A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou nessa segunda (19), Audiência Pública em homenagem ao Dia do Professor, comemorado em todo dia 15 de outubro. A iniciativa foi dos vereadores Coriolano Moraes (PT), que presidiu a mesa, Irma Lemos (PTB), Júlio Honorato (PT), Arlindo Rebouças (PROS), Florisvaldo Bittencourt (PT) e Ademir Abreu (PT).
A mesa foi composta pelo Pastor e professor, Sinvaldo Queiroz; pelo Presidente do Conselho Municipal de Educação, Edgard Larry; representando o Diretor do Núcleo Regional de Educação (NRE), Cláudia Roberta Silva; a Presidente do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista, Geanne de Cássia Nascimento; o representante da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Genivan Neri; representando a secretaria da educação, Jocelma Gusmão; representando os professores da rede estadual, Naiara Oliveira Vasconcelos, representando os professores da rede municipal, Ronilson Ferreira; o Presidente da Mantenedora da Universidade Fainor em Vitória da Conquista, Raimundo Vianna; representando o prefeito municipal, a secretária municipal de finanças e execução orçamentária, Mércia Cristina Andrade Dias.
Participaram da Audiência os vereadores Coriolano Moraes (PT); Irma Lemos (PTB); Antônio Ricardo Pereira, Ricardo Babão (PSL); Ademir Abreu (PT); Florisvaldo Bittencourt (PT); Edjaime Rosa Bibia (PSDB); Arlindo Rebouças (PROS); e Luciano Gomes (PR).
No evento foi observado um minuto de silêncio em homenagem ao Professor de Matemática Jarbas Lacerda, conhecido como Jarbão, morto ontem (18). Também foram homenageados vários docentes com a entrega de uma rosa. A artista Daniela Alves participou cantando músicas, dentre elas, o hino de Conquista e Aquarela.
O presidente da Mesa, Coriolano Moraes, Professor Cori, (PT), agradeceu a presença de todos e parabenizou a todos os professores pelo seu dia. Ele pediu ajuda no sentido de “construir essa teia, que é a educação, que não é tão simples. A educação é complexa. Mas é possível fazer”. Solicitou uma participação maior e com colaboração. “Não adianta querer exigir daquilo que nunca contribuimos. Precisamos agregar de forma significativa e mútua, as inteligências, os esforços”. Destacou que uma receita pronta não tem. Cada um colabore, ajude a construir, levar as propostas”. Coriolano destacou que “O importante é que a semente plantada está dando frutos”. Reforçou a importância do momento, e apresentou que há projetos de Lei que está apresentando na CMVC para tornar o Dia do Professor uma data obrigatória na Câmara e outro para ampliar a discussão sobre o ensino.
O Professor e Pastor Sinvaldo Queiroz iniciou seu pronunciamento agradecendo o convite. “Sou marcado pela vida de grandes professores”, parabenizando sua sogra, Dona Diva, “mulher guerreira e inspiradora”. Destacou em sua fala, a pessoa de Jesus Cristo, o “Mestre dos Mestres”. Explicou que se trata do Deus encarnado, que assumiu a forma humana para ser um Mestre cheio de graça. Ele deixou claro ao lavar os pés dos discípulos que era Senhor e Mestre. “Ato de humildade, de cuidado, um toque na história daqueles que andaram com ele. Aqueles que viram e ouviram deveriam agir daquela maneira”. Destacou há modelos vivos, representativos e simbólicos. “Nós ensinamos mais pela prática da vida do que pela teoria”. O pastor explicou que o professor vai ao encontro da história dos alunos e assim “pontecializarmos para o caminho da vida, dignidade e humanidade. Devemos falar de humanidade olhando para Jesus”. Para ele, o professor exerce a profissão por vocação. “Professor conserta gente. Gente consertada, conserta o mundo”.
Desafios devem ser compartilhados – O presidente do Conselho Municipal de Educação, Edgard Larry, parabenizou a CMVC pela iniciativa, que considerou um momento especial: “Não foi surpresa saber que a indicação partiu de um professor, o nosso vereador Professor Cori, apoiado pelos demais vereadores”. Larry cobrou a presença de mais vereadores na audiência. “Seria muito bom que outros vereadores também estivessem honrando o nome dessa Casa e, acima de tudo, prestigiando um evento como deste jaez”, disse. O presidente ressaltou que os desafios encontrados ao longo da profissão de educador devem ser compartilhados. “São desafios que devem ser do conhecimento de todos e com a participação todos contribuindo para que tenhamos uma condição melhor”, falou.
Em nome do Conselho de Educação, parabenizou todos os professores do município. “O Conselho tem uma missão grandiosa de acompanhar, deliberar, fiscalizar. Mas, também de construir processos para que os professores possam ser valorizados, respeitados e também dignificados no exercício do seu mister”, explicou. Em sua fala, Edgard Larry ainda leu a Oração do Professor, uma forma também homenagear os educadores pelo seu Dia.
A representante do núcleo regional da educação, Cláudia Roberta Silva, disse que o “professor tem uma missão em transformar informação em conhecimento e o conhecimento em experiência”. Reforçou que ser professor é mais que uma missão, “é uma vocação”. Ela acredita que também há uma aprendizagem constante. “Todo dia é o nosso dia. Às vezes não sabemos a força que temos”. Aproveitou a oportunidade para convidar aos professores presentes, “que juntos protagonizemos a construção da base comum nacional curricular. Vamos entrar no site do Ministério de Educação, cadastrar e vamos dar a nossa contribuição, que represente os nossos anseios e dos educandos”. Parabenizou a todos os professores, pedindo “as bençãos de Deus para cada profissional que dedica os seus dias, aprendendo para ensinar, ensinando para viver e vivendo para educar”.
Educar é exercer o amor-ágape – A presidente do SIMMP, Geanne de Cássia Nascimento, ressaltou o amor-ágape. “O amor tem algumas fases e educar é um ato de profundo amor. Só estando profundamente comprometido com o amor é que nós podemos exercitar o papel de educador”, disse. A educadora falou também do amor porneia, o primeiro estágio desse sentimento: “O amor não nasce ágape. O primeiro, amor no estágio evolutivo, é o amor porneia. É aquele onde o indivíduo consegue amar a si próprio e entende apenas os seus próprios interesses e busca satisfazer as suas necessidades e os seus desejos”. Ela ainda destacou o amor eros que o homem tem pela mulher e vice-versa, “respeitando a diversidade de gênero”. A presidente também explicou o amor philia: “O indivíduo é capaz de amar o outro; já é capaz de ter um olhar para o coletivo; já é capaz de perceber que, assim como é importante se amar, é importante, necessário amar o outro e, num ato profundo de amor, exercer a transformação”. O ápice do amor, segundo Nascimento, é o ágape. “Aquele amor que nos aproxima de Deus e eu ouso dizer que o exercício da profissão, quando feita de forma profundamente amorosa, estimula em todos que estão ao seu redor a lembrança e a sensação do amor ágape”, disse.
O representante da APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Genivan Neri, afirmou que o dia do professor deve ser lembrado como “dia da reflexão da nossa prática em sala de aula, nossa gestão do sistema, sobre os nossos indicadores da educação, aonde chegamos e aonde pretendemos chegar, nossa carreira, arcabolço de leis que regem nossa educação, finanças, recursos que precisam ser bem utilizados. Precisamos resgatar como dia de luta para construir a carreira, melhorar a situação”. Aproveitou a oportunidade para denunciar o que acontece na rede estadual. “Professores que atuam com vínculo precário, prestadores de serviço. Número imenso em quase todos os colégios”. Informou que há atraso de salários e que os professores não tem direito ao que é pago aos demais, como férias e 13º salário”, acrescentando que são submetidos a estrutura de trabalho desumana. Solicitou que a CMVC esteja atenta e esses casos.
Rede Municipal de Educação tem avançado com contribuição dos professores – Jocelma Gusmão, representando o secretário municipal de Educação, Valdemir Dias, destacou a importância da CMVC e agradeceu a homenagem a “uma categoria que precisa, cada vez mais, ser privilegiada, homenageada, abraçada, acolhida e afagada”. A educadora lembrou que possui 32 anos de exercício do magistério, destes, 27 foram dedicados à rede municipal. Gusmão citou detalhes da rede de educação municipal: “Uma rede gigante, composta por mais de 42 mil alunos. Uma rede que tem a maior logística de transporte do nosso estado. Uma rede composta por quase 200 unidades de ensino, algumas distante até 100 km da sede, como é caso de Cercadinho. E os nossos serviços chegam a todas as unidades através do trabalho prestado pelos nossos colegas e companheiros de rede. Uma rede composta por quase quatro mil colegas servidores”, detalhou.
Ela lembrou que quando entrou para a rede municipal a estrutura era precária. “Não tínhamos a estrutura física, de logística e de formação de professores que temos hoje. Temos feito muito. Mas, tem muito ainda por fazer. Um governo sério, como o governo que hoje faço parte, tem contribuído para o crescimento da rede”, disse. Em sua fala, ela ressaltou o papel dos educadores: “Mas a rede tem avançado por conta do trabalho, também, grandioso, belíssimo de cada educador em sua sala de aula. Porque o educador tem o papel de transformador e quando ele faz um trabalho como disse a minha colega, companheira de categoria, professora Geanne, com tanto amor e dedicação, a gente vê a transformação do espaço. Escola não apenas paredes, ela é emoção. E a nossa rede caminha e avança porque ela é parede, ela é chão e é emoção”, disse.
Representando os professores da rede estadual, Naiara Oliveira Vasconcelos, disse que era uma reunião simples, mas de grande significado. “São profissionais cheios de ideais que conseguem concretizar o sonho de muitos”. Ela descreveu que “tudo começa de forma simples, pois choramos a ausência de nossos pais, encontramos alguns conhecidos da rua e, de repente as coisas vão ficando diferentes, começamos a amar alguém que não conhecemos direito, que não é nossa mãe, nem nossa tia. Nossa primeira professora”. Destacou que ao chegarmos na faculdade, “nós pensamos como iguais e nos tratamos assim, sem aquela superioridade do início, poréḿ temos plena consciência da qualidade de ensino e do conhecimento que eles tencionam nos passar”. Frisou que “A escola existe não para ensinar respostas, para ensinar perguntas. Que permite entrar no mar desconhecido amparado pela mão do professor”. Acrescentou que professor é lapidar diamantes”, mesmo em locais sem infraestrutura, lutando pela dignidade e progresso. É o personagem protagonista das escolas. “Além de lecionar, o professor assume compromisso de conduta. Comportamento e atitudes que deverão ser seguidos”. Agradeceu a equipe de professores do Centro Integrado de Educação Navarro de Brito (CIENB), “comprometida com a educação das crianças”.
Figura do professor é fundamental – O professor Ronilson Ferreira parabenizou o Professor Cori pela iniciativa e citou nomes de pensadores desde a Grécia Antiga, como Aristóteles, até o epistemólogo suíço, Jean Piaget, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX e que se dedicou, entre outras áreas, à educação, para destacar a importância do professor. Explicando Aristóteles, defendeu que as leis que são criadas devem levar em conta a dimensão da felicidade: “[Aristóteles] acredita que essa felicidade é ensinada, é aprendida. Defendia que o mundo, ou a nação, não é transformado pelas leis, mas pela educação. Não é a lei que muda a nação. As pessoas precisam ser educadas para a felicidade”. Para Ronilson, “não é possível conceber a execução dessas concepções sem a figura do professor, do mestre. O professor é formador de todas as profissões. Na realidade, não existe profissões sem educação. E não existe educação sem professor”. Ele lembrou que todas as autoridades, seja do setor público ou privado, também foram alunos. “Devemos ser gratos a esses homens e mulheres que estimularam a nossa curiosidade, o nosso intelecto”, detalhou.
O Presidente da Mantenedora Faculdade Fainor em Vitória da Conquista, Raymundo Vianna, afirmou que é professor há 52 anos por opção. “Nada me levara a outro lugar”. Disse ser “fruto da escola pública até a Universidade Federal Bahia (UFBA) onde cursei letras”. Salientou a importância do ensino fundamental, a base sólida. Sobre a paralisação da UFBA, questionou “será que levamos a sociedade refletir porque paramos?” Para ele é bom receber o reconhecimento, o carinho que estava sendo demonstrado na Audiência, “temos sido ombro de muita gente, mas as críticas e sugestões são bem recebidas”. Raymundo explicou que há instituições com suas portas fechadas a grande parcela da comunidade como o teatro, ou o cinema. “São portas para não entrarmos, pois são caros”. Explicou que a porta da escola é a “porta para não sair”. Indagou sobre “que educação queremos?”. Raymundo afirmou que irá sair da sala de aula “quando o Criador me levar”. Ele é esperançoso, mas “a aflição da classe dói. Muitos são insensíveis, mas tem aqueles com sensibilidade a aflição”. Finalizou considerando que “uma nação se faz com homens e livros. Se não educarmos o povo não teremos ninguém. Temos que fazer nossa parte. Educar é o compromisso mais responsável da humanidade”.
