Luiza Audaz e Trio Curimã homenagearam Gal Costa no Café Society; saiba como foi o show!

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Por Mariana Kaoos – Especial para o Blog do Rodrigo Ferraz

Foto: Mariana Kaoos
Foto: Mariana Kaoos

Há exatos cinquenta anos, uma luz azul descia de cima do palco e iluminava os longos e cheios cabelos de uma menina que estava só começando a trilhar o seu caminho. Ela, que já era predestinada a tal desde quando estava na barriga de sua mãe*, trazia na pele um adjetivo que iria lhe marcar para o resto da vida. Ela era fatal.  E, assim sendo, foi crescendo no que sabia fazer. Sua voz, que mais parecia de sereia, causava uma espécie de torpor em quem ouvia. Sua beleza também provocava frisson e a sua personalidade então, nem se fala. A menina se tornou mulher e além de fatal virou profana. Foi eleita a musa de um dos mais importantes movimentos musicais da história do país** e hoje, passadas cinco décadas, ela é referência mundial e tida como uma das principais cantoras brasileiras. Gal Costa é estratosférica, cheia de recantos, fonte de inspiração de uma gama de novos artistas do porvir.

E foi exatamente Gal a homenageada na noite de ontem, 29, num belíssimo show realizado no Café Society, em Vitória da Conquista. No palco do Café também havia uma luz azul que estava a iluminar os cabelos, dessa vez lisos e compridos, de uma nova e intensa cantora da região. Seu adjetivo próprio é a audácia. Contudo, cheia de referências e pequenos detalhes, tomou emprestado as outras duas características da sua musa. Na noite de ontem, Luiza Audaz encarnou a própria profana e se mostrou fatal ao público que foi prestigiar a sua apresentação.

Foto: Mariana Kaoos
Foto: Mariana Kaoos

Acompanhada do Trio Curimã, grupo de compositores instrumentistas formado por Davi Brandão, Eric Lopo e Kayque Donatto, Luiza iniciou o show mostrando que ouviu “aquela canção do Roberto”. “Como Dois e Dois” abriu a noite, exatamente no horário proposto para começar, às 21 horas. Nesse momento, no entanto, o público não havia chegado ainda por inteiro, já que é de costume em todo o estado da Bahia o atraso de, no mínimo, meia hora, para o começo dos espetáculos artísticos.

Ponto positivo para o Café Society, Luiza e Trio Curimã. A platéia “das 21 horas” já estava ávida, esperando que as grandes revelações da noite se dessem a partir do momento em que o show começasse. E assim foi. Vinda de Jequié para assistir a apresentação, a estudante de artes cênicas Ana Barroso afirmou que Luiza está no caminho certo e muito bem acompanhada. “Luiza tem um trabalho autoral incrível, mas ela ter optado por se apresentar a partir de uma releitura da obra de uma grande referência musical foi uma atitude humilde de mostrar a sua própria potência. O primeiro passo ela já deu, que foi acreditar. Agora, tanto ela como o Trio só tendem a evoluir nas suas próximas apresentações”, comenta.

Foto: Mariana Kaoos
Foto: Mariana Kaoos

Muito à vontade no palco, Luiza e o Trio Curimã trouxeram ao público uma nova roupagem para a obra de Gal Costa. Os arranjos das músicas, em grande parte, foram modificados. “Vapor Barato”, por exemplo, foi apresentada em Dub. O guitarrista da noite, Davi Brandão disse que isso foi decidido nos ensaios, com o intuito de poder mostrar não só Gal, mas um pouco de cada um deles. “Colocar novos arranjos, incorpora-los à voz de Luiza, foi algo totalmente intencional porque a gente também quis se mostrar nessas músicas, nessas composições”. Luiza complementa afirmando que se propor a fazer uma releitura da obra de alguém é poder modifica-la  e trazê-la para o universo de quem irá cantar. “Gal é uma grande referência para mim. A minha obra dialoga com a dela e eu me sinto muito livre para me colocar nessas músicas a partir da minha percepção e do que elas me despertam”.

Na metade da noite o Café Society já estava cheio, com todas as mesas ocupadas. No palco vermelho e pequeno, que de acordo com alguns da platéia fazia alusão aos palcos dos pubs londrinos, Luiza e Trio Curimã seguiam o show mostrando um estudo aprofundado sobre a obra de Gal. “Sorte”, “Meu Bem Meu Mal”, “Tigresa”, “Luz do Sol” e “Vaca Profana” foram algumas das canções escolhidas por eles. A música “Mal Secreto” teve um convidado especial, Fillipe Sampaio, que também mostrou a força da sua presença em palco bem como de sua voz. Seu segredo, é que assim como na canção, ele é “um rapaz esforçado”. Fillipe e Luiza trocaram olhares de cumplicidade durante todo aquele momento e se despediram com um longo e bonito abraço.

Na sequência, Luiza deu uma pequena pausa do repertório de Gal e apresentou sua música “Hora do Chá”. Esse foi o ponto alto da noite. Ao contrário do que se supunha, grande parte do público cantou junto, demonstrando que não só conhecia como admirava e acompanhava o trabalho da cantora. Fã número um, como gosta de se intitular, a publicitária Jose Amaral, foi uma das mais empolgadas ao ouvir as músicas de Luiza. “Quero logo um show deles só com as músicas autorais. Eu conheci Lu aqui mesmo no Café e me apaixonei pela “Hora do Chá”, que é aquela música chiclete que fica na cabeça o tempo todo. Mas várias outras como ‘Menino Blue” e “Sambou em Mim” são muito boas”.

A apresentação chegou ao fim por volta das 23 horas e foi muito aplaudida e reverenciada pelo público presente. Ao cumprimentar os artistas da noite, a produtora cultural, Ana Claudite, estava com um sorriso estampado no rosto pelos momentos experienciados que tinha acabado de ter. De acordo com ela, “é possível encontrar traços de Luiza e dos meninos nos trabalhos autorais, mas também nessa releitura de Gal. Então, pra mim, ambas as propostas tem o mesmo valor e hoje foi uma noite linda, cheia de audácia”.

Para quem conferiu a apresentação ficou uma certeza: o Café Society é um lugar aconchegante e Luiza e o Trio Curimã os mais novos destaques da música conquistense. A junção prazerosa desses dois fatores resultou em apenas uma expressão nos lábios dos que se despediam da noite de ontem: FA-TAL!



Cultura, Vitória da Conquista

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