Sétima Arte em Destaque: A morte do demônio

Por Gabriel José – Estudante de cinema da Uesb

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Criada com um baixíssimo orçamento pelo cineasta Sam Raimi em 1981, a franquia “The Evil Dead” (no Brasil, “A Morte do Demônio” ou “Uma Noite Alucinante”) é uma das mais conhecidas e adoradas pelos fãs de terror, servindo como uma intersecção entre o horror e a comédia, tendo em vista que os dois últimos exemplares da trilogia original visam mais os risos (intencional) que os sustos.
Buscando uma volta às origens sombrias da série, Raimi produziu este remake do primeira longa (acrescido de partes do segundo), deixando o uruguaio Fede Alvarez encarregado da direção e do roteiro, com contribuições de Rodo Sayagues e Diablo Cody no texto. O maior acerto deste novo “A Morte do Demônio” é reconhecer que o filme tem de se sustentar sozinho, sem contar com a nostalgia do público como muletas para funcionar.

Mesmo com easter-eggs que remetem ao clássico trash aparecendo aqui e ali, Alvarez e Raimi sabem que a fita não pode alienar a imensa parcela do público geral. Com isso, Ash, o protagonista da trilogia clássica eternizado por Bruce Campbell, ganha um merecido descanso e até mesmo os momentos fanservice (aqueles que estão lá apenas para os já iniciados), embora existentes, são isolados ao máximo da história que está sendo contada.

A trama básica se mantém, com um grupo de jovens indo a uma cabana isolada onde, acidentalmente, libertam um antigo demônio, após a leitura de um livro antigo escrito em sangue. A entidade passa a torturar o grupo de maneira sádica, possuindo suas almas e eliminando-os um a um. As diferenças entre os filmes jazem nos detalhes e dão identidade própria a este remake, que tem uma proposta relativamente mais séria e pesada.

A fotografia de Aaron Morton presta homenagem ao original ao investir bastante em estilizados primeiros planos, sem contar com a aproximação imaterial em primeira pessoa do demônio, com a câmera avançando ferozmente pelo cenário, algo presente em todos os episódios da série. Além disso, Morton lança mão de uma paleta de cores adequadamente sombria, ressaltando as centenas de litros de sangue falso que jorram durante a projeção.

Como nem tudo são flores, a fita também tem sua dose de problemas. Os demais membros do elenco estão lá apenas cumprindo funções pré-determinadas, sem demonstrarem muito carisma e servindo apenas como carne para o moedor. Sem contar que, ao misturar o original e sua seqüência, o longa acumula diversos clímax, prejudicando a fluência do seu terceiro ato.

Mas esses pecadilhos não mancham o resultado final, que é um filme de terror sem medo de assustar sua platéia ou de diverti-la, prestando uma justa homenagem a uma franquia que marca cinéfilos há mais de três décadas. Mais só uma ressalva, NÃO é o filme mais apavorante que você verá na vida como diz o cartaz.  Dar um certo medo sim , mas nada que te faça ter calafrios, em resumo não passou de uma jogada de marketing de seus produtores.



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