Conquista: Prefeito Guilherme fala sobre possíveis sucessores e panorama político atual

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Do Blog do Massinha

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Natural da cidade de Iguaí, o medico formado pela Escola Bahia de Medicina, ex-deputado estadual e atual prefeito de Vitória da Conquista Guilherme Menezes, explicou o momento vivido pelo PT nacionalmente, sua vida política e o falou sobre o debate para escolher seu sucessor nas eleições municipais.

BM: Como você viu essa mudança repentina com sua inserção na vida política ?

GM: Havia uma necessidade de um setor político de se criar a Frente Conquista Popular com José Gomes Novais, na época no PT, que era o grande nome e um verdadeiro revolucionário, e pessoas do PCdoB, PV, PSB e do próprio PT. Terminei me filiando ao Partido Verde (PV) e recompomos o partido aqui na cidade, foi um trabalho com um resultado que nós não esperamos, muitos diziam que a Frente Popular iria obter de 1800 a 2000 votos. E na verdade  obtivemos aqui 14 mil votos, isso já em 1992. Depois eu me desfilei só que foi da política, fui naquela época a Salvador para agradecer o presidente do Partido Verde e sai da sigla. Posteriormente veio o convite com a própria insistência de alguns companheiros, como o ex-deputado Zilton Rocha, que insistia muito e houve uma aceitação por parte da população de Conquista de um projeto político que começava a nascer com a Frente Conquista Popular. Acabei aceitando o convite e quando Lula veio até aqui com a “Caravana da Cidadania”, terminou abonando minha ficha com Zilton para o Partido dos Trabalhadores. Depois disso, voltei ao trabalho normal, e em 1994, o partido me convidou para que saísse candidato a deputado estadual. Mais uma vez cedi e naquele pleito fui eleito deputado estadual. Dois anos depois novamente o partido solicitou minha presença, agora como candidato a prefeito, daí venci as eleições municipais e começou essa caminhada institucional à frente do governo de Vitória da Conquista. Hoje estamos no quinto mandato desta coligação Conquista Popular e pelo nome do Partido dos Trabalhadores.

BM: Temos hoje em Vitória da Conquista uma turbulência política dentro da base, o PCdoB sai do projeto com o deputado Fabrício Falcão se lançando pré-candidato. O PSB já tem naturalmente uma vontade de mostrar sua “cara” defendendo uma candidatura própria. Seria possível uma reestruturação e com partidos como o PSL, PV, PTB e PP, manter a base política e consequentemente continuar com o projeto iniciado em 1992?

GM: Eu vejo até com alegria, porque mostra que nós enquanto “Frente Conquista Popular” administramos Vitória da Conquista pelo menos no agrado da imensa maioria da população. Isso significa também que despertou o interesse de jovens e pessoas que não estiveram lá em 1992 para estarem concorrendo a prefeitura de Vitória da Conquista, e essa caminhada estimulou também o interesse pela política, que era uma coisa nobre, limpa e decente. Acho natural que integrantes de todos os partidos seja do PV do PCdoB, PSB que lancem também seus pré-candidatos. Composições sempre são importantes no momento que houver necessidade. Estou tranquilo quanto essa movimentação e sempre gostei de chamar a atenção da população que nenhum candidato ganha ou perde a eleição quem ganha ou perde nesse caso é o povo que escolhe. Quando a escolha foi correta a população nota durante o governo, quando não foi, ela saiu perdendo. A grande responsabilidade quem tem que ter é a população, os eleitores na hora da escolha e de forma majoritária. O que me interessa aqui é trabalhar até o dia 31 de dezembro do ano que vem e sempre buscando que o nosso governo esteja à altura das responsabilidades que a população nos colocou.

BM: Sempre foi marca do governo desde que foi implantado a questão da criança e dos trabalhos sociais voltados também para as famílias. Há uma coisa que a cidade observa nas suas gestões e agora recentemente nós vimos com a entrega do Conservatório de Música, no Memorial Glauber Rocha, vemos que você fica bastante feliz ao entregar uma obra como aquela que irá propiciar aos jovens de menor poder aquisitivo conviver com a música e com a cultura, coisa que geralmente não acontece.

GM: Nós temos um planejamento, quando iniciamos era comum a gente colocar para a população praticamente todas as reuniões. Nosso modelo de governar era da periferia para o centro, do mais necessitado de políticas públicas para aqueles que já gozavam do que esses benefícios tinham de melhor para oferecer. Então, pegamos um município naquele momento dentro do contexto diferente do país com déficit de vagas nas escolas. Só entre a idade de 7 a 14 anos quase 10 mil e 500 vagas a menos. Era comum as mães dormirem nas filas para no dia seguinte ver se conseguiam uma vaga para o filho. Conseguimos com muito esforço zerar, tendo hoje 42 mil alunos e ofertando 55 mil vagas, ou seja, temos um estoque de 13 mil vagas. Quanto a questão do Conservatório Público através de excelentes professores na área de teclado, e cordas, propiciamos a juventude essa convivência com a música. O principal objetivo não é transformar ninguém num virtuoso da flauta, do violão ou piano mas trazer a musicalidade para o convívio deles. Todos os anos para a nossa satisfação o Conservatório de Música tem colocado alunos inclusive na Universidade Federal da Bahia, no curso de música. São alunos principalmente em violão, alguns já saíram até do país para fazer pós-graduação. Então é muito importante que eu veja a alegria desses jovens e para suas famílias a satisfação de tê-los participando desse projeto.

BM: São quase 20 anos de governo e evidente que em qualquer administração chegue a um desgaste natural e desejo de mudança talvez por parte da população. Apesar de tudo isso você acredita que a sucessão é tranquila? Como você está convivendo com essa realidade?

GM: A eleição nunca foi e nem será coisa tranquila, qualquer erro pode alterar o resultado, mas, eu sinto que a população de Conquista tem esse gosto singular pela política e de estar debatendo ela. Sempre vi a autonomia na população e inclusive em outras esferas de governo. Sei que não é fácil, pois, são vinte anos, o governo procura se renovar a todo momento, e quando falo isso se dá através de instrumentos como o próprio orçamento participativo. As pessoas aprenderam por esses espaços criativos dados no orçamento participativo, tendo nossa cidade como um dos únicos municípios do Brasil, se não o único, que tem uma OP com 18 anos e no seu 11º Congresso realizado. Porque sabe que as prioridades ali escolhidas são honradas pelo governo e as que não foram contempladas ou as pendências que ficaram, todas tem as explicações do porquê não terem sido ainda realizadas. Essas são técnicas de modernizar, oxigenar o governo e aproximar a população para que o governo possa escolher realmente o que vá impactar a vida das famílias tanto no campo quanto na cidade.

BM: Já a partir de seu primeiro governo, Vitória da Conquista se destacou com o seu modelo de governar e passou a ser uma referência nacional. O seu nome foi inclusive citado várias vezes no nosso Estado e pelo próprio governo do PT como um possível candidato a governador da Bahia. Isso passou pela sua cabeça, você recuou, ou seu estilo discreto fez com que essa proposta não tivesse avanço?

GM: Em 2002, o próprio ex-governador Jacques Wagner veio aqui a Conquista fazer essa consulta. Pois, muitos partidos vieram aqui para oferecer uma pré-candidatura para governar o Estado. Mas, sempre dizia que o meu compromisso era com Vitória da Conquista jamais assumiria uma responsabilidade para qual nunca tinha pensado, por vaidade com certeza não seria. E o resultado é que Wagner quando aceitou a candidatura, em 2002, eu  chamei o partido e me reuni com alguns representantes da sigla e propus a minha saída como candidato a deputado federal para que meu vice naquele momento, o professor Zé Raimundo, tivesse o nome mais conhecido e o projeto tivesse daí a dois anos há possibilidade  de continuar. Foi o que houve, eu sai para uma campanha totalmente arriscada e paupérrima para deputado federal e acabou vindo a vitória. Com isso, Zé Raimundo assumiu a administração da cidade durante esses dois anos e depois de dois anos mesmo na eleição de vice dando continuidade ao projeto.

BM: As eleições se aproximam e a movimentação das oposições é intensa. Vários nomes são colocados, inclusive por se acreditar num segundo turno, mas nada é definido até o governo decidir a sua candidatura. Dentro da base vários nomes podem sucedê-lo na prefeitura da cidade, a propósito, você já teria um nome da sua preferência?

GM: A população de Vitória da Conquista pode ficar tranquila que dá minha parte eu vou ter que apoiar um nome em tempo porque tenho um compromisso e só apoiarei alguém que  pela minha ótica esteja à altura com transparência e sempre disposto a ouvir a população. Pois, esse é um grande atributo que se deve ter para uma cidade que tem 304 povoados rurais e 11 distritos e uma imensidão de bairros. Minha primeira preocupação é a respeito da escolha deste nome que nós temos dentro do governo. Mas, talvez sejam nomes que não tenham aquele apelo eleitoral e não estejam feitos ainda na cabeça da população. Vamos intensificar o debate desse nome dentro do partido a fim de escolhermos o nomeado, não no ponto de vista ético que temos vários bons candidatos, mas, aquele que possa abraçar este projeto da melhor forma e com possibilidade de obter mais uma vitória.

BM: É possível que este candidato seja da base e não seja do PT?  E também saia da sociedade e possa não estar inscrito em nenhum partido da base, mas que tenha aprovação da população?

GM: Tudo é possível! Vai depender primeiro da discussão interna do PT que é uma sigla que nunca foi fácil, não faço uma crítica negativa, pelo contrário, isso ocorre por se tratar de um partido que não tem dono e então todo mundo tem o direito de tá discutindo tem suas tendências, seus campos e isso às vezes dificulta . Mas, teremos que vencer essas dificuldades em torno de um projeto político que acredito até agora ter dado certo. Eu recebo  muitas comunidades e representações e sinto que o governo não está desgastado, continua merecendo o respeito da população . Nós temos chances sim, com relação a quem vem de fora tudo vai depender do partido primeiramente e dentro da coligação que virá a ser constituída.

BM: Nós vimos recentemente uma manifestação da situação defendendo o governo que está no poder. Não obstante todos esses problemas a nível nacional, o prefeito tem a tranquilidade de ir às ruas e fazer entrega das obras. Como você vê essa questão de que a administração municipal passar incólume diante da situação do governo nacional?

GM: Eu diria enquanto filiado ao partido que em âmbito nacional existe uma desonestidade de quem não soube aceitar a derrota nas eleições. A presidente foi eleita com 54 milhões de votos e de forma transparente por intermédio de urnas eletrônicas que é um dos sistemas de votação e apuração dos mais modernos do mundo. Por mais que haja críticas e se coloquem suspeitas, digo de sã consciência que ela venceu de forma limpa e existem lobistas que querem ganhar no grito, querem chegar à presidência de uma forma ou de outra inclusive causando toda aquela confusão no Congresso Nacional, principalmente na Câmara de Deputados. Trazendo prejuízo para a população e principalmente para classe trabalhadora. Eu gostaria de lembrar, como sempre tenho lembrado, que estamos no Nordeste e Conquista faz parte do “polígono da seca”, estamos entrando no quinto ano de seca severa. O nordeste continua recebendo como em todo Brasil, políticas sociais importantes diretamente para vida dessas famílias. E é importante que a população note que foi graças a um projeto político chefiado ou comandado a partir do governo Lula que houve essas mudanças. E aqui em Conquista, diferente do Brasil, o governo local é quem é mais próximo da vida das pessoas. Estamos presentes aqui, na zona rural , nos bairros , conversando diuturnamente. Então é natural que as pessoas enxerguem mais o governo local do que o federal principalmente com essas críticas tão severas. Mas, fico feliz em ver que o meu governo é respeitado porque temos muito tempo, trabalho e muito dinheiro para investir no município graças a credibilidade que esta prefeitura tem. Só de infraestrutura de PAC I e PAC II conseguimos R$ 134 milhões de reais de financiamento do governo federal. A primeira etapa de R$ 48 milhões com R$ 34 milhões de recursos próprios do governo federal e a segunda  de R$ 86 milhões de reais, tanto que estamos construindo uma nova usina de asfalto para dar vencimento a tantos recursos e obras que precisamos fazer e que a cidade precisa. Mostra que apesar dessa crise muito do que se fala é inventado é a mídia propagando a todo momento como se o Brasil estivesse à beira de um precipício, isso não é verdade, tem gente com saudade da cadeira da presidência da república. Mas, o país está avançando essa intranquilidade política e nossa cidade vai continuar seguindo com a população atenta, e tenho certeza que no próximo ano as consciências estarão sintonizadas com o processo político e não tenho dúvida que será escolhido o que é melhor para o município.

BM: As últimas obras que foram entregues aqui em Vitória da Conquista tivemos, por exemplo, a escola Maria Célia Ferraz, o Estádio Municipal Edvaldo Flores , o Estádio Lomanto Jr que são nomes que historicamente são adversários seus, mas continuaram nessas obras. Algumas pessoas chegam a falar que o governo do PT costuma a tirar a característica inicial e identidade das obras. O senhor diria que isso contraria essas afirmativas, prefeito?

GM: Jamais citei o nome de um adversário, mesmo aqueles que até injustamente na minha avaliação tem me criticado. A cidade merece respeito e sua memória também, então, para quê trocar nomes de pessoas que são ou foram adversárias e que estão ali emprestando o seu nome para uma escola ou um ginásio de esportes. Isso seria um desrespeito com a própria memória da cidade. Nós não vamos discriminar ninguém e por isso que a população em troca nos dá respeito.

BM: O comércio vive agora a expectativa para o Natal e evidente que os funcionários fiquem na expectativa para seu 13º . Qual a situação da prefeitura, Guilherme?

GM: A situação da prefeitura é a preocupação de todos os dias de contenção de gastos desnecessários. Praticamente todos os dias me reúno com secretário de finanças e o de transparência principalmente num ano desses de instabilidade em que o governo federal tem que se segurar para sinalizar aos mais de cinco mil quinhentos e sessenta municípios do Brasil que é o momento de contenção. Nós como também trabalhamos com um planejamento forte vamos tomar algumas medidas para que possamos chegar mês a mês e no próximo ano com a possibilidade de estar administrando, não com folgas, mas batendo receita com despesa. Então esse ano vamos terminar novamente com salários rigorosamente em dia. O décimo terceiro desde 1997 que pagamos metade em junho e a segunda metade em dezembro, dessa forma o servidor tem a possibilidade de fazer suas compras de São João e Natal e para o comércio é um dinheiro certo que ajuda a dinamizá-lo.

BM: A saúde pública em nosso país sempre foi um problema. Aqui em Conquista tem o  Hospital de Base que as críticas que fazem acabam respingando na administração municipal. Quem sucedê-lo, sendo da base ou oposição conseguirá minimizar este problema sério?

GM: A solução para o problema da saúde passa pelo Congresso Nacional qualquer repasse ou aumento deste tem que ser aprovado ali no âmbito da chamada emenda 29. Acontece que este Congresso é a representação de todos os interesses do país, interesses públicos e privados . No que concerne a saúde, temos os interesses dos planos, empresas privadas e acontece às vezes dela ficar subfinanciada e em muitos casos com uma gestão deficitária. É muito importante entender que, o Sistema Único de Saúde (SUS), é uma das maiores conquistas do povo brasileiro e um dos melhores sistemas de saúde do mundo, senão o melhor. Vale lembrar que o presidente Obama tentou levar para os EUA um programa parecido com o SUS brasileiro. Ele viu as dificuldades que ele teve dentro do congresso americano pelos interesses privados da saúde. Aqui dentro de Vitória da Conquista, como também em todo Brasil, os procedimentos mais caros são financiados pelo SUS. Agora é claro que um município que consegue polarizar mais de 100 cidades, além do norte de Minas Gerais, era necessário que tivesse uma política mais focada em cada município. Muitas vezes procedimentos que poderiam ter sido realizados no hospital da cidade e acabam vindo para cá. É preciso se ter uma maior movimentação com relação à atenção básica em cada localidade e funcionar melhor a central de regulação de leitos. A obrigação do médico de cada cidade é entrar em contato com a central de regulação de leitos para que desta forma possa se dizer em qual hospital ou especialidade existe vaga assegurada para o paciente. Além disso, existe um problema no nosso país que é a judicialização da saúde que está crescendo de uma forma quase proibitiva para o exercício da saúde pública. Principalmente na área de procedimentos e medicamentos. São questões que devem estar sendo discutidas e que a população precisa estar atenta também porque é uma grande conquista do povo brasileiro.  Antes quem não tinha carteira de trabalho assinada estava excluído do trabalho e da saúde e por essas razões que o HGVC que representa essa cidade e tantos municípios é às vezes tão criticado mesmo oferecendo serviços de excelente qualidade de média e altíssima complexidade.

BM: O que o prefeito teria a dizer daquela obra na rua Guilhermino Novaes que segundo moradores e adjacentes demorou bastante para ser entregue? 

GM: Ali são canais, verdadeiras galerias que precisavam de uma reforma e há muito tempo que a prefeitura vinha trabalhando ali dentro, recuperando aquele canal que é antigo e precisava de reparo, além disso, nós construímos um novo canal na Avenida Expedicionários interligando as águas das galerias preexistentes que foram recuperadas nesse novo canal. As outras águas da Rua Guilhermino Novais e os canais já estão totalmente interligados na sua primeira etapa. A obra é da ordem de R$ 1,5 milhões de recursos próprios da prefeitura e que logo mais estaremos liberando para toda aquela população já com a pavimentação. A outra etapa ficará  para o ano que vem, caso possamos fazer, e é também de 1,5 milhões, onde serão coletada as águas que vem ali perto da Unimec e daquela área. É  uma obra necessária e tinha que demorar e interditar  a rua, pois, é um trabalho que demanda bastante tempo.

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