Sétima Arte em Destaque: Pixels

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Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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O conceito de “Pixels“ veio do ótimo curta-metragem homônimo do francês Patrick Jean (2010), no qual videogames clássicos saem da TV e começam a atacar a Terra. O longa também é (acidentalmente ou não) extremamente similar a uma história curta do terceiro episódio da quarta temporada da maravilhosa animação “Futurama”, no qual o personagem principal, um perdedor viciado em videogames antigos acaba tendo que ajudar os militares a impedir uma invasão alienígena inspirada em – adivinhem – games clássicos.

Não existe problema nenhum nisso. Roteiros podem partilhar premissas básicas e desenvolvê-las de maneira única. E, acreditem, “Pixels” é uma prova disso. O longa, dirigido por Chris Columbus (roteirista de “Os Goonies“, diretor dos dos primeiros “Harry Potter”) pega a plot acima descrita e a aplica à fórmula base de um filme típico do Adam Sandler. E eis aqui o maior defeito do filme, seu protagonista.

Posso confessar aqui , que detesto o Adam Sandler, é o tipo de ator de um só personagem, o mesmo tipo a mesma atuação aquele tipo , que não tem nada a acrescentar. vive aqui Brenner, um instalador de aparelhos eletrônicos que, na infância, foi vice-campeão em um torneio de videogames, gravado pela NASA e enviado para o espaço como parte de um pacote de apresentação que retratou a vida na Terra durante os anos 1980. No entanto, os aliens que encontraram a tal sonda a interpretaram como um desafio de guerra e enviaram games vivos para desafiar a humanidade, com o prêmio desse torneio sendo o nosso planeta azul.


Brenner é então chamado pelo seu melhor amigo de infância, o atrapalhado Cooper (Kevin James), agora presidente dos EUA, para lidar com a situação. Outro antigo amigo da dupla, o nerd sem vida e teórico da conspiração Ludlow (Josh Gad), descobre a situação e se junta à equipe, que ainda conta com a inventora militar, Coronel Violet (Michelle Monaghan) e com um antigo rival de games de Brenner, o marrento e convencido Eddie (Peter Dinklage).
Durante toda a projeção, vemos o esqueleto básico da maioria dos trabalhos do comediante, de “Billy Madison – Um Herdeiro Bobalhão” a “A Herança de Mr. Deeds”. Parece que os roteiristas Tim Herlihy (colaborador habitual de Sandler) e Timothy Dowling (“Esposa de Mentirinha”) já possuem salvo no processador de texto toda a estrutura dos filmes do astro, com a trama de amor, o antagonista certinhos ambicioso, o coadjuvante pirado (que, ainda bem, dessa vez não é vivido por Rob Schneider)…

Não adianta dourar a pílula de força do Pac-Man aqui. Por mais que Columbus seja o cineasta ideal para lidar com a nostalgia oitentista e tenha o apuro visual que o DNA da história pede ou que Sandler tenha ao seu redor um elenco estelar, repleto de atores com um excelente timing cômico, como Dinklage, Gad e Monaghan, com a fita contando também com intérpretes como Brian Cox e Sean Bean. Tudo isso vai pelo ralo graças ao fator Sandler e o fato de que tudo tem de se adequar a ele e sua fórmula.

O roteiro é um verdadeiro festival de clichês e chavões estereotipados, sem o menor carinho pelos seus personagens, o que impede que nos importemos com as situações e com aquelas figuras em cena.

O pior é ver Sandler repetindo (desanimadamente) várias vezes seu “orgulho nerd”, sempre de maneira falsa e patética, especialmente em uma obra que usa uma imagem tosca e ultrapassada dessa tribo. É óbvio que Sandler não conhece esse público e suas tentativas de jogar com ele soam falsas e forçadas, o que também se aplica à sua (inexistente) química com Michelle Monaghan, com a atriz desperdiçada pelo roteiro e reduzida a objeto de desejo do protagonista/migalhas para o público feminino.

O que dói mais em “Pixels” é o fato que o longa tinha tudo para se tornar o filme definitivo de games nostálgicos e ser uma ode aos anos 1980. Acabou desperdiçando tudo isso e se revelando apenas mais uma comédia de ação com o selo Adam Sandler de mediocridade, com o pacote completo de imbecilidade, autoadoração e misoginia. Melhor ficar em casa e rever “Detona Ralph”.



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