Festa de discotecagem ressurge em Vitória da Conquista

Por Mariana Kaoos
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Olhem só que notícia maravilhosa: Nessa sexta feira, dia 16 de setembro de 2016, às 21 horas, o Undergroud Pub irá sediar a mais nova edição de regresso da festinha mais badalada da cidade: O Putetê. Para quem não sabe, ou não se lembra, a festa, surgida em setembro de 2012, foi uma proposta estética cultural de articulação do coletivo de comunicação O Rebucetê, formado por estudantes dos cursos de Comunicação Social e Cinema da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Bom, O Rebucetê acabou, mas O Putetê não. Após dois anos parado, ele se reinventa e surge com a promessa de possibilitar e oferecer ao público um diálogo das artes no geral, retomando estudos e conceitos de uma identidade genuinamente brasileira que perpassa pela atual conjuntura política sócia histórica a qual estamos vivenciando.

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Nesta edição de retorno, O Putetê celebra o tema “Não Existe Pecado Ao Sul do Equador”, com música, projeções, performances e show com a banda Los Froxos. As discotecagens ficam por conta dos DJs residentes Paulinha Chernobyl e Rafha, além do convidado especial Renato do Viela e da batalha Luguete vs. Pedrivo.

Comer de mão, se lambuzar, lamber os beiços, engolir com o olhar, saciar com a dança. Só a antropofagia nos une! Devorar o mundo, as cores, a música de uma só vez. Não existe pecado ao sul do equador: A República das Bananas está em festa. Picaretas, fanfarrões, desbundados e debochados, tudo pode e pode tudo. Deixa viver: esses campos molhados de suor, esse orgulho latino em cada olhar, esse canto e essa aurora tropical.

Vem com a gente, chega junto que cada paralelepípedo da velha cidade esta noite vai se arrepiar. Cinquenta gramas de amor já é um bocadinho, mas queremos mais e mais: Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá. Tragam seus olhos, razos d’agua, e também aquele lado 1% vagabundo, de sorrisos mil, desejos e paixões. Desperta, América do Sul! Aqui é o lugar de ser o que se é: a filha da Chiquita Bacana, amor da cabeça aos pés, homem, lobisomem e tudo o mais que se possa imaginar.

As estrelinhas mágicas desse cruzeiro apontam a direção do reencontro rumo ao emaranhado de antigos carnavais. É essa tal criança que sorri com a banguela. Criança de seus quatros anos que emerge em meio ao caos relembrando as misturas de sons e a riqueza de ritmos, a redenção do nosso povo tupiniquim. Guiados pelos mais doces comandantes das pick-ups, jogando em dois, ou ritmados em instrumentos. Chama quem é patrão, quem não presta (mas te ama), joga no mei de rua ao som de love hits. E bota essa porra pra funcionar porque uh, é Putetê. Na geleia geral brasileira, o jornal do Brasil anuncia. Para vocês, aquele abraço!

Não Existe Pecado Ao Sul Do Equador tem como objetivo estético apresentar ao público um conceito de brasilidade a partir da performance, da música, do audiovisual e, por que não, da literatura. Elementos como a antropofagia encontrada na criação poética a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, a hibridização de gêneros visto em grupos como os Dzi Croquettes e Secos e Molhados e a subversão da produção da arte, muito bem explicitada em filmes como Tatuagem (2013), e na poesia de Wally Salomão, são peças fundamentais para o ressurgimento d’O Putetê. O intuito da produção é buscar, de maneira incessante, contrastes, inspirações e identidades genuinamente brasileiras que corroborem para a representação social do que viemos a chamar de Brasil.

Extra, extra! Em tom paradisíaco anunciamos que o deus grego, pai das artes, do gozo e dos vinhos, Dionísio, soube da grande novidade dos trópicos e resolveu descer por aqui, nessas terras tupiniquins do matriarcado de Pindorama. Ao ouvir o burburinho de que não existe pecado ao sul do equador, de sua boca farta e voraz pode-se ouvir o seguinte balbuciar: Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria, mãe de Deus!

Trajando apenas uma pena que cobria a parte mais importante de seu corpo, ou seja, seus olhos, convidou algumas de suas Ninfas para a tão calorosa viagem. Como soube que aqui, nessas férteis e verdejantes terras tudo que se planta cresce e floresce, Dionísio trouxe na mala sementes de alguns de seus mais valiosos bens: Semente de conceito, de performance, de arte, de cultura, de teatro. Que abundância, meu irmão!

Bom, para a surpresa de Dionísio que, ao fincar seus pés nesse misterioso país del amor passou a se chamar Marcelo Benigno, yes, nós temos banana! Nós, equipe de produção putetística iremos receber com muita honra e satisfação a presença desse maravilhoso diretor e ator teatral nessa edição de retorno do Putetê. Já podemos adiantar que só a antropofagia nos une, socialmente, economicamente, filosoficamente e que performances vão rolar para o nosso deleite em berço esplêndido. No mais, tudo na mais perfeita paz!

Talvez, a maior ousadia dessa décima edição, seja a presença do ator e diretor teatral, Marcelo Benigno, propondo uma série de intervenções e performances ao longo da festa. Marcelo foi um dos grandes protagonistas do universo teatral que, acreditem vocês, já foi pulsante em Vitória da Conquista entre os anos 2000 a 2005.

Se nesse recorte temporal até os nossos atuais dias, essa cena adormeceu por falta de interesse e investimento dos poderes público e privado, está mais do que na hora de desperta-la. O dialogo proposto entre O Putetê e Marcelo Benigno também visa incitar, cutucar, remexer com os profissionais do teatro local para que, quem sabe, a beleza e voracidade de outrora possam iluminar o desbravar artístico de novas trilhas dentro desse caminho.

As pulseiras de acesso da festa estão disponíveis nas lojas Hey Joe e Seja Nerd, pelo valor de R$ 10,00 (compra antecipada). A censura é de 18 anos.



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