Resistência Junina

mundo vet

Por Marcísio Bahia

Marcísio Bahia é colaborador do Blog do Rodrigo Ferraz
Marcísio Bahia é colaborador do Blog do Rodrigo Ferraz

Difícil de dizer o que mais encheu meu peito de alegria, na morna noite de junho à Praça 9 de Novembro lotada, no centro de Vitória da Conquista. O encontro de músicos magistrais em torno do Festival de Forró Pé de Serra do Piripiri, como se ali fosse o nosso Panteão da Caatinga. Ou, quem sabe, a magia de testemunhar a resistência de uma tradição que por aí afora teimam em desvirtuar,mas que em minha adorada cidade acontece a fina flor da melhor música junina, para deixar os queixos caídos, ao aroma inconfundível do amendoim cozidoe do quentão.

A edição deste ano do Festival supera todas as mais otimistas expectativas. O nível dos concorrentes é quase inacreditável. Grandes nomes regionais, artistas profissionais que já conseguiram seu espaço no país, concorrendo com músicas autorais, em arranjos refinados, como se a cada apresentação um novo show a despertar dentro da gente a vontade de voltar a ser criança e correr em volta da fogueira.

O público não se satisfez em ficar na passividade da assistência. Torcidas organizadas, muitos casais dançando coladinhos, e mais um tanto de gente arrastando o pé, da criança ao mais velho. Teve momentos que pareceu a praça inteira dançar em um só ritmo, no arrojado rasgo do fole da sanfona que ponteava todas as músicas concorrentes.

O cronista se rendeu à paixão, jogou a imparcialidade em um canto qualquer. Mas, amigo leitor, reflita comigo como andam esses festejos juninos na grande maioria das cidades nordestinas, onde a inocência ou incapacidade dos organizadores denigrem a festa popular, contratando atrações genéricas apoiadas por uma mídia que tem interesse em matar as nossas mais enraizadas tradições, aquelas que fazem do sertanejo “antes de tudo um forte”.

Em Conquista, a sensibilidade de artistas à frente da organização, a exemplo de Nagib Barroso e Carlos Moreno, solidificam a proposta de nosso São João ser festejado com base nas mais ricas tradições, onde o forró pede bênção aos eternos mestres Luís Gonzaga e Dominguinhos, mantendo uma qualidade sonora de encher a audição de prazeres que falam direto com os nossos corações.



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