Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb
Cinema, teatro e literatura são três artes que sempre estiveram ligadas , desde os primórdios ao seu desenvolvimento até a contemporaneidade dando forma e contexto a história que está sendo contada seja na pagina, na tela ou no palco. Sempre nos tocando de varias formas e maneiras , nos causando os mais variados tipos de emoções. E o que dizer de uma interpretação bem cinematográfica de um grande texto para o teatro , transportado para o cinema e concebido de maneira magistral, é o que acontece com o clássico de 1951 Uma Rua Chamada Pecado , adaptado do texto teatral de Tenesse Willians, Um Bonde Chamado Desejo, sendo roteirizado pelo mesmo na sua versão para as telas , digirido por Elia Kazan onde recebeu doze indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, e premiado com três oscars pelas interpretações de Vivien Leigh, Karl Marden, e Kim Hunter.
Na Concepção original de Tennesse Willians Blanche Dubois , é a figura central da história. Mas no caminho entre a pagina, o palco e a tela , algo aconteceu com Uma Rua Chamada Pecado, e esse algo foi Marlon Brando . Em uma interpretação consagrada , servida de modelo como referencia para qualquer ator, antes de iniciar sua interpretação para qualquer papel, atuação essa que foi indicada o Oscar , que na minha opinião não foi consagrada injustamente , mas nem por isso perdeu a intensidade e fascínio que Brando dar ao seu Stanley. Mas Blanche , personagem de Vivien Leigh , não se ofusca perante a Marlon Brando, cada um tem seu brilho próprio e que juntos nos hipnotiza diante da tela. É só reparar na tensão sexual existente entre Stanley e Blanche logo na primeira cena deles juntos é algo perturbador e excitante.
Uma Rua Chamada Pecado nos oferece uma luta entre a magia e o naturalismo, entre a aparência e a autenticidade, e a pergunta que párea no ar quando assistimos a Blanche Dubois e Stanley Kowalski é: O Que nos atrai mais a beleza ou a Brutalidade? Tenesse Willians transportou sua obra para o cinema com um roteiro magistral onde a forma teatral ganha grande relevância o transformando em uma obra prima, Um filme onde as atuações se destacam mais que o filme em si. Mas que de forma alguma faz dele um filme menor. Ao contrário nesse filme são as atuações que o tornam um clássico essencial para qualquer cinéfilo. Vivien Leigh (que muitos afirmam ter piorado a sua saúde devida esse trabalho) constrói uma mulher que beira a insanidade e realidade se nunca se tornar caricata. Ela vai desconstruindo seu personagem de uma forma que nunca havia visto antes consagrada com o segundo Oscar de sua carreira. .
Marlon Brando constrói um mau caráter que ao mesmo tempo que você odeia, você tem pena, e quer que ele esteja na tela. Apoiado por um elenco coadjuvante de peso, um roteiro soberbo e uma direção perfeita de Elia Kazan, que conseguiu tirar melhor do melhor de seu elenco, o filme é uma obra prima do cinema indispensável para qualquer cinéfilo. Uma Rua Chamada Pecado é o grande exemplo que o teatro é o pai do cinema ,sem dramaturgia não há espetáculo, sem o teatro não existe o cinema .
Ótima crítica. Muito sensata e que soube ressaltar as nuances da trama do filme. Vou assisti-lo!!!