Mesmo procurado, pai suspeito de esfaquear e matar filha não pode ser preso; ele estuprava a vítima

A polícia paulista continua à procura do caseiro, de 28 anos, suspeito de matar a filha pouco depois de sair da cadeia. Letícia Tanzi Lucas, de 13 anos, foi assassinada a facadas em São Roque, cidade á 70 km de São Paulo, porque teria denunciado o pai pelo crime de estupro e se recusou a tirar a queixa. Como não foi pego em fragrante, o suspeito não pode ser preso durante as eleições.

Segundo o artigo 236, do código eleitoral 4737/65, “nenhuma autoridade poderá, desde cinco dias antes e até 48 horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor”. Suspeitos só podem se forem pegos em “flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto”.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que caso o suspeito seja encontrado a polícia deverá cumprir a lei. “Ele será levado à delegacia, será interrogado, mas não poderá ser preso devido à lei eleitoral.” O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) afirmou que só após o período eleitoral poderá ser dado cumprimento ao mandado de prisão expedido pelo órgão.

A Polícia Civil de São Roque esclarece que segue as buscas na região e a SSP esclareceu que foi solicitada medida protetiva para a mãe da garota “também agredida pelo caseiro”.

O suspeito foi condenado a oito anos de reclusão por estupro, mas recebeu o direito de recorrer em liberdade por ter atendido a todos os chamados da justiça, segundo informa o TJ-SP.

O caso

Letícia Tanzi Lucas, de 13 anos, foi morta na  madrugada de quarta-feira (3) porque teria se negado a retirar a queixa de estupro feita em junho deste ano contra o pai. O acusado já estava cumprindo pena por violentar a cunhada de 20 anos que tem problemas mentais. O crime ocorreu em 2012, mas demorou para ser denunciado e não houve flagrante.

Ele chegou a ser detido na época, mas acabou solto para responder em liberdade. Condenado a oito anos de prisão, em junho deste ano foi mandado para a Penitenciária de Capela do Alto. Após entrar com recurso na Justiça e comprovar ter residência fixa e outros atenuantes, ele foi colocado em liberdade na terça-feira (2).

Quando estava preso, a filha também resolveu contar que tinha sido vítima de abuso do próprio pai. Detalhes do crime foram relatados na Delegacia de Defesa da Mulher, onde o inquérito ainda não havia sido finalizado.

Um dia após sair da prisão, ele foi atrás da filha em um sítio no bairro Guaçu 2, em São Roque, onde morava com a mãe, para pedir que retirasse a queixa, mas ela não quis.

A negativa fez com que a garota fosse morta a facadas. Ele agrediu ainda a mãe da vítima, que correu e se trancou em um cômodo na casa da vizinha. A mulher contou que o acusado tentou enforcá-la ao vê-la com o celular ligando para a polícia.

Antes de matar a filha, o homem trancou o irmão dela, de 6 anos, dentro de um quarto. Foi a criança que informou aos policiais o que havia ocorrido quando eles chegaram ao local. O suspeito teria fugido a pé entrando por uma mata nas imediações.



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