Por Fábio Sena
O advogado e ex-vereador Alexandre Pereira entregou na manhã desta sexta-feira (6) à direção do Partido dos Trabalhadores sua carta com pedido de desfiliação. No documento, o ex-petista – que está de malas prontas para ingressar no PSB – afirma que sua decisão foi tomada após demoradas conversas com amigos e pessoas com as quais militou politicamente nos últimos anos.
O ex-parlamentar argumentou que, durante os 16 anos em que esteve filiado ao PT, dedicou-se“às mais nobres causas políticas e populares, abraçando com afinco e lealdade ideológica as lutas em defesa da democracia e do fortalecimento das instituições políticas”. Afirmou, no entanto, que o partido perdeu gradativamente algumas de suas principais características, entre as quais, o democrático debate interno.
“Por força de equívocos cometidos na condução das políticas institucional e partidária o dito “projeto político” foi perdendo algumas de suas características basilares, notadamente a construção solidária, a participação dos militantes e a democracia interna, o que resultou, mais recentemente, na completa asfixia do debate político interno. Com isto, o PT local perdeu substância, perdeu a sua própria essência”, afirmou na carta.
Segundo Alexandre, esse cenário foi, aos poucos, “minando” suas esperanças e o afastando do partido. “Isto porque sempre acreditei na construção de espaços de reflexão e de construção conjunta… E, ao menos por hora, nesta agremiação partidária, não há mais espaço para tanto e por isto devo buscar novos caminhos que me renovem as forças, a motivação, a esperança, sempre com o propósito de fortalecer e caminhar ao lado das forças democráticas desta cidade”, argumentou.
Leia abaixo a íntegra do documento entregue na manhã de hoje à direção do Partido dos Trabalhadores e no qual Alexandre Pereira se desliga da legenda.
CARTA DE DESFILIAÇÃO
Vitória da Conquista – Bahia, 06 de novembro de 2015.
Senhor Presidente,
Senhores membros do Diretório Municipal,
Oriundo do PDT/Partido Democrático Trabalhista, Partido pelo qual fui eleito vereador em meu primeiro mandato (1997/2000), em 1999 filei-me ao PT/Partido dos Trabalhadores, agremiação pela qual fui reeleito para o exercício de mais três mandatos consecutivos (2001/2004; 2005/2008 e 2009/2012).
Nesta caminhada, fui líder do governo municipal na Câmara por duas vezes (1997/1998 e 2003/2004) e também Presidente do Legislativo por dois períodos (2001/2002 e 2007/2008), além de ter presidido a Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final durante dois biênios (2009/2010 e 2011/2012).
Ao longo de minha trajetória, sempre busquei dar o meu melhor, empenhando-me para desempenhar a contento as tarefas que me foram confiadas, isto por se tratar de uma característica inerente à minha personalidade, além, é claro, de uma retribuição à confiança em mim depositada por milhares de eleitores que por várias vezes me reelegeram vereador deste Município, sem que para tanto eu jamais tivesse me valido das praticas tradicionais do clientelismo e do fisiologismo, ou seja, do famoso “é dando que se recebe”. Foram, portanto, votos livres e conscientes de pessoas que conheciam a minha trajetória pessoal e política e que acreditaram em meus propósitos.
Participei ativamente de importantes lutas e conquistas sociais na Cidade de Vitória da Conquista, a exemplo da municipalização da saúde, da modernização do sistema de transporte público, do movimento contra a privatização da EMBASA, etc. No campo legislativo propriamente dito, tive papel proativo na discussão e aprovação das principais leis municipais: revisão da Lei Orgânica do Município, Plano Diretor Urbano, Código de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo e Obras, Código Tributário Municipal, Planos de Carreira dos Servidores Públicos Municipais, etc.
Paralelamente a isto – sem em momento algum abrir mão do senso crítico, da autonomia e da altivez – fui ardente defensor, tanto no Legislativo quanto na sociedade, das sucessivas gestões do PT e seus aliados à frente da Prefeitura Municipal, isto por reconhecer a importância de se consolidar os significativos avanços experimentados pela Cidade nas sucessivas gestões petistas nas áreas da Saúde, da Educação, do Desenvolvimento Econômico e Social, dos Serviços Públicos, do Urbanismo e da Infraestrutura Urbana.
Foram dezesseis anos de dedicação às mais nobres causas políticas e populares, abraçando com afinco e lealdade ideológica as lutas em defesa da democracia e do fortalecimento das instituições políticas, mas principalmente em defesa de uma sociedade mais justa e igualitária, na qual o direito à efetiva participação popular ganhasse corpo no cotidiano das pessoas.
Por isto, antes de qualquer coisa, não poderia deixar de manifestar o meu sentimento de profunda gratidão pelo convívio com tantos e extraordinários militantes que, partilhando do mesmo objetivo e, sempre de forma solidária, deram-se as mãos para construção de um projeto político transformador – que não pertence a esta ou àquela liderança – fruto de uma construção coletiva que foi capaz, indiscutivelmente, de promover inúmeros avanços em nossa Cidade .
Ocorre que, com o passar do tempo, por força de equívocos cometidos na condução das políticas institucional e partidária – os quais já foram por mim reiteradamente manifestados internamente em algumas ocasiões – o dito “projeto político” foi perdendo algumas de suas características basilares, notadamente a construção solidária, a participação dos militantes e a democracia interna, o que resultou, mais recentemente, na completa asfixia do debate político interno. Com isto, o PT local perdeu substância, perdeu a sua própria essência.
E o cenário ora traçado, aos poucos, acabou por ir minando minhas esperanças, me afastando do Partido. Isto porque sempre acreditei na construção de espaços de reflexão e de construção conjunta, tanto com militantes políticos quanto com os diversos atores sociais acerca do melhor modelo de desenvolvimento para Vitória da Conquista.
Nesta senda, em meu sentir, ao menos por hora, nesta agremiação partidária não há mais espaço para tanto e por isto devo buscar novos caminhos que me renovem as forças, a motivação, a esperança, sempre com o propósito de fortalecer e caminhar ao lado das forças democráticas desta Cidade.
Por tudo isto, após uma profunda reflexão e avaliação dos cenários políticos nacional, regional e municipal, e depois de haver consultado companheiros de longas datas e com os quais partilhei inumeráveis experiências políticas nas últimas décadas, tomei a decisão de desfiliar-me do Partido dos Trabalhadores, agremiação na qual me abriguei por convicção ideológica.
Quero, nesta oportunidade, manifestar a cada companheiro do PT que buscamos honrar, dia após dia, o nome do Partido, ora como Presidente da Câmara de Vereadores, ora como tribuno, sempre assumindo a defesa de nossas mais autênticas bandeiras em favor da Cidade e da consecução do interesse público, do bem comum.
É, portanto, com a sensação de dever cumprido e com a mais absoluta certeza de que o PT abriga, ainda, diversas lideranças e militantes merecedores de nosso sincero respeito, que comunico e solicito minha desfiliação do PT, fazendo votos de que este Partido possa se reencontrar e retomar a sua trajetória histórica, o seu programa partidário, comprometido com a ética, com a democracia e com a redução das desigualdades sociais.
Por fim, embora a presente correspondência seja dirigida à direção partidária, peço vênia e comunico que, após protocolizá-la, a tornarei pública, eis que me sinto no dever de também dar conhecimento das razões de meu afastamento a toda a militância partidária e, em especial, à sociedade conquistense.
Atenciosamente,
Alexandre Pereira de Sousa
Ilmo. Senhor:
RudivalMaturano
D.D. Presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores
Vitória da Conquista – Bahia
Boa tarde, Dr. Alexandre.
Muito me admira, o senhor, que por tanto tempo ocupou uma das cadeiras do legislativo, em Vitória da Conquista, mas não soube ajudar nem as pessoas com mobilidade reduzida, os cadeirantes. Quero ver um cadeirante transitar nas calçadas, por qualquer lugar desta cidade, sem tem que se desviar das irregularidades nas calçadas. Para um cadeirante se locomover ele tem que disputar espaços nas vias destinadas aos veículos.
Precisamos de renovação na política, não essa turma que faz dos cargos eletivos carreira profissional.
Abraço!
Tem duas coisas aí no comentário do Rafael. Parece que ele não sabe dos milites da atuação de um parlamentar, um vereador. Como cidadão acompanhei o desempenho do mandato do vereador Alexandre Pereira e pelo que colhi de informações ele desempenhou muito bem a sua missão. É da sua iniciativa a luta para que um percentual dos assentos do transporte coletivo urbano seja destinado aos cidadãos que possuem mobilidade reduzida. Ação essa apoiada pelos outros vereadores e acatada pelo Executivo. Também as contribuições do seu mandato com propostas na elaboração de um Plano Diretor Urbano com dispositivos que garantam uma melhor acessibilidade para cadeirantes e outros com mobilidade reduzida foi significativa e vitoriosa. A segunda questão que devemos lembrar ao Rafael é que as ações como serviços, obras e a fiscalização para melhoria do acesso na cidade é de responsabilidade direta do Executivo, nao do legislativo. Por fim vale lembrar que Vitória da Conquista não é uma cidade que se originou sob a égide de um planejamento urbano pensado, mas sim fruto das contingências do expansionismo para o interior ocorrido no Brasil com as diversas implicações conhecidas. Mas temos que melhorar muito em relação ao controle e o uso do solo no nosso município, sendo essa tarefa de todos os cidadãos e do poder público em geral.
A eleição de um único vereador acabou por derrotar o Alexandre Pereira e o um outro do PT ,nunca vi na política conquistense um a eleição causar um desastre deste tamanho que culmina com a saída de Alexandre e que acho que náo termina por aí outras coisas piores estão por vim escolhas erradas e dedo podre nas opções ,agora não adianta chorar pelo leite derramado,e o pior o cara é o pior vereador dos últimos tempos.