soube o que é um orgasmo.