Por Mário Bittencourt
Sepultada em 2008, sem quase ninguém no enterro, a micareta de Vitória da Conquista, que projetou a cidade nacionalmente no início da década de 1990, poderá ser ressuscitada em 2015.
A tentativa de milagre vem sendo capitaneada pelo empresário e produtor de eventos Pedro Alexandre Massinha, dono de um dos maiores blocos de micareta da Bahia, o Massicas.
Massinha lidera um grupo de empresários que também já foram donos de blocos de rua e que estão acendendo velas para trazer a festa do além.
A intensão, diz Massinha, é fazer um evento privado, com o folião pipoca, mas em local público (sendo o mais provável o Bosque da Paquera), onde os acessos seriam controlados. A festa ocorreria no mês de abril de 2015.
“O retorno da micareta é inarredável. Evidentemente, não é unânime. Mas nós temos uma turma jovem em Conquista, que é um polo universitário, e essa turma tem buscado conhecer a micareta. Não só aqueles que viam a festa com seus pais, mas também os estudantes de fora que estão aqui”, declarou.
Outros horizontes
Com o fim da micareta, em 2008, quando, já em decadência, ela foi realizada no Bosque da Paquera, sem trios na rua, apenas com três palcos – um principal, um do rock e outro do forró -, a prefeitura de Vitória da Conquista passou a investir em três eventos: Natal da Cidade, São João Forró Pé de Serra do Periperi e Festival da Juventude.
Estes eventos têm atraído grande público – não tão quando as micaretas, que reuniam de 100 a 150 mil pessoas -, e vem sendo elogiados por terem um caráter mais cultural, com grande atrações nacionais e voltados para o lazer da família.
A micareta, por outro lado, é lembrada do ponto de vista negativo pelo aumento da violência.
Massinha, contudo, não tem dúvida: “Com todo respeito aos outros eventos, a micareta é a grande festa da cidade de Conquista”.
Do contra
Secretário de Cultura à época que a micareta morreu, Gildelson Felício, que também foi dono de bloco de rua por dez anos, discorda de Massinha.
Para Felício, os eventos que a Prefeitura realiza atualmente já estão consolidados no calendário artístico e cultural da cidade.
“Conquista já aprovou estes eventos”, declarou ele, sem querer afirmar diretamente que é contra a volta da micareta, evento em que o poder público local investia por ano de R$ 800.000 a R$ 1,5 milhão. Segundo Felício, quem acabou com a micareta local foram as bandas de axé, que passaram a cobrar alto demais pelo cachê.
O custo de antigamente, porém, é menor do que o investimento nos atuais três eventos que a Prefeitura passou a realizar depois do fim da micareta: R$ 1,78 milhões, segundo informou o secretário de Cultura, Nagib Barroso, músico e velho conhecido das micaretas.