Por Mariana Kaoos
Bom dia, boa tarde, boa noite, senhor e senhora, eu cheguei agora, me preste atenção: Hoje, eu vim lhes falar de um cara muito bacana que reside aqui em Vitória da Conquista e atende pelo nome de Lucas Sampaio. Natural da mesma amada e pequena cidade que eu, Ibicaraí, Lucas foi meu colega no ensino médio. Era daqueles meninos branquelos, mirradinhos de tão magros e pirracento. Lucas andava no rol dos engraçadões da sala, aqueles que sentavam no fundo, tiravam notas boas, mas passavam a manhã inteira batendo resenha.
Por alguma divergência de caminhos, eu e Lucas percorremos trilhas opostas durante certo tempo. Ele ingressou no curso de direito e eu de comunicação social. Eu fui por uma vertente musical e ele outra, enfim, passamos a ocupar a cidade e a consumir a sua programação de formas distintas, até que, em determinado momento, nos reencontramos. Para minha grande surpresa, Lucas, agora de barba no rosto e voz mais grossa, integrava uma das boy bands conquistenses e se vestia e se portava de um jeito mais cool, descolado. Sua consciência e comprometimento político também ganhara outra proporção, um tanto quanto mais madura e equilibrada. A alegria permanecia a mesma, assim como as resenhas e o carinho ao tratar os outros. Contudo, o que mais me chamou a atenção, no meu reencontro com Lucas, foi o seu estudo e conhecimento dos aspectos culturais, principalmente ao que tange o nosso estado.
Na verdade essa sempre foi uma paixão muito forte em alguns de nós, principalmente em mim, nele e em Rafael Flores, jornalista da Revista Gambiarra. Mas voltando ao assunto principal, foi de muitíssima importância e satisfação reencontrar Lucas Sampaio com um ar não mais de menino, e sim de homem. Atualmente ele é o vocalista da banda Dost, colunista na Revista Gambiarra, advogado e, por que não dizer, pensador e critico sobre a cena cultural de Vitória da Conquista. Lucas também vem se destacando com seu trabalho solo no universo musical. Trabalho esse, responsável pelo objetivo dessa matéria.
Nessa última quinta-feira, 13, rolou mais uma edição do projeto Retiros Autorais, pensado e produzido pelo Coletivo Suiça Baiana. Diferente das outras edições, em que o anfitrião foi Achiles Neto, nessa, quem comandou a cena foi Lucas. O convidado de honra foi o cantor e compositor baiano, Gabriel Póvoas, por sinal, filho da rainha Daniela Mercury. Infelizmente não pude comparecer ao projeto, mas bem sabemos que a marcha não para, o fogo não se apaga e o show tem que continuar. Na sexta-feira, um dia após o evento, as redes sociais, principalmente o Twitter, protagonizaram posts, falas, vídeos e fotos acerca do Retiros. Ficou claro, por exemplo, que a interpretação das canções Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Nobre Vagabundo foram o ápice do show.
Outro aspecto visível sobre essa edição é que ela foi preenchida por um público mais jovem e aberto a essa hibridização musical, que vai do rock ao axé music e que perpassa também pela questão autoral. É inegável a força e a qualidade de Achiles Neto (que, para mim, é um dos artistas mais completos que temos por aqui), contudo, a formula do Retiros com apenas ele como anfitrião já estava se tornando um tanto quanto repetitiva e massiva. Acredito que a presença de Lucas deu uma renovada no projeto. A perspectiva é de que, de agora em diante, abra-se espaço para outros artistas locais que transitam pela questão autoral. Se me permitem uma sugestão, Fillipe Sampaio é um ótimo nome para isso.
Voltando ao que interessa, não tenho capacidade de opinar sobre os aspectos técnicos do show, então, finalizando dando voz a Lucas, que, apesar de ser suspeito para falar, teceu algumas criticas. Se liguem só:
Sobre mim
O Retiros foi um momento importante pra que eu mostrasse um pouco mais do cantor e menos do vocalista da Dost. Acho que nesse sentido foi algo bem interessante aos olhos de quem assistiu a apresentação. Muito em breve pretendo lançar o meu projeto solo, com influências da música baiana e do rock clássico, solidificando as minhas duas vertentes num só projeto, então foi extremamente importante participar do Retiros Autorais enquanto cantor solo. No mais, sigo firme como frontman da Dost, e também estamos preparando um EP novo que deve sair no primeiro semestre do ano que vem. Viva a música!
Sobre Gabriel
Eu acredito que o interior precisa conhecer melhor os grandes artistas baianos. Nesse sentido, convidei o querido Gabriel Póvoas para elaborar comigo um show em dueto, mesclando músicas autorais escritas por mim e por ele. Ele aceitou de prontidão e foi de uma generosidade incrível comigo. Gabriel é multi-instrumentista, produtor, cantor e compositor de uma bagagem musical absurda. Apesar de termos nos encontrado algumas vezes em Salvador, foi aqui em Conquista que solidificamos a nossa parceria e, vale dizer, estamos cheios de ideias para tocar alguns projetos.
Sobre o show
O Retiros Autorais é um evento sem precedentes aqui em Conquista. Essa ideia do show compartilhado, do artista da casa convidando o de fora, do resgate da música autoral… Isso tudo é da maior importância. O Coletivo Suíça Baiana, mais uma vez, presenteia a cidade. No caso do show da última quinta-feira, foi uma noite pra guardar. Um público educado e atencioso, cheio de vontade para ouvir canções inéditas. Fizemos as devidas homenagens à grande Daniela Mercury, mãe de Gabriel, e à minha banda de rock, Dost. São as referências mais importantes na história musical de cada um e resolvemos incluí-las no repertório. No mais, o repertório foi apenas de músicas compostas por nós. E a resposta do público foi de uma lindeza sem tamanho!