Conquista: Câmara realiza audiência pública para discutir a seca na região

Foi realizada na manhã desta quinta-feira,14, no Plenário Carmen Lúcia, uma audiência pública que discutiu o enfrentamento da Seca na região. A iniciativa foi do presidente da casa, o vereador Herminio Oliveira (PODE) e contou com a participação de representantes dos governos municipal e estadual, além de pessoas ligadas a diversos órgãos que direta ou indiretamente podem ajudar na solução do problema. O principal foco da audiência foi a discussão aprofundada sobre estratégias e medidas eficazes para o enfrentamento da seca, um desafio constante que tem impactado significativamente a paisagem e a qualidade de vida de milhares de pessoas na região.
O vereador Herminio Oliveira, abriu a a audiência agradecendo a presença de todos e ressaltando a importância da discussão para melhoria de condições de vida da população.
Cenário Desolador – O Diretor executivo da Coopmac Antônio Cesar Nery – Disse que em 45 anos de atuação em Vitória da Conquista, nunca viu uma situação tão dramática da seca como a deste ano, com uma estiagem muito prolongada, e que 2023 com certeza apresentou a pior crise, citou as regiões de Barra do Choça e Encruzilhada como os piores resultados para a cafeicultura desde 1984. “Nunca ocorreu, nesses quase 40 anos, uma situação tão complicada, em nome da COOPMAC posso dizer que existem vários microclimas que a depender da situação pode gerar uma queda de 70 a 80% na produção, comprometendo totalmente a renda do produtor.
Segundo César, não existe um levantamento preciso mais estima-se que 30% da produção do Café esteja comprometida e da agropecuária a situação está ainda pior. Citou também a questão do Rio Pardo, e disse ser necessário encarar com uma visão mais comprometida e se unir para cobrar providencias mais efetivas. Ele acredita que ninguém foi pego de surpresa, era algo previsto, porém não foram tomadas as devidas medidas preventivas “evidente que há a questão do aquecimento no mundo inteiro, isso vai piorar, mas enquanto técnico digo que o clima não podemos mudar, mas podemos amenizar se fizermos a coisa certa, a comunidade unida como um todo e amparada com o legislativo” disse, ressaltando o comprometimento da COOPMAC com a comunidade de Vitória da Conquista.
Quem mais sofre é o pequeno produtor – Júnior Figueiredo, presidente do sindicato dos pequenos produtores rurais, lembrou que é preciso a realização de políticas públicas que funcione de forma eficaz. “Esse é um assunto sério e precisa ser tratado com mais cuidado e seriedade”, falou. Ele lembrou das fortes chuvas ocorridas nos últimos anos (20221-2022) e contou que “muita água foi embora nessas chuvas por falta de armazenamento”. Ressaltou ainda que a seca deste ano já era prevista e nada foi feito em benefício do pequeno produtor. Cobrou atuação em conjunta de todos os setores como prefeitura, governo e bancos, pedindo mais linhas de crédito para os agricultores familiares, bem como prorrogação de prazos.
Medidas do Governo Estadual Contra a Seca – Antônio Gomes Silva Neto, gerente regional da CAR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional), ressaltou que o Governo do Estado, através da secretaria de Desenvolvimento Rural, tem buscado medidas e ações para amenizar os impactos causados pela seca, e da importância de ter gestores sensíveis a luta do povo sertanejo. Informou que em visita a cidade de Vitória da Conquista o Governador Jerônimo Rodrigues anunciou medidas que impactam positivamente a situação da seca na zona rural de Vitoria da Conquista, a exemplo da autorização de recursos para a limpeza de 500 aguadas na zona rural do município. “Sabe-se que não é suficiente, mas unidas com nos outros órgãos é possível amenizar”, falou. Ele também citou a criação da Central de Águas e a importância de acreditar e seguir o que diz a ciência. Neto, disse ainda, que a comunidade conquistense precisa ter consciência do que acontece no mundo inteiro pois não estamos isolados. Relembrou a visita do ministro Paulo Teixeira, onde foi assinado um acordo de cooperação técnica que irá fornecer insumos para agricultura familiar regional, que são ações emergenciais para superação da seca e da fome. “A seca é um desafio e uma oportunidade, por que proporciona o encontro de órgãos e autoridades para buscar soluções inovadoras, solidariedade com os vizinhos e com essas mulheres com a lata na cabeça”, disse, fazendo referência a mulher sertaneja que por muitas vezes buscam água na cabeça para suprir as necessidades hídricas da família.
Linhas de crédito para os pequenos produtores – Fabiano Pereira, representando o Bando do Nordeste do Brasil, ressaltou a importância da discussão e lembrou que todo ano existe a seca e em alguns períodos a estiagem é maior e por isso é preciso preparar os produtores. Relatou as linhas de crédito para atender todo tipo de produtor, desde o grande até os pequenos produtores e a agricultura familiar e contou como funcionam essas linhas e propostas de prorrogação de crédito para os produtores.
Alerta para a catástrofe da Seca em Vitória da Conquista – Wagner Lopes Correia, representando a  rede colaborativa de segurança rural, disse que “vivemos uma catástrofe”, referindo-se a falta de chuvas, que resulta em escassez de alimentos e perca das lavouras.  Relatou que ele, enquanto produtor, perdeu 100% da mandioca plantada. Citou também uma matéria do G1, que anunciou mais uma onda de calor, e a questão do índice de suicídio em Vitória da Conquista, que segundo ele, pode ter um viés na questão da escassez de recursos hídricos, que consequentemente afeta a economia e causa tristeza, depressão, e por falta de assistência, as pessoas chegam a atitudes extremas.
Citou também a necessidade de um decreto de calamidade pública em toda a região, “sindicato rural de Guanambi divulgou 10 mil animais mortos, a ADAB divulgou 157 municípios que já decretaram estado de emergência, com a perda de animais…estas forças precisam mudar isso, e como mudar?, temos uma barragem 1 e 2, uma barragem do Rio Catolé que esta falida, Barragem de Anagé, do apertado e  tantas outras, e a do Rio Pardo poderia solucionar a questão do abastecimento, é hora de mudar a chave dessa região e vocês podem fazer isso”, finalizou.
Contrato com o município – Gilmar Costa, gerente interino da Embasa, relatou algumas ações da empresa na cidade, principalmente na zona rural e lembrou que cumpre normas e tem limitações. Disse que entregou, por escrito, todas as ações realizadas pela Embasa, destacando dois: “No ano de 2020, foi assinado um contrato de programa com o município, que consta atendimento nos distritos de Inhobim, Cabeceira da Jiboia e Cercadinho e já está em andamento para ser entregue em abril de 2024”, o outro programa destacado por ele foi o fornecimento de mais de 13 milhões de m³ de água para o município. Finalizou dizendo que a cidade está entre os 20 do país na questão de saneamento básico.
O uso da seca para fabricar votos – Patrick Almeida reivindicou metodologias para organizar o trabalho do homem do campo. “Se não organizarmos nosso trabalho, não avançaremos”, declarou. Ele lamentou a utilização cínica da seca por parte de alguns políticos, que buscam ganhos eleitorais à custa do sofrimento das comunidades locais. “A população precisa está atenta a essas estratégias manipuladoras e precisamos exigir compromissos reais e efetivos por parte dos líderes políticos. Apenas caminhar na zona rural não é fazer política”, afirmou Patrick, denunciando políticos e candidatos que iniciaram ações assistencialistas em troca de votos. “Já começaram a fazer piseiro, patrocinando cavalgadas e outros eventos”, pontuou.
Um Chamado à Ação Prática – Valter Félix, representante da Associação de Irrigantes de Barra do Choça, enfatizou a necessidade de avanços concretos em seu discurso. Em meio a discursos que considera vazios, ele ressaltou que “a região enfrenta 10 anos de atraso em relação a um desafio que já perdura por 12 anos de seca”. Para ele, a audiência pública não deve se transformar em uma mera sessão política ou palanque. A urgência, segundo Félix, é transformar palavras em ações imediatas. Ele destacou a mudança climática como um fator determinante, afirmando que a produção é inviável sem água. Seu chamado é claro: é hora de agir, de forma prática e efetiva, para enfrentar as adversidades climáticas e garantir a sustentabilidade da produção na região.
Desafios na Busca por Recursos Hídricos – Carla da Associação do Assentamento Cipó (Região do Chapadão), falou sobre o atendimento as demandas da sua comunidade, “temos muitas criticas, mas temos muito que agradecer a subprefeitura de Inhobim, a Joana Darc, ao Secretário de Agricultura Breno, que nos dão atenção quando fazemos as nossas solicitações, por isso temos que agradecer” disse. Relatou que a associação já protocolou solicitações à CAR e a CERB, para abertura de poços e aguadas, e que nunca obtiveram respostas, e que essas ações poderiam amenizar a situação da seca.
União em Defesa Contra a Seca – Rosângela Freitas, coordenadora municipal da defesa civil disse que estava representando 28 município baianos e ressaltou o trabalho de enfrentamento a seca realizado diariamente pela prefeitura Municipal. Lembrou que essa situação não é exclusiva do município de Vitória da Conquista, mas de vários municípios brasileiros.  Convidou a vereadora Márcia Viviane(PT), a se retratar perante os ataques que a parlamentar tem feito a defesa civil e fez um breve resumo das ações que o município tem realizado na zona rural juntamente com a coordenação de abastecimento, entre elas, o abastecimento por meio de carros-pipa, que se intensificou depois que os carros do exército brasileiro foram retirados pelo governo federal. Ela contou ainda que por diversas vezes a Prefeita Sheila Lemos se dirigiu a Brasília para que o problema fosse solucionado e o governo federal voltasse a atender Vitória da Conquista. Finalizou solicitando a leitura de uma carta aberta contendo dados das ações realizadas.
A
prefeitura vem fazendo muito pela população – Breno Pereira, secretário de desenvolvimento rural, falou sobre ações que vem sendo realizadas em prol dos pequenos produtores rurais e pediu a embasa que solucione o problema de algumas localidades e a liberação para retirada de água de pontos na zona rural. Falou também sobre a redução dos carros pipas por parte do governo federal e pediu mais poços artesianos para o governo do estado. “Foi feita semana passada a feira da agricultura familiar e gostaria de pedir doações de retroescavadeiras para a prefeitura, por parte do governo”, pediu. Ele contou ainda que mais 200 aguadas foram feitas esse ano na zona rural e ainda serão feitas mais. “A prefeitura aumentou em 80% a capacidade de entrega de água por carros pipas. Ainda é pouco mas temos poucos carros porque o exército cortou. Instalamos 22 chafarizes e ainda iremos colocar mais ano que vem”, contou.


Destaques, Política, Vitória da Conquista

Comentário(s)