Giorlando entrevista: Herzem fala sobre Guilherme, candidatura em 2016, Zé Raimundo e muito mais

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Por Giorlando Lima (http://blogdegiorlandolima.com/)

Infelizmente, por uma questão técnica (computador quebrado) ainda não pude transcrever a entrevista completa que fiz com o radialista, deputado estadual e pré-candidato a prefeito de Vitória da Conquista, Herzém Gusmão (PMDB), prometida para o final de semana que passou. Mas, com o auxílio luxuoso de um smartphone Samsung A3 consegui separar alguns trechos que publico a seguir. Pelo que você lerá a partir de agora dá para ter uma ideia do que vem por aí, por isso, por favor, tenha só mais um pouco de paciência e aguarde.

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SOBRE GUILHERME E O GOVERNO

“Boa tarde, prefeito”

Eu não sou inimigo do prefeito. Eu sou um crítico dele. Se eu tiver a oportunidade de encontrar ele em algum lugar vou cumprimentá-lo. Estou avisando a ele que se eu tiver a oportunidade de encontrá-lo, eu vou me dirigir a ele e dizer “boa tarde, prefeito”. Se ele não responder, paciência.

Prefeito tenso

Só acho que ele é muito sensível a críticas, muito tenso. Guilherme é um homem triste, muito tenso, pra baixo. Não sei em função de quê. Talvez pela administração desastrosa que ele sabe que está fazendo.

Oração

Minha família ora pelo prefeito. Eu não sou inimigo dele. Guilherme é o meu prefeito, é o seu prefeito, é o prefeito de José Raimundo, de Waldenor, de Nilo Coelho, de Marcelo Melo… Ou não é? É o nosso prefeito.

Nada a elogiar

Eu não vejo nada que eu possa elogiar neste governo, atualmente. Eu queria fazer um editorial leve, de reconhecimento, mas não vejo. O que tem funciona como laboratório de propaganda. Não é má-vontade minha não. Ah, achei uma coisa boa agora: até que enfim resolveram fazer uma restauração no estádio Lomanto Júnior. Pode não ser uma prioridade, mas pelo menos estão colocando lá R$ 1 milhão para dotar o estádio de um gramado padrão Fifa. Pelo menos eles falaram isso.

PORQUE FICOU CONTRA GUILHERME

O PT e o prefeito mudaram

Estou vendo aí uma administração cansada. Eu não poderia continuar apoiando um prefeito que mudou tanto. Um partido que nasceu sob a bandeira da ética, da moralidade e da decência e abandonou tudo.

Era um entusiasta da administração municipal

Eu confesso a você que eu me impressionei com a chegada do prefeito Guilherme. Ele, de fato, fez um grande governo, nos quatro primeiros anos. Eu me entusiasmei. Cheguei a compará-lo a um Jadiel da era moderna, pela forma como trabalhou: leve, suave, não perseguia ninguém, não retaliou ninguém. Fez um governo moderno, teve o respaldo popular, para que ele pudesse implementar as transformações na cidade.

Até correligionários se queixam

Ora, mas depois eu vi que o prefeito mudou. A forma como ele começou a encarar as críticas, o relacionamento com os adversários e até com correligionários que pensam diferente dele. Até pessoas ligadas ao PT. A cidade ficava sem entender porque ele buscava figuras políticas fora, sendo que ele tinha aqui deputados, parlamentares do próprio partido. Os atuais deputados Waldenor e José Raimundo, quando quiseram disputar, pela primeira vez, uma cadeira, primeiro Waldenor na Assembléia (Legislativa) e depois para a Câmara dos Deputados, com José Raimundo para a Assembleia, não contaram com o apoio do prefeito, sendo que essas duas figuras construíram também o poder de quase 20 anos.

Saúde ficou ruim

Então, eu não mudei, ele mudou. Veja a saúde hoje. Naquela época (1997/2004) Conquista tinha 33 equipes de saúde da família e, de lá para cá, só aumentaram mais seis equipes. Podemos colocar três do presidente Lula e três de Dilma Rousseff. Naquela época, com 33 equipes de saúde da família, Conquista tinha um atendimento de saúde extraordinário.

Segurança pública

E tem a questão da segurança, que o prefeito tem que se envolver. Os programas sociais inexistem, a educação é ruim, uma escola que decepciona os pais, porque os alunos não conseguem ler e escrever. Vitória da Conquista é uma das cidades mais violentas do Brasil. De 5570 municípios, Conquista é 24ª em relação a morte de adolescentes de 16, 17 anos, segundo o Mapa da Violência, Instituto Sangari, que é reconhecido pelo Ministério da Justiça. Como é que você vai ficar apoiando um governo assim?

Manutenção do monopólio no transporte

Veja a questão do transporte coletivo, que não avança. Quatro empresas ele (o prefeito de Conquista) conseguiu quebrar e não consegue quebrar o monopólio, porque há o monopólio de linhas. Ele não moderniza o transporte púbico. Eu tenho essa preocupação. Lembro que veio um ônibus articulado e a Viação Vitória tentou colocar esse ônibus para rodar em Conquista, resultado: eles não conseguiram um percurso para o ônibus no traçado da cidade, em função do tamanho. Isso denota que é preciso repensar Conquista, preservar os poucos corredores que ela tem e abrir outros, para o BRT, VLT, que ele condenou tanto, com veemência, no debate, porque não aceita a modernidade. Então, você não pode ficar acompanhando e apoiando um governo desmotivado.

VAI SER MESMO CANDIDATO?

Depende dos critérios

Nós temos vários nomes bons. Para a escolha do candidato a prefeito serão estabelecidos critérios. Se o critério evidenciar que eu não devo ser candidato tenho chance, eu não serei candidato. Nós estamos em nossas reuniões, trabalhando para vislumbrar um caminho

Um critério é a pesquisa

A pesquisa (de intenção de voto) é um critério de escolha interessante. Não significa que alguém que está com mais de 30% já esteja definido, em detrimento a um que está com 15% e outro com 10%. Eu acho o seguinte: todo mundo que tem 10% está no páreo, com chances reais.

PT quer forçar o 2º turno

Pedral tinha uma tese, que só ele ficou com essa tese (na eleição passada). É a mesma tese do governador Rui Costa para Salvador, que quer a pulverização de candidaturas, ter mais candidatos, para forçar um segundo turno, diante do desempenho de ACM Neto. A tese de Pedral era de que quanto mais candidatos melhor. Mas, na atualidade, eu diria que Pedral pensaria diferente, porque quem está querendo provocar um segundo turno (em Conquista) é o PT. O PT está com a eleição perdida, perde no primeiro turno. Eles estão agora brigando para fazer pulverização de candidatos e torcendo que a nossa unidade seja quebrada para facilitar que eles permaneçam aí, por mais 20 anos.

SOBRE A TRAJETÓRIA POLÍTICA

A origem e a ideia

Vou falar algo aqui que pode desagradar algumas pessoas. Eu vim de berço da UDN, apoiando Gerson Gusmão Sales, Edvaldo Flores… e contra Pedral. Quando Pedral foi cassado meu pai vibrou. E eu achava que ele estava certo. Em 1964 eu tinha 14 anos e achava isso. Mas em 1970 eu conheci a ideia, por meio de Jadiel, que dizia que a ideia é fundamental, porque os homens passam e a ideia permanece. Foi quando eu aprendi, verdadeiramente, a política, na essência.

O ex-prefeito Jadiel Matos é a referência política de Herzém.

O despertar

Eu pensava, equivocadamente, que nós, jornalistas, não deveríamos nunca nos filiar a partido político. Até que, no curso de pós-graduação que fiz na UESB,  o professor Albino Rubin, disse que isso era uma grande bobagem – e é.

Em 2008 era para ser Abel

Em 2008 eu não sairia candidato. Eu coloquei meu nome por uma circunstância, porque meu candidato era Abel (Rebouças, ex-reitor da UESN). Cheguei a falar com Pedral, com Bira, com Raul. Mas, o professor Abel mudou. É um político sem firmeza. Firmeza e coragem. Se ele tivesse as duas coisas poderia ter ganhado aquelas eleições, porque naquela oportunidade, em 2008, iria agregar mais do que eu.

Gosto pelo Parlamento

Eu gostaria muito de continuar com meu mandato de deputado estadual. Tenho dito isso, de coração.

SOBRE A ELEIÇÃO DE PREFEITO

Visando a disputa

Eu estou me preparando mais, me reciclando, para apresentar as melhores propostas.

Pensando no governo

Não faço negociação de cargos em troca de apoio. Invoco o testemunho de todos os partidos, desde 2008, se eu prometi secretaria a quem quer seja para ter partido na coligação. Conquista precisa de, no máximo, dez secretarias. No meu coração, na minha cabeça, no meu pensamento: oito secretarias para começar a fazer uma revolução e governar esta cidade. E governar com os melhores. Sem parente, sem presidente de partido político, a não ser que ele seja um quadro extraordinário.

Uma promessa

Hoje estou mais aberto às ideias e não terei problema de valorizar bons técnicos, mesmo que sejam do PT. Jadiel quando foi prefeito foi capaz de conviver com adversários, de convocar adversários para trabalhar. Em 2012, quando todos pensavam que eu ia ganhar a eleição – e eu pensei que ia ganhar a eleição, e só não ganhei pela maneira sujeira como o PT conduziu a campanha -, meus filhos me disseram: “Meu pai, nós conhecemos pessoas, técnicos extraordinários do PT (que trabalhavam na Prefeitura). Se o senhor for eleito vai tirá-los?”. Eu disse: de jeito nenhum. A Prefeitura não é minha, o poder é efêmero. O maior sonho meu é governar com os técnicos que estão dentro da prefeitura. Ninguém conhece mais Conquista do que quem está lá dentro.

Definição de candidato só no ano que vem

Daí que acordamos entre nós da oposição, eu, o governador Nilo Coelho, Marcelo Melo, coronel Esmeraldino e Arlindo, que primeiro vamos elaborar um projeto de governo, com a contribuição de técnicos e pessoas que pensam Conquista, para só depois, no ano que vem, isso é o que está acordado, nós estabelecermos critérios para a escolha da chapa para disputar a eleição.

A hora é de debater os projetos

Minha preocupação é com Conquista. O que está funcionando e o que não funciona. O que a gente pode fazer, quais os projetos que a gente pode elaborar. Para isso nós contamos com figuras fantásticas, voluntários, que têm se dedicado nessa missão. E nisso contamos com um ex-ministro, que é o professor Ubirajara Brito, 80 anos, mas um jovem, porque está em sintonia com o mundo moderno, com o Brasil e com Vitória da Conquista. Ou seja, estamos pensando Vitória da Conquista, debatendo projetos para a educação, saúde, as questões estruturais, a zona rural, água e outros aspectos importantes, para só depois pensar em qual é o melhor candidato para tocar esse projeto.

PT E PCdoB

Rifaram o candidato

No PT e em Conquista, para fazer parte do governo basta ter um partido político na mão, que você senta com o prefeito e acerta. Porque já aconteceu, quando rifaram a candidatura de Fabrício. Chamaram Fabrício, o PCdoB queria espaço e o prefeito deu mais secretarias e rifaram a candidatura de Fabrício (a prefeito, em 2012).

Coadjuvante

O PCdoB é um eterno coadjuvante do PT. Eu não sei se Fabrício vai resistir, suportar a pressão dos governos (municipal e estadual) e manter essa postura de ficar em cima do muro.

SOBRE OS ADVERSÁRIOS

Qual dos nomes do PT prefere enfrentar

Hoje, o Brasil mostra que não existe candidato forte no PT. O PT acabou e está em estado de putrefação. Precisa ser repensado ou passar a régua e pensar em outra coisa. Eu não posso estar preocupado com um candidato do PT. Nossa preocupação é com a unidade, é manter a unidade  das oposições. Nós precisamos repetir 2012.

Fabrício busca a sobrevivência política

Fabrício, inteligentemente, colocou o nome dele na disputa. Senão, ele ia sumir, desaparecer. Ele teve 18 mil votos em 2010 e caiu para 13 mil em 2014. Quando deveria avançar, encolheu. Se ele coloca o nome está em evidência. Agora, eu não acredito que ele, não indo para o 2º turno, deixe de apoiar o PT. Eu disse isso a ele. E ele respondeu que se não passar para o 2º turno ficará neutro, não subirá em nenhum palanque.

Quem elegeu José Raimundo

Eu disse a José Raimundo que ele deveria me agradecer pela eleição dele. Eu falei: Eu fui o seu principal aliado, quem lhe deu a vitória foi a Rádio Clube. A cidade toda sabe que foi a Resenha Geral, a Rádio Clube que o elegeu. O pessoal de Cori (Coriolano Sales, candidato adversário de José Raimundo em 2004) até hoje me cobra. dizendo que a Resenha Geral elegeu José Raimundo. Então, ele não sendo candidato deveria pedir voto para mim.

Sobre Odir

Daqui a pouco quem vai disputar o 2º turno com a oposição pode ser até Fabrício, porque o prefeito está achando que ele elege um poste. E um poste sem fio e sem lâmpada, um poste no deserto, lá no meio do tempo.

Recado final

O prefeito Guilherme mudou. Eu conheci Guilherme como Cebola. Tocava violão, andava no meio dos jovens do Colégio Batista. Amigo de Fernando Eleodoro, que trouxe ele pra cá, amigo de Ubirajara Mota, Ariel, Eli… Ele já foi mais alegre, mais comunicativo. Hoje, ele não me parece feliz. Mas eu desejo que ele seja alegre, E que Deus o abençoe. Prefeito, de coração: Deus lhe abençoe.

Entrevistei Herzém Gusmão na sexta, 11/09, na Rádio Clube.

  • A FOTO DE JADIEL (DISCURSANDO NA CAMPANHA DE SEBASTIÃO CASTRO, 1988) FOI FEITA POR HILDEBRANDO OLIVEIRA.


Entrevistas, Política, Vitória da Conquista

Comentário(s)


3 responses to “Giorlando entrevista: Herzem fala sobre Guilherme, candidatura em 2016, Zé Raimundo e muito mais

  1. Rodrigo,

    Parabenizo o jornalista Giorlando Lima pelas entrevistas com o prefeito Guilherme Menezes e, agora, com o deputado estadual Hérzem Gusmão.
    Há algum tempo já se fazia necessário entrevistar as lideranças políticas da cidade com perspicácia, ética e conhecimento de causa.
    Tenho certeza de que as entrevistas prosseguirão com outros políticos de Vitória da Conquista. O trabalho do jornalista vai contribuir, no mínimo, para iluminar o cenário da disputa eleitoral de 2016.
    Um grande abraço,

    Dirceu Góes – Jornalista e professor do curso de Comunicação da UESB

  2. Esse senhor acha que o povo é bitolado e acredita nesse lero-lero dele. Triste candidato que só sabe criticar até mesmo onde não há o que criticar.

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