Opinião: Respeito é bom e todo funcionário público gosta!

Vinícius Correia Santos – Professor de Economia da UESB, campus de Vitória da Conquista

Vinícius Correia é professor do campus da Uesb de Conquista
Vinícius Correia é professor do campus da Uesb de Conquista

Como dizia um estimado professor meu nas aulas de doutorado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o mundo é dividido em que leu Maquiavel e quem não leu! Digo isso porque sua frase em o Príncipe diz: “Onde existe uma grande disposição não pode haver grande dificuldade” retratada um pouco a política de governo em voga no Estado da Bahia.

Digo isso, porque ao analisar o Relatório de Gestão Fiscal do Governo do Estado da Bahia (Janeiro a Dezembro de 2014) no site da Secretaria do Tesouro Nacional (Ministério da Fazenda) percebe-se que o Governo da Bahia tem contas sólidas!

O Governo da BA fechou o ano de 2014 com um superávit, ou seja, disponibilidade de caixa líquida, de R$ 4.267.223.221,22 (Quatro bilhões duzentos sessenta sete milhões duzentos vinte três mil quatrocentos vinte um reais e vinte dois centavos), se o nobre leitor leu correto, é isso mesmo mais de R$ 4 bilhões de reais que o governo do Estado obteve em dinheiro (que em Economia é a forma mais líquida), ou seja, que fechou o ano em caixa.

Para chegar a esse número a Bahia deve uma Receita Corrente Líquida no valor de R$ 25.870.525.219,40 (por volta de vinte cinco bilhões e oitocentos e setenta milhões de reais) esse montante tem origem basicamente de impostos (ICMS, IPVA, etc.) e transferência direta da União descontado outros impostos que o governo tem que pagar a União, Receita e etc.

Desse montante de mais de R$ 25 bilhões, desconta-se a Despesa com Pessoal (aqui se inclui ativos, inativos, pensionistas e os contratos de terceirização) na ordem de R$ 11.764.703.743,97 (quase onze bilhões e setecentos sessenta e quatro milhões de reais) o que corresponde a 45,48% da RCL (Receita Corrente Líquida). Portanto, o (a) senhor (a) leitor (a) deve pensar que isso é muito, um absurdo! Eu afirmo para o (a) senhor (a) que NÃO! Pois a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que foi criada para frear políticas fiscais (gastos dos governos) desastrosas por parte dos gestores, ou seja, o governo fica proibido de gastar demais e não ter como pagar seus servidores, afirma que o limite máximo que a entidade pública pode gastar é de 48,60% da RCL. Significando que o Governo da Bahia pode ainda aumentar seus gastos em pessoal na ordem de 3,12% o que corresponde a R$ 807.160.386,84 (mais de oitocentos e sete milhões de reais).

Dessa forma, nada impede o senhor governador Rui Costa recomponha a perda inflacionária na data-base, e que até o presente momento não o fez, na ordem de 6,41% (índice de inflação oficial do governo federal – INPC/IBGE), pois o que os representantes desse governo fazem com os servidores é um desrespeito a quem oferece sua vida para efetivação do bem público a população!

Então: “Respeito é bom e todo funcionário público gosta!”.

A pergunta que fica é a seguinte: o que o governo da Bahia irá fazer com esse superávit de mais de R$ 4 bilhões? Vai investir em educação e saúde? Vai valorizar o nobre servidor público da Bahia?

A resposta a grande maioria sabe: CLARO QUE NÃO! Pois a educação e valorização dos recursos humanos nunca foram encaradas como investimento, somente como despesa! E a postura de contingenciamento que esse grupo político que governa a Bahia há mais de 08 anos tem em relação às UEBA (Universidades Estaduais da Bahia – UNEB, UESB, UESC e UEFS) é um total desrespeito a um patrimônio da sociedade baiana.

Sendo assim, como o mundo é dividido em que leu Maquiavel e quem não leu! Parece que nossos governantes da Bahia estão do lado dos que não leram, pois “onde existe uma grande disposição não pode haver grande dificuldade”.



Brasil, Educação, Política, Sudoeste, Vitória da Conquista

Comentário(s)