Opinião: Impedimento da cultura? Fecharam o Aquariuus

Por Vilmar Rocha – Colunista do Blog do Rodrigo Ferraz

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É noticiado na imprensa local que o Aquariuus Gourmet, que fica na rua Chile, foi novamente interditado. A interdição foi motivada por denúncias do Movimento Contra a Morte Prematura, apesar de cumprimento das medidas do TAC (Termo de Ajuste de Conduta), segundo a Revista Gambiarra.

Bom, vamos ao que tenho a escrever:

Sou um típico libriano e, por isso, detesto baixaria. Me sinto bem em Aquariuus justamente pelo viés requintado, pela comida com história e pela leveza do lugar. Já estiveram lá? Repararam na decoração? Tudo colocado com muito cuidado e (des)harmoniosamente disposto: o vintage misturado ao contemporâneo. Reclinar-se sobre a decoração ao som da música que eles oferecem é igualmente fazê-lo sobre uma obra de arte.

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Sobre as acomodações, tenho a dizer que você pode se sentir em um restaurante e sentar-se à mesa ou ainda impregnar a ideia de um bar e sentar-se no balcão. Ele fica do lado de fora e o bar em si não está ali, mas você sente como se estivesse.

É fato que, como em qualquer lugar, as pessoas ficam na calçada e ocupam parte da rua, mas, pelo que tenho visto, ficam ali na frente do bar. Faz parte da cultura do lugar, os clientes e amigos transitarem em uma entra e sai no intuito de socializar e se divertir. Lembro: sem baixaria. Amizades são feitas na fila do banheiro que é respeitosamente obedecida.

O atendimento? As pessoas são educadas e não tem a aparência de garçons. Não há uniformes e não é algo mecanizado do tipo: “qual é o seu pedido?” É como se você estivesse sendo recebido por amigos e eles fazem questão de te servir, e particularmente, eu adoro essa ideia.  Estou, de fato, para ver outro lugar em Conquista que me faça deleitar de uma só vez em todos esses aspectos.

Nunca vi no Aquariuus nenhum tipo baixaria ou esse som que faz apologia ao crime ou ao sexo, que tanto agrada às massas, o que prova que o público do estabelecimento é restrito. Não pela imposição, mas por aquilo que o bar oferece.

Noto, porém, que apesar da restrição de público, vejo a diversidade exposta em seus clientes. Lembra do que trarei sobre a diversidade e a pacificidade em apenas um lugar? Pois bem, lá se vê posições-sujeitos distintas em perfeita harmonia.

Esse fato ocorrido, então, obviamente, vai de encontro à cultura da cidade, e eu a digo no sentido de hábitos, pensares, ideologias e atitudes de seus habitantes, visto que Conquista se orgulha de ser uma cidade cosmopolita, acolhedora e assistencialista, já que é referência no estado em saúde e educação. E por que não dizer em cultura?

Lembro que todos os anos, Conquista recebe milhares de estudantes de todos país para se formarem aqui e diariamente, atende outras centenas de pessoas da região em seu referenciado polo de saúde.

Portanto, me estranha o que foi noticiado, se tomarmos por base todo o contexto de Conquista que também vem se firmando em opções diversificadas de lazer. Afinal, não só de pão vive o homem.

O que me preocupa é que isso [a interdição] me parece um leve reflexo do triste contexto nacional atual no que diz respeito à imposição de interdição daquilo que uma fatia das classes não é concordante.

Acredito, por fim, que precisamos ter cuidado e ficar atentos para que a nossa jovem democracia não seja marginalizada e que a capacidade de negociação e a busca pelo bem comum é nata do homem e ela precisa ser praticada, afinal, o diálogo deve sempre imperar!

*Vilmar é licenciado em Letras pela Uneb e professor de português, como idioma vernáculo e inglês, como língua adicional. É pós-graduando em Ensino de Línguas Mediado Por Computador pela UFMG e Mestrando em Letras: Cultura, Educação e Linguagens na Uesb. Também é Administrador e Especialista em Gestão Empresarial e já trabalhou na gestão de contratos e desenvolveu projetos socioambientais.



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