Tome Nota – Um giro pela cena cultural conquistense e o que vem por aí…

atlanta

Por Mariana Kaoos

A poesia é mãe das artes e das manhas em geral:

primeiro topico

E aí gente boa, primavera chegou, já rolou eclipse de lua, flor desabrochando e calor, muito calor nessas tardes bonitas em azul intenso. Você já agradeceu ao universo por tudo isso? E pelo dia de hoje? Não? Talvez seja bom começarmos a exercitar a palavra “obrigado” para com tudo o que a vida nos oferece. Porque o certo é que ela (a vida) é mesmo incerta e, quando a gente menos espera, situações e pessoas inimagináveis aparecem diante de nossa existência e nos dão uma sacudida de ânimo e paixão. E essas sacudidas são bonitas, profundas, por serem simples e, por vezes, inocentes. É como acordar para ver o raiar do dia. Ou como catar conchinhas na beira da praia. Puras e cheias de significados ainda que, para muitos, não tenha sentido algum. E aí é agora que eu começo a falar de Cacilda Drumond. Grande poetisa que tive a honra de conhecer no aniversário de oitenta anos de minha avó Dircéa, lá nas Terras do Sem Fim, onde Nacib e Gabriela moram eternamente. Cacilda é mulher, é mãe, é engenheira, mas, acima de tudo, é um ser humano cheio de detalhes bonitos. Daqueles seres humanos que todo mundo deveria conhecer. Seus escritos poéticos causam em mim a sensação de contemplação da vida. É acalanto, é reflexão, é torpor e fúria em meu peito, que batem de acordo com o tom de cada verso dela. Sendo assim, para você que curte o universo das palavras, segue aqui essa dica de poesia contemporânea mineira (Cacilda é de lá). E para você que não curte esse mundo poético, coloco na íntegra o mais novo texto de Cacilda. Talvez, após essa leitura, a poesia chegue sacudindo a sua vida, fazendo com que queira agradecer ao universo por toda verdade encontrada nela:

Ao voar, a mágica paisagem e a possibilidade de turbulência.
Ao doar, a plena consciência prazerosa de não ser egocêntrico junto à probabilidade de não se lembrarem. Nem da atitude, nem de você.
Ao propor e criar, o preço de ser ora Deus, ora diabo. Seja pelo tempo, circunstância ou julgador.
Ao julgar, a capacidade de análise parecida com maturidade de mãos dadas com a pretensão hipócrita de ter certezas pra outros.
Ao viver, as mágicas possibilidades do desconhecido e as necessidades de aprender que se transvestem de sacrifícios.
E, como num espetáculo de teatro, a vida, ao vivo, não repete sequer um só segundo.
Não se pode afirmar que os atores vão se superar no próximo ato.
A luz, a cenografia e o som que se fazem cena poderão jamais ser os mesmos. Sobretudo, porque muda, a todo tempo, nossa forma de enxergar e traduzir.
Como num espetáculo ao vivo, agora, só se for agora.
Amor, só se for de verdade.
Carinho, só se for por vontade.
Porque a vida, ao vivo, não repete sequer um só segundo.
Se preciso for, que tudo mude, por dentro, pra se disponibilizar para o imutável: a certeza de que nem um segundo vem pela segunda vez.
Vida que segue…
Segue sem repetir…

– Cacilda Drumond –

Todo dia é dia D:

aborto

Palavras-chave do dia de hoje: Primavera. Céu sem nuvens. Sol. Suor. Calor. Trânsito. Trabalho. Estudo. Exaustão. Cotidiano. Cansaço. Surpresas. Sono. Sorrisos. Gestos automáticos. Esforço. Luta. Vinte e oito. Vinte e oito de setembro. Vinte e oito de setembro de dois mil e quinze. Dia latino-americano e caribenho pela legalização do aborto! É isso mesmo. Eu nunca abortei, mas várias outras sim. Eu não sei se um dia abortarei, mas, com certeza, inúmeras mulheres irão abortar. E para elas, que podem ser até eu mesma, é preciso oferecer qualidade para que esses abortos sejam realizados. Sim, porque isso diz respeito à vida das mulheres. E isso diz respeito à saúde pública. E isso diz respeito à minha, a sua e a nossa autonomia de escolher o que fazemos com o meu, com o seu, com o nosso próprio corpo. O único país na América Latina em que o aborto é legalizado é o Uruguai. Só no Brasil, mais de 850* mil mulheres realizam aborto anualmente. Desses procedimentos, mais de 250 mil ocasionam em morte para a mulher. Imagine o número de vítimas se acrescentarmos os outros países? É bem assim. As religiões condenam o aborto. A política condena o aborto. Ninguém fala sobre isso. E tem muita gente morrendo. Tem muita gente morrendo porque a prática do aborto não vai parar. E as clínicas e as quadrilhas clandestinas chegam com tudo, sem nenhuma segurança, oferecendo diversos riscos para diversas mulheres. E até quando a gente vai achar que esse tema não diz respeito à sociedade como um todo? Até quando a gente vai se calar e condenar e julgar? Quantas mulheres a mais precisarão morrer para que a gente compreenda a necessidade de pensar em políticas públicas voltadas para esse assunto que até hoje ainda é um grande tabu? Para além de todas as características pessoais que cada um teve/tem para com o dia de hoje, que uma delas, um desses pequenos, mas enormes adjetivos, possa ser de bem comum: REFLEXÃO.

Hei de ouvir cantar uma sabiá:

sabia

Vocês tão sabendo, né? Essa lei do silêncio, proposta pela Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, chegou “escaldando o pico” e dando muita dor de cabeça para os donos de bares da cidade que propõem som ao vivo. Um desses bares, aliás, um desses espaços é o Canto do Sabiá. Lá, na verdade, é muito mais um local onde artistas dos mais variados segmentos se encontram, batem papo em volta da fogueira, tomam uma cachaça e discutem e propõem e modificam a cena cultural conquistense. Seu dono, Sabiá, é fotógrafo e conta, a partir de suas fotos expostas nas paredes do bar, um pouco da história de Conquista através do seu olhar sensível e delicado para com as belezas da nossa cidade. Tem mais ou menos um mês que, devido ao som (que todos alegam que não estava alto), os vizinhos reclamaram do barulho e os responsáveis por colocar em prática essa lei do silêncio foram lá e deram duas notificações ao bar. Acontece que o nível de decibéis medido da porta deu de 75, logo, foi um equívoco notificar o Sabiá. Também existe uma pressão para que o Canto feche, mas os apaixonados por cultura já estão se articulando para salvar um dos poucos e bons espaços de encontro alternativo de Vitória da Conquista. Nesse dia 1º de outubro, a partir das 19 horas, vai rolar um sarau aberto. Intitulado Deixa O Sabiá Cantar o evento tem como objetivo reunir público e artistas para uma noite de música, poesia, surpresas e afins e, claro, fazerem força, gerarem pressão para que o Canto do Sabiá permaneça vivo e fértil. A entrada é gratuita e quanto mais gente melhor. E aí, vamos lá pra virar passarinho e mostrar que o nosso canto é forte e faz reverberar?

Um movimento qualquer, sobe à cabeça e os pés:

efusion

Pega visão que esse fim de semana tem festa das quentes por aqui. Vai ser a mais de mil decibéis e tudo indica que o som vai rolar solto até o dia nscer. Então grave esse nome: E-Vision. É sábado, lá no Janela Cajaíba, a partir das 21 horas. E sabe quem vai tocar? Uma troupe de gente boa que vem mostrando seu trabalho no cenário cultural conquistense com muita qualidade: Medman, Fractal Flow, Lirali, Renatinho Shotgun, Complexo Ragga e Lil’Chen. O nome Complexo Ragga já é sinônimo de coisa boa. Eles tem tocado muito pela cidade e, mais ainda, eles tem se preocupado em fazer com que a cena de dancehall permaneça viva por aqui. Os djs escolhidos para se apresentarem na E-vision também não deixam por menos. Absolutamente todos tem feito acontecer ou, no mínimo, tem tocado nas raves e pvts em Conquista e trilhando por caminhos de produção alternativa, apresentando ao público propostas culturais bacanas para serem consumidas. O ingresso tá a quinze reais e pode ser adquirido nas lojas da Chilli Beans, no centro e no Shoping Conquista Sul. Se prepare, porque a dança é livre e o ritmo frenético. Só não pode invocar de querer entrar na caixa de som, hein!

Apaches, punks, existencialistas, hippies, beatnicks de todos os tempos, uni-vos!:


panela

Aqui as panelas estão cheias! Cheias sim! Cheíssimas de debates, de luta, de ideias bacanas para movimentar e levar o poder de reflexão à sociedade conquistense. Nesse sábado, a partir das oito horas da manhã, ocorrerá o Panela Cheia, ato político que tem como objetivo fazer uma caminhada a favor da democracia, contra os diversos golpes que senhores como o deputado Eduardo Cunha vêm fazendo dentro do nosso cenário político brasileiro. Pelo menos é isso que os produtores do evento afirmam com veemência. Quem propõe o ato são dirigentes de algumas organizações políticas como o Partido dos Trabalhadores, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a CEDASB, a COOPASUB, dentre outros. A concentração será na Praça Guadalajara (a da escola Normal) e os organizadores pedem para levar um quilo de alimento não perecível que, posteriormente, será doado a alguma instituição de caridade. Para os esquerdistas de plantão, é a hora, o momento, o evento certo para unirem-se e mostrar que seus ideais políticos ainda estão vivos e firmes e que haverá luta para que eles permaneçam assim. Então no sábado a gente se vê por lá, combinado?

  • Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/850-mil-mulheres-realizam-aborto-brasil-por-ano.html


Cultura, Vitória da Conquista

Comentário(s)


One response to “Tome Nota – Um giro pela cena cultural conquistense e o que vem por aí…

  1. A diferença entre esse ato a as manifestações é que ele é proposto por dirigentes de partido, de sindicatos, as manifestações são convocadas pelo povo… A panela pode estar cheia, mas os bolsos vazios e a dignidade perdida num mar de corrupção que a “esquerda” insiste em defender…Lembrarei de não passar por essa praça no domingo, pessoas vestidas de vermelho com bandeiras do PT em punho deveriam ir na periferia ver se as panelas estão cheias, deveriam ir as escolas ver a qualidade do ensino oferecido,o pior cego é aquele que não quer ver…

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