Filmes Inesquecíveis: O Rei Leão

parque logistico

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

leão

Expressar em palavras, minhas opiniões, sentimentos e interpretações sobre O Rei Leão é algo, inicialmente, muito difícil para mim, por isso já peço desculpas se empolguei demais e deixei o texto muito longo. Em certa ocasião conversando com um amigo, ele me perguntou: No seu top 10 você não colocaria nenhuma animação? Eu respondi que animação era uma lista a parte, mas, essa primeira vez que estou divulgando meu Top 10 então tem que ser uma lista definitiva. Quando o filme chegou aos cinemas pela primeira vez em 1994 eu tinha onze anos, Lembro que foi a primeira vez que vi uma longa fila na porta de um cinema e a sala lotada. O filme conta a história do pequeno leão Simba que sonha com o dia em que irá se tornar rei, herdando o trono de Mufasa, seu pai e atual rei da Pedra do Rei. Apesar de corajoso, Simba é cheio de dúvidas e temores e vive sob a sombra de seu pai, esperando um dia ser um grande rei como ele. Ao ver suas chances de se tornar rei eliminadaspor causa do nascimento de Simba, Scar, irmão de Mufasa, arma uma maquiavélica trama para tirar o irmão e o sobrinho de seu caminho. Ao se ver culpado pela trágica morte de Mufasa, Simba foge das Terras do Reino e encontra em seu caminho dois grande amigos, um javali chamado Pumba e um suricate chamado Timão, que lhe ensinam uma nova filosofia de vida para esquecer seus problemas (HakunaMatata).

Por falar em Scar, que vilão da Disney conseguiu superar sua perversidade até hoje? O irmão do grande rei, tomado pela inveja e sede de poder, é capaz de armar um complexo plano com a ajuda das hilárias, porém malvadas, hienas, para matar o próprio irmão e sobrinho. Como o próprio Scar confessa no início do filme, ele não possui nenhuma força muscular, mas sua inteligência, malícia e lábia são o suficiente para conseguir tirar todos de seu caminho até o trono. A morte de Mufasa choca e emociona até hoje até mesmo os fãs que já assistiram ao filme milhares de vezes. Eu mesmo não pude deixar de me emocionar ao ver o pequeno Simba chorando e implorando pro falecido pai acordar depois da épica e tensa cena da debandada da manada me lembra meu pai. Uma curiosidade interessante é que a morte de Mufasa é a primeira morte que realmente é mostrada ao expectador dos filmes Disney. Antes, a morte era retratada de forma indireta ou metafórica, como a morte da mãe de Bambi.

A qualidade da animação também merece destaque. As cores vivas e alegres do filme saltam aos olhos do expectador durante toda a história, desde os momentos de alegria e música até as cenas mais sombrias com Scar ou no clímax por exemplo. Outro fator interessante é que, depois de Bambi, O Rei Leão é o primeiro filme a retratar os animais de acordo com sua forma física real (diferente do que foi feito em Robin Hood, por exemplo), além da rotina dos personagens, muito relacionada com a realidade dos animais de verdade.

Se comparado aos outros clássicos Disney, O Rei Leão tem a história que mais foge do estereótipo de “princesa/donzela indefesa que é vítima de uma trama maligna e é salva pelo heróico príncipe para viverem felizes para sempre”. Apesar de ter a presença do vilão que arma contra o mocinho, de existir o romance entre o mocinho e a mocinha e de tudo terminar bem no final, O Rei Leão nada mais é do que um filme sobre a jornada interna de um herói cheio de dúvidas, medos e questionamentos sobre a vida e sua personalidade.

A própria abertura do filme já é um exemplo do quão profundo e metafórico é o filme. Toda a história e processo de amadurecimento de Simba, nada mais é do que apenas uma parte do grande ciclo da vida que é representado no longa. Aspectos da personalidade, trama e atitudes dos personagens servem como um grande exemplo para nós, expectadores. Talvez esse lado mais filosófico da história venha da clara influência que o filme tem da obra de Shakespeare, Hamlet. O que importa é que O Rei Leão é um filme que nos leva a refletir sobre nós mesmos e sobre nossas vidas.

Quantas vezes na vida buscamos o caminho mais fácil e fugimos de nossos problemas e responsabilidades simplesmente porque eles são difíceis ou dolorosos demais para serem enfrentados? Quantos de nós tivemos ou temos medo de crescer e defender o nosso próprio reino? Todos esses questionamentos que a história de Simba levanta foram um retrato de muitos momentos e fases da minha vida. Eu sempre me identifiquei com Simba: desde pequeno, com seu modo de viver brincando e buscando sempre algo novo, até mais velho, com medo de assumir suas responsabilidades e sua própria vida. Eu passei por todas as fases de aprendizado e amadurecimento que Simba passou, e seria prepotente se disse que já amadureci como ele. Eu ainda sou Simba. E ainda estou aprendendo meu lugar no ciclo da vida. Tenho certeza que a mesma coisa acontece com muitos de vocês.

Depois de 20 anos desde que vi O Rei Leão pela primeira vez, já tive muitas interpretações diferentes desse filme. Mas ele nunca deixou de ser minha animação favorita e muito menos deixou de ser importante na formação do meu caráter e na minha forma de pensar e agir. É aprender e reaprender com Simba. É jamais esquecer quem eu sou. E principalmente jamais esquecer que eu, você, todos nós, temos um papel nesse grande ciclo sem fim.



Artigos, Educação, Vitória da Conquista

Comentário(s)