Sétima Arte em Destaque: Amor, Sublime Amor

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Se fôssemos tentar resumir Amor, Sublime Amor nos dias de hoje, poder-se-ia dizer que ele é, no mínimo, interessante. Imagine um Romeu e Julieta ambientado em uma Nova York caótica, com brigas entre gangues, mas com um clima de fundo enquadrado no musical clássico dos anos 50, no melhor estilo Sinfonia de Paris e Cantando na Chuva. Essa bagunça toda é Amor, Sublime Amor. Mesmo com 50 anos de existência, continua funcionando, mesmo que não tenha tanto impacto em algumas pessoas como antigamente. Digo o grande publico e não os amantes do cinema, como o estudante de cinema aqui que vos fala, simplesmente amei esse filme, mas vendo como olhar do grande publico de hoje é essa minha visão.

A sinopse é bem simples: duas gangues disputam um pequeno território do lado pobre de Nova York. Os Jets sempre foram os donos dos locais e já expulsaram outros invasores que tentaram tomar seus lugares. Os Sharks são uma gangue de porto-riquenhos que querem seu lugar ao sol. Ambas as gangues não podem se encontrar que saem faíscas entre elas. Quase sempre há briga e nem mesmo a polícia consegue controlar o caso. Por toda a parte há pichações de ambas as gangues, seja apenas colocando o nome da qual é integrante ou riscando-se o nome da adversária. Em meio a essa guerra urbana, Tony, um ex-Jet, ídolo dos atuais garotos, apaixona-se por Maria, jovem irmã do líder dos Sharks. Claro que isso acirra ainda mais a disputa entre todos e tudo vai tomando proporções catastróficas com o desenrolar da história.

Amor, Sublime Amor é um dos maiores vencedores do Oscar de todos os tempos, faturando dez estatuetas das onze ao qual estava disputando, inclusive filme e diretor. Prêmio, aliás, que foi dividido entre Robert Wise e Jerome Robbins, fato inédito na história da premiação. Robert Wise, famoso também por dirigir a obra-prima familiar A Noviça Rebelde, ficou encarregado de dirigir as partes dramáticas da trama, enquanto Jerome dirigiria os musicais.

Imagine uma briga entre gangues com membros saltitantes, coreografias exageradas, dançando no meio da rua como se aquilo tudo fosse normal. Amor, Sublime Amor é assim, por mais estranho que possa parecer. Sobre as danças, minha única reclamação paira sobre o fato desse estilo estar mais presente no início do longa e fica mais raro perto de seu final. Não que tenha sido deixado de lado, ainda está lá, mas apenas em pontos extremamente cruciais da trama, o que deixou o filme um pouco mal balanceado. Outra reclamação é sobre o fato do início do filme ter sido em externa e todo o resto do filme em estúdio. Tudo bem que o início era a única cena diurna do filme e todo o resto se passa à noite, mas ficou algo um pouco estranho, pois a locação funcionou tão bem, mas tão bem que acabou deixando essa má impressão com o passar do filme.

Ainda bem que isso se ameniza pelo fato dos cenários montados serem magníficos, como o estranho vermelho nas paredes do salão de dança ou o incrível pátio onde o confronto final entre as gangues acontece. O vermelho, aliás, é usado em demasia no filme, só que de maneira positiva, aproveitando bem as sensações que a cor consegue gerar. Outro aspecto bastante positivo são os figurinos dos personagens, que refletem bem suas personalidades e origens.

Quanto aos atores, todos estão bem, mas o destaque fica para a dupla porto-riquenha Bernardo e Anita. Ambos os atores, George Chakiris e Rita Moreno, levaram a estatueta de melhores atores coadjuvantes do ano para casa por suas atuações. A química entre Tony e Maria é excelente, com um destaque extra para Natalie Wood, simplesmente encantadora. A menina realmente convence no seu papel de apaixonada, mesmo que o roteiro tenha uma falha de não demonstrar tão bem o início da paixão entre os dois. Ficou algo forçado, mesmo para o estilo do filme. Algumas opções feitas pelos diretores não firmaram, como por exemplo Elvis Presley para o papel de Tony – o que seria perfeito – ou então Audrey Hepburn para o papel de Maria – também cairia bem, porém Audrey não pôde atuar por estar grávida na época.

Assim como outros grandes musicais, todos os atores sabiam que iriam ser dublados, então eles não precisariam necessariamente saber cantar para serem escolhidos para seus papéis. No nível da dança, é incrível ver o que alguns atores conseguem realizar, verdadeiras proezas, que ficaram ainda melhores pelo belíssimo trabalho dos dubladores do filme. Algumas canções se assemelham a óperas devido ao tom que seus cantores alcançam. Nesse ponto, Rita Moreno brilhou mais uma vez, por ter o mérito de não ser dublada em duas canções, devido ao seu maravilhoso desempenho nos sets de filmagem. Já Natalie Wood chegou a se irritar com a dublagem. Pelos extras do DVD, é possível ver algumas de suas cenas com o som original, sua própria voz cantando, o que deixa a certeza de que a opção dos diretores foi acertada ao optar pela dublagem da atriz.

Repetindo o sucesso da Broadway, Amor, Sublime Amor foi um sucesso de crítica e público na época de seu lançamento. Ainda com charme e bastante curioso devido à mistura que faz, o resultado é positivo e resistiu bem com o passar dos anos. Se você curte musicais, deveria dar uma olhada nesse aqui. Com certeza é algo diferente do que você está acostumado a assistir. Se você não curte o estilo, fica mais do que óbvia a minha contraindicação. Um Grande Clássico.



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