Por Caíque Santos – Rede Núcleo
No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a jovem Jéssica Nascimento postou em seu perfil do Facebook um texto repudiando a agressão de homens contra mulheres e denunciando o espancamento de sua própria mãe. E isso poucos dias antes de ela mesma ser vítima de um crime com os mesmos contornos. Menos de dois meses antes de ser brutalmente espancada pelo estudante de engenharia Américo Francisco Vinhas Neto, Jéssica escreveu:
“Agora me diz o que se passa na cabeça de um infeliz de um projeto de homem pra levantar a mão pra uma mulher ? Me diz o que passa na cabeça de um desgraçado desse de ter o prazer de vê sua mulher sangrar ? Revolta me define nesse momento. Revolta por um Satanás de um homem que bateu em MINHA MÃE (…) Desculpa o desabafo , mas minha revolta é saber que amanhã ele vai estar solto por ai aquele lixo de homem. #REVOLTADA #tudoquesefazsepaga #leidavidapai”
47 dias depois de ter escrito seu desabafo e denunciado o espancamento de sua mãe, ela mesma se tornou vítima do mesmo tipo de violência que a enojava, praticada pelo próprio namorado. Jéssica foi agredida na casa em que morava com um amigo, em Vitória da Conquista, durante uma festa, na madrugada do dia 25 de abril.
Entre tantas coincidências envolvendo a data e o tema da postagem, um trecho de sua publicação é ainda mais emblemático, pois falava justamente sobre a impunidade dos homens que batem em mulheres, algo que também se revelaria em relação ao seu próprio caso, “minha revolta é saber que amanhã ele vai estar solto por aí”. O assassino de Jéssica está “solto por aí”. Após pagar 5 mil reais de fiança, Américo Vinhas foi liberado. No dia 5 de maio, a Juíza de Direito Juliane Nogueira Santana Rios, da Vara da Violência Contra a Mulher decretou a Prisão Preventiva de Vinhas Neto. Ele está foragido.
De todas as palavras de sua postagem, quase “proféticas”, espera-se que também se cumpra a parte final do seu texto, quando Jéssica diz, “tudo que se faz, se paga. Lei da vida”.
