Polícia mata um e prende outro suspeitos de sequestrarem cabeleireira conquistense

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Damião foi morto durante troca de tiros com a polícia  na casa da namorada (Foto: Divulgação/Draco)
Damião foi morto durante troca de tiros com a polícia
na casa da namorada (Foto: Divulgação/Draco)

Damião dos Santos, conhecido como Dan, de 42 anos, acusado de liderar a quadrilha que sequestrou a cabeleireira conquistense Arlethe Patez em julho deste ano, foi morto na noite desta sexta-feira (21) em uma troca de tiros com policiais civis no bairro da Engomadeira.  Além de Damião, a polícia conseguiu localizar e prender José Evandro de Oliveira, 37, em Pernambués.

Segundo o delegado Cleandro Pimenta, do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Damião estava escondido na casa alugada há cerca de 15 dias pela namorada. Na noite de ontem,  por volta das 22h30, a polícia seguiu a mulher e chegou até o imóvel onde o suspeito estava morando. “Não teve conversa, quando ela entrou, o pessoal forçou a porta antes dela fechar. Ele já percebeu o motivo porque ela gritou e atirou”, explicou Cleandro.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Houve uma troca de tiros dentro da casa e Damião foi alvejado duas vezes no quarto. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Roberto Santos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.  Oito policiais participaram da operação. Ainda de acordo com a polícia, a namorada do suspeito não tem participação no sequestro. “Ela soube do que aconteceu. Ele (Dan) pediu pra ela alugar essa casa enquanto a mãe dele, no Rio de Janeiro, mandava dinheiro para fugir”, disse o delegado.

Antes de ser morto pela polícia, Dan estava em Valença. Quando soube que a cabeleireira foi resgatada, veio para Salvador, com o intuito de voltar para o Rio de Janeiro. Com ele foi encontrada uma pistola 765. Além do mandado de prisão pelo sequestro da empresária, Dan estava sendo procurado no Rio de Janeiro por outro sequestro e um homicídio.

Damião dos Santos nasceu no Vale do Jiquiriçá, região Centro-Sul do Estado. Lá ele começou a praticar crimes e logo depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde deu continuidade à atividade criminosa. Já procurado pela polícia, ele retornou para a Bahia e passou a morar no município de Presidente Tancredo Neves, no Sul. Dan se envolveu com tráfico e passou a vender drogas fornecidas por Jorge Bocão, de Valença. Foi em Presidente Tancredo Neves que ele conheceu José Evandro.

Segundo Cleandro Pimenta, José Evandro tinha parentes no município, mas morava no bairro de Pituaçu, em Salvador, na mesma rua que o PM Solemar Alves Campos, 41 anos, apontado como um dos líderes da quadrilha e preso na última quarta-feira (19).

José Evandro estava sentado em uma pastelaria, no bairro de Pernambués, quando foi preso pelos policiais do Draco. Ele não resistiu. De acordo com as investigações, foi ele quem abordou Arlete sob a mira de uma arma e forçou ela a entrar no carro.

Mentor do crime já está preso no Batalhão de Choque da PM
O soldado Solemar Alves Campos, 41 anos, entrou na Polícia Militar da Bahia há 10 anos. De acordo com os valores da corporação, ele deveria atuar com o objetivo de evitar delitos no estado e na cidade, antes que eles sejam cometidos. No entanto, era o próprio  PM quem estava dando trabalho aos colegas.

Lotado na 41ª Companhia Independente (CIPM/Federação), o soldado é acusado de ter sido um dos mentores do sequestro. Dona do salão Rive Gauche, que fica no Costa Azul, Arlethe estava saindo do estabelecimento quando foi sequestrada, no dia 22 de julho.

Solemar foi preso na sede da 41ª CIPM, por policiais do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e da Corregedoria da Polícia Militar. Além de Solemar, também foram presos outros dois homens, acusados de participar do crime: Andresson Lopes de Oliveira, 35, que é companheiro de uma funcionária do salão da vítima, e Filipe Assis Lima, 21.

“Essa quadrilha tinha duas ramificações: uma em Salvador e outra em Valença (Sul da Bahia). Solemar era o responsável pela quadrilha aqui, e Damião dos Santos, em Valença. Eles foram os articuladores do sequestro”, contou o delegado Cleandro Pimenta, do Draco.

Até agora, foram identificados 13 componentes do bando. Já foram presos o ex-pastor e mototaxista Manoel Cândido da Paz, 46 anos, Inael Moura de Jesus, 29, conhecido como Baby, Andresson Lopes de Oliveira, 35, que é companheiro de uma funcionária do salão da vítima, e Filipe Assis Lima, 21, e José Evandro de Oliveira, 37. O sétimo suspeito, Damião dos Santos, está morto.

O delegado disse que não ficou surpreso quando soube que um policial estava envolvido com o sequestro. “Infelizmente é uma prática comum. A presença de policiais envolvidos no crime não é mais surpresa para a gente”, afirmou.

Informante
Apesar de Solemar e Damião terem sido os idealizadores do sequestro, a escolha da vítima ficou a cargo de Andresson, conhecido como Gordo. Era ele quem passava informações sobre a rotina do salão. “A mulher dele é cabeleireira e trabalhava lá desde abril, mas não temos nenhuma prova contra ela ainda”, afirmou o delegado Pimenta.

Andresson foi, inclusive, o primeiro dos três a ser preso, na noite de terça-feira (18). Policiais do Draco o aguardavam, quando ele chegou para buscar a mulher no salão, por volta das 18h. “Ele estava na moto. Ela está grávida de cinco meses, disse que não tinha conhecimento, mas não podemos falar o nome dela”.

Na quarta-feira, foi a vez de Solemar. Nesse mesmo dia, o corregedor-adjunto da PM, tenente-coronel Josemar Pereira Pinto, recebeu uma ligação do delegado Pimenta, dizendo que já estavam com o mandado de prisão preventiva do soldado em mãos. Isso porque, em casos de crimes envolvendo PMs, é a Corregedoria quem deve fazer a prisão.

“De imediato, eu procurei o serviço reservado para que fosse até o delegado e ajustasse como eles iriam efetuar a prisão do soldado. Liguei para a companhia, que me informou que ele (Solemar) estava lá. Disse para manter ele lá, que uma guarnição nossa estava a caminho porque tinha uma situação um pouco atípica. Então, a guarnição fez a prisão com o delegado”, contou o tenente-coronel.

Através da assessoria, a PM informou que um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) será instaurado para apurar o caso. O soldado já respondia a um PAD por tráfico de drogas, em 2013, registrado na área da 20ª CIPM do interior (Santo Amaro).

Por conta disso, de acordo com o comandante da 41ª CIPM, major Mário Ferreira da Silva, Solemar sequer tinha uma arma no trabalho com a corporação. Ele também não trabalhava mais na rua – fazia serviços internos, apenas na área administrativa.

“A polícia tem esse cuidado. Como ele já respondia um processo por ter sido flagrado com arma e drogas, jamais iríamos colocá-lo para trabalhar na rua”, garantiu o major, que assumiu a companhia no final de 2013. Nessa época, Solemar já estava lotado lá.

Ainda assim, o comandante diz que não tem queixas do trabalho do soldado. “O que eu posso dizer é que ele era disciplinado. Ele não cometeu transgressão disciplinar, ele cometeu crime, que se comete em momento de fuga. É uma coisa escondida e foi descoberta através de investigação policial. Lá (na companhia), ele não dava trabalho, até porque, se desse, pelo nosso regimento, ele responderia”.

De acordo com o corregedor-adjunto, ele só continuava na 41ª porque o PAD de 2013 ainda não foi concluído. “Temos muitas demandas e, às vezes, um processo se arrasta, por mais que se busque celeridade, pelas artimanhas que são colocadas pelos advogados”, explicou.

Ladrão de carro
O último a ser preso, em Pernambués, foi Filipe. Enquanto Andresson e Solemar negam qualquer participação no crime, segundo a polícia, o mais jovem teria admitido. Porém, ele diz que fez parte apenas do roubo do carro utilizado para sequestrar Arlethe, crime que teria acontecido cerca de uma semana antes. Morador de Pituaçu, assim como os outros dois, Filipe teria recebido R$ 500 de Solemar.

“Ele confessou que roubava carros, mas nunca tinha sido preso”, contou o delegado Cleandro Pimenta. Tanto Filipe quanto Andresson serão conduzidos à Cadeia Pública nos próximos dias.

Ao contrário dos dois acusados que foram presos no início do mês, nenhum dos três presos essa semana chegou a ter contato direto com a vítima. No dia do sequestro, Arlethe estava saindo do salão com uma funcionária, quando foi abordada por três homens em um Gol prata. “Quem levou ela foi Damião, o pastor preso (Manoel Cândido) e uma terceira pessoa chamada Vando (José Evandro)”, disse Pimenta. De lá, Arlethe foi conduzida ao casebre com dois quartos e uma sala, sem banheiro, onde ficou por 11 dias, sob a vigilância de Inael. Fonte: Correio 24 Horas



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