Conquista é para quem ama Conquista

Por Ígor Luz – Jornalista

Foto: Eliezer Oliveira

Só quem se enrolou em uma manta em Gegê e tomou uma chiboquinha sabe o que a gente tá falando, cara. Foi muita madrugada espremido no Castelo do Vinho e muita tarde de Domingo misturado na muvuca da Olívia Flores para não garrar amor por esse canto. Conquista não é para você que só se achega no Festival de Inverno. É muito mais que isso, parceiro. Foi muita Quinta Sem Lei com Cacau com Leite no Clube da Derruba nas costas pra nascer esse amor verdadeiro.

Se aquela pinga cearense do Encontro não matou nosso amor por essa cidade, nada mais mata. Se o assalto que a gente sofreu no Recreio, na Tancredo, no Centro e no preço da porção de fritas do América não fez a gente desistir de Conquista, nada mais faz. Se enfrentar uma chuva forte ali na Otávio Santos não deixou o nosso afeto ir por água abaixo, nada mais deixa. Foi muita língua em Duchinha, lambreta na Quina de Massú, torresmo em Zé do Brejo, fígado de Jair e muita tripinha frita em Paulinho do Bar para gente ousar a não se apegar. Só quem colocou mais de uma salsicha dentro do hot dog que a gente mesmo serve na Chame Chame vai saber as dores e as delícias de viver essa cidade.

O Estação Art foi embora, o Zoo Bar foi embora, o Viela foi embora, mas sabe quem não vai embora? O nosso amor por Conquista. O Costinhas da Olívia virou um lugar que vende macarrão, o Mundo de Jack virou uma academia, o Argentinos virou uma sorveteria, mas a gente continua aqui, firme e forte. Falando em sorveteria, foi muita paquera que a gente levou na Pede Sorvete para não guardar uma lembrança boa desse lugar. Se você nunca viu um filme no Cine Madrigal ou jogou sinuca na Rinha, duvido que um dia vai chegar perto do que a gente sente.

Com a gente não tem tempo ruim não, moço. A gente bebe em pé com a galera de all star no Aquarius, canta sertanejo universitário com a galera de salto e gola polo no Camarote e joga dominó no Cai 1. Foi muito bolinho de feijoada no Boteco Carioca, pastel de rabada no Pisa na Fulô e x-bacon no fim de festa na Free Lanches para alimentar essa paixão. Só quem já ficou bêbado com Liberté no Sexto Sentido, comeu aipim com carne e ovo às 5 da manhã no Colorado e pediu yakisoba no Chinaê na ressaca do fim de semana pode entender o que a gente tá falando. Só quem já chorou vendo o Flamengo perder no Goró Bar ou já atravessou a cidade pra tomar um porre no Cana Café vai sentir o que a gente sente.

Você já foi em algum Massicas com abadá customizado de vela? Não? Já foi com 2 reais para o Paraki e saiu bêbado? Não? Então deixa quieto. Só quem já pegou aqueles 9 graus no São Pedro do Tôa Tôa vai acompanhar nosso amor. E é CONQUISTA, tá doido? Não chama nossa terra de Vitória não que a gente não gosta. Foi muito combo de vodka na Casa dos Primos, capeta no Natal da Cidade, cravinho na porta do Studio 54, long neck no Caldeirão e aventuras no Sítio Bem Querer para a gente deixar esse carinho pra lá. Quem de nós nunca aturou uma peça de humor meia boca no Centro de Cultura para mostrar que a gente acredita na cidade?

A gente é desses que come quiche de alho poró na Confeitaria Amorim no início do mês e pastel no Saruê no fim do mês – e acha tudo incrível. Se você não amanheceu o dia na Budega da Roseira ou tomou Fogo dos Deuses no Apogeu, não vai ser desse clube. Tem espaço pra gente ser topzera no Fuso Horário e ser alternativo no Janela Cajaíba e essa é a beleza desse lugar. Se aquele ônibus de 7 da manhã que saia pra Uesb não sufocou o nosso amor por Conquista, nada mais sufoca.

A gente tem uma ciclovia que atletas correm, tem um Cristo Redentor que não deu certo, tem o mesmo restaurante japonês na mesma rua com preços diferentes, tem um cinema que só passa filme dublado, tem revistas de celebridade local e tem um viaduto que sai do nada pra lugar nenhum, mas quem liga? É Conquista e a gente ama, cara.

Porque Conquista é pra quem ama Conquista. Eu amo. E você?



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