Conquista: no dia nacional do livro, sebo da cidade resgata obras históricas

parque logistico

Por Juraci Santana

Foto: Juraci Santana
Foto: Juraci Santana

Para os frequentados assíduos do sebo O Livreiro, o 29 de outubro, Dia Nacional do Livro, é diário. As dezenas de pessoas vêm ao local diariamente, têm que se acomodar num espaço de poucos metros quadrados, incrustrado no centro de Vitória da Conquista

O sebo existe há 17 anos, e começou com o empresário Raimundo Araújo que, na juventude, chegou a trabalhar numa grande livraria da cidade, mas abandonou o ofício para abrir o próprio negócio. Ele começou a se dedicar a uma prática muito caseira de comprar e vender livros entre conhecidos. A atividade cresceu e ele teve que conseguir um espaço para transformar a paixão em negócio de renda. E o projeto resiste até hoje com um público que, além de adorar leitura, vêm ao sebo pelo clima saudosista e nostálgico.

Para o aposentado Carlos Rodrigues, a passagem diária pelo sebo é obrigatória. Alheio ao universo da leitura digital, Rodrigues não abre mão de ler enquanto tateia as folhas amareladas de obras clássicas da literatura. Ele é cliente assíduo de alguns sebos da cidade e ainda faz questão de montar uma rede de trocas com amigos. A exclusividade dos títulos é outro atrativo que o aposentado encontra nos sebos. Segundo ele, os livros “são raros, bem conservados. São verdadeiras preciosidades, além do preço ser muito bom”.

Foto: Juraci Santana
Foto: Juraci Santana

Nas estantes e prateleiras é difícil encontrar uma sequência de livros com o mesmo título. Sebo é um lugar diferente da livraria convencional, pois os frequentadores vêm dispostos a garimpar. Segundo Nilson Nonato, funcionário há quatro anos do sebo, têm clientes que passam horas visitando os milhares de títulos do sebo sem saber, ao certo, qual obra levar. O que ele mais vê são clientes procurando determinados livros, mas levando outros que encontraram a custo de muita paciência.  “O acervo muda muito rapidamente, pois a gente geralmente só tem um título de cada livro, então temos muitos livros, mas raros. Então, as pessoas mais saudosistas vêm aqui pra comprar, encontrar algumas preciosidades”, afirmou Nonato.

“É um pessoal que sempre vem. Além disso, o sebo é um atrativo. Algumas pessoas deixam as quintas, sextas e até feriados para virem ao espaço.”

Quem sustenta o mercado é justamente aquele público que não aderiu ao digital. Além disso, você encontra praticamente de tudo num sebo. “O frequentador de sebo é até maior que o de livraria, pois encontra-se de tudo. Tem gente que vem aqui só pelos quadrinhos.”, afirma Nonato.

Muito mais do que um local de adquirir obras clássicas da literatura ou LP’s que quase ninguém mais tem, os sebos funcionam como locais de preservação e resistência do hábito de ler o papel, folear as páginas envelhecidas com o tempo e trocar experiências com outros aficionados em raridades.



Cultura, Vitória da Conquista

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