Conquista está entre os 100 municípios com mais de 50 mil habitantes com as maiores taxas de homicídios de negros na população jovem

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Por Juraci Santana

negra

No próximo dia 20 de novembro será o Dia Nacional da Consciência Negra. Porém, os motivos para comemorar são poucos. De acordo com o relatório Mapa da Violência 2014: Os jovens do Brasil, Vitória da Conquista está entre os 100 municípios com mais de 50 mil habitantes com as maiores taxas (por 100 mil) de homicídios de negros na população jovem. O número de homicídios com a população branca jovem foi de 8, enquanto a população negra jovem foi 13 vezes mais: 109 homicídios. Em termos de população geral do município para cada 100 mil habitantes, a taxa homicídios de população branca foi de 23,8, já as mortes de negros foram de 92,1 para cada 100 mil pessoas.

De acordo com Graziele Novato, professora de História da África da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), a realidade da população negra ou mestiça em Vitória da Conquista é a da marginalização – que vive à margem ou à beira do núcleo da cidade. “Conquista é uma das cidades mais negras da Bahia. Esse contingente não está na sede, ele está alocado nos bairros periféricos, como Alto Maron, Pedrinhas, Cruzeiro, Guarani, que são predominantes negros, e também a zona rural de Conquista. Nós temos 48 comunidades quilombolas no município, e muita gente nem sabe. Nós temos uma zona rural totalmente avizinhada de quilombos”, disse.

novembro

No último senso do IBGE, 67% da população de Vitória da Conquista se autodeclarou preta ou parda. O índice confronta o “Suíça Baiana”, apelido dado a Vitória da Conquista em referência – equivocada – à população local branca, diferindo-se da maioria do estado, segundo Novato: “No passado, mais precisamente nas micaretas, as pessoas chamavam de ‘A Conquista branca e bonita’, e daí surgiu o Suíça Baiana”.

Ainda de acordo com a professora, Vitória da Conquista – assim como a Bahia e o Brasil – vive uma herança histórica de preconceito e estereotipação do inimigo padrão da sociedade. “Os jovens negros em vitória da conquista vivem um extermínio, e isso é banalizado, é naturalizado. Hoje, se alguém algum um negro morto no meio da rua já pensa logo que é envolvimento com tráfico de drogas e age como se aquilo fosse normal. Vai pra casa, almoça, dorme, como se aquilo não tivesse nada a ver como mundo onde ele vive”, defende Novato.

Novembro negro

Neste mês, Vitória da Conquista contará com uma série de atividades para debater e despertar a reflexão acerca da promoção da igualdade racial e o combate ao racismo. Hoje, 15, aconteceu uma roda de conversa sobre a juventude negra e quilombola. Ao final do evento, foi montada uma uma roda de capoeira.

Confira o restante da programação:

Dia 20 de novembro (quinta-feira)

Local: Câmara Municipal (Sessão Especial)

Hora: 8h30

Sessão especial

Entrega dos troféus Zumbi dos Palmares

Apresentação da Coordenação e do Conselho de Igualdade Racial.

 

Dia 22 de novembro (sábado)

Caminhada Quilombola

 

Dia 29 de novembro (sábado)

Local: Semtre

Hora: 9h

Palestra promovida pela Fundação Cultural Palmares.

Tema: A questão quilombola na Fundação Cultural Palmares. Reflexões sobre direito quilombola

Palestrante: Dra. Dora Bertúlio (Procuradora da República – Chefe da Procuradoria da Fundação Cultural Palmares).



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