O Universo das cervejas artesanais em Vitória da Conquista

Por Mariana Kaoos

Queridos, bom dia, boa tarde, boa noite. O papo de hoje é direcionado para os que têm sede de conhecimento, bem como, para os que podem vir a ter. Digo, já imaginaram como seria vivermos num mundo em que não houvesse a preciosidade do saber? O que poderíamos chamar de desenvolvimento, de fato, se não detivéssemos o arcabouço cientifico, cultural e assim por diante? Certamente que seriamos sociedades rudimentares, vivendo um dia após o outro, como se não houvesse amanhã.

Bom, para o nosso suspiro aliviado não somos assim. A compreensão da necessidade do conhecimento remonta desde o surgimento do homem na terra, que sempre procurou compreender e traduzir o meio em que se insere através de mitos, descobertas, progressos. Isso em todas as instâncias. Tudo bem que algumas descobertas se deram de maneira espontânea, outras forçadamente induzidas pelo apelo de várias forças históricas e de sobrevivência, mas isso agora não importa. O que vale aqui é o arsenal de informações que acumulamos ao longo de todos esses séculos.

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Aí você pode parar e me perguntar para quê e para quem serve isso tudo!? Como o tema é complexo, poderia circunscrever conceitos como disputa de poder, dominação, hegemonia e por aí vai. No entanto, não é esse o intuito da matéria. Então, de forma bem simplificada e, por vezes, até mesmo inocente, vos afirmo que o conhecimento contribui para que alcancemos um estágio racional cada vez mais amplo acerca de quem somos e de como a sociedade e o universo se descortina ao nosso redor.

Posto isso, posso entrar de uma melhor maneira no assunto da vez: Aconteceu na noite desse último sábado, 10, um workshop de Harmonização de Queijos e Cervejas, lá na Cervejaria Mata Branca. Comandado pelo beer sommelier, Vinício Carvalho, e contanto com um total de nove participantes, o espaço, além de proporcionar sabores inigualáveis ao paladar, ofereceu também saberes riquíssimos sobre algumas singularidades do queijo (que, acreditem, vai muito além do que o mozzarella que compramos no mercado) e da cerveja que além de ter escolas, tem estilos diversos e rótulos mundo a fora.

Para quem não sabe, parece até lorota, mas não é não. Achei tão interessante como se deu a descoberta do queijo e da cerveja que vou contar aqui para vocês: há mais de 10 mil anos A.C. o queijo surgiu na região do Crescente Fértil (Egito, Jordânia, Líbano, Israel, Síria e Iraque). Conta-se que um homem foi viajar a cavalo e colocou leite num cantil, feito com couro de animal. A viagem se deu com um sol de lascar e galopes incessantes nas areias quentes do deserto. A sede bateu e o homem foi beber um pouco de leite guardado em seu cantil. Após abri-lo, percebeu que o leite tinha coalhado, por conta do calor e das bactérias do interior do recipiente e, tchanran: descobriu-se o queijo.

Já a cerveja, bom, devemos um grande obrigado aos sumérios por conta da descoberta da cerveja. Ela, a descoberta, se deu ali pela Mesopotâmia, há mais ou menos nove mil anos A.C.. De maneira acidental, ocorreu a fermentação não induzida de algum cereal e, a partir daí, o elixir sagrado passou a ser melhor desenvolvido. Vejam bem vocês, a cerveja sempre foi considerada uma bebida preciosa, reverenciada por diversas civilizações. Até mesmo no Código de Hamurabi, há uma parte destinada às orientações da produção de cerveja, qual casta social poderia bebê-la e assim por diante. Bacana, não?
Bom, o mundo inteiro se rendeu aos fantásticos sabores do queijo e da cerveja e o resto vocês já sabem: O capital passou a olhar para os dois produtos como algo extremamente lucrativo e criou indústrias e mais indústrias de processamento em massa, para desenvolvê-los em grande escala. A cerveja foi padronizada e o queijo também. Foi só a partir da década de 1970 que houve um renascimento de ambos, a partir do regresso ao processo de produção artesanal, lá nos Estados Unidos.

E, desde então, temos visto cada vez mais requinte e qualidade nos diversos tipos e rótulos de cervejas e queijos. Vitória da Conquista, por exemplo, é considerada a cidade mais cervejeira do estado e a produção artesanal não fica para trás. A própria Mata Branca, além de produzir chops, abre espaço uma vez ao mês para a Invasão dos Cervejeiros Artesanais, onde os produtores da cidade apresentam e vendem suas deliciosas bebidas.

E, atendendo a essa demanda cultura que só cresce, Vinício teve a ideia de realizar o workshop que, modéstia a parte, foi divino, maravilhoso. Foram harmonizadas um total de quatro cervejas com queijos e as impressões (extremamente pessoais) vocês conferem aqui:

– Cerveja Timmermans com Queijo Brie: A cerveja é frutada e contém notas de pêssego nela. Extremamente refrescante. Sua coloração é alaranjada. Seu aroma não fica por menos no requinte. Já o queijo brie é originário da França e suas primeiras produções é datada de 800 D. C. . ele é bem cremoso e possui uma casca branca aveludada. Como ele combina com geleias e frutas, casou perfeitamente com a cerveja Timmermans, por conta das notas de pêssego.
Harmonização: Nota 9

kastel

– Cerveja Kasteel Tripel com Queijo Emmental: Sobre a cerveja eu, particularmente, não gostei. Achei ela extremamente forte (teor alcoólico de 12%) e amarga. Ela tem a cor dourada e pertence ao estilo Belgian Tripel. Já o queijo emmental é aquele dos desenhos animados que contem buracos dentro, lembraram? Sua cor é amarelada e sua consistência é média. Ele é muito saboroso, contudo, foi engolido pelo sabor da cerveja, muito mais marcante.
Harmonização: Nota 8

smoked

– Cerveja Smoked Porter e Queijo Provolone: Apesar do amargor alto, a cerveja é deliciosamente saborosa. Sua cor é escura e seus aromas passam por chocolate, café e caramelo. Já o queijo escolhido, o provolone, nunca me agradou muito pelo excesso de sal, contudo, harmonizou perfeitamente com a cerveja, proporcionando um terceiro sabor que só experimentando para saber.
Harmonização: Nota 9,5

– Cerveja Dama Reserva Nº 6 com queijo Gorgonzola: Meu deus, o que dizer dessa harmonização que mal provei, mas já estou apaixonada? A Dama Reserva é uma cerveja nacional e limitada. Ela é maturada em barris de carvalho e de umburana e possui a cor marrom escura. Tem aroma de coco, quebra queixo e caramelo. Seu teor alcóolico é de 10,5% e ela é pertencente à família Ale. Já o gorgonzola possui um sabor extremamente acentuado, ou seja, é preciso consumi-lo em quantidades moderadas. A harmonização do queijo com a cerveja é versátil e riquíssima em sabores. Sem sombra de dúvidas, essa é a que mais vale a pena provar.

Harmonização: Nota 10.



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