Feira Gastronômica promete movimentar Vitória da Conquista no próximo fim de semana

paulinho pedra azul

Por Mariana Kaoos

Dia-de-Feira

Quando eu era pequenininha e ia passar os fins de semana na casa dos meus avós maternos, meu vô sempre me acordava cedo aos sábados, me arrumava toda, pegava em minha mão e me levava junto com ele para a feira da cidade. Como se eu fosse seu maior troféu, ele me conduzia de barraca em barraca para que todo mundo me visse e pudesse me cumprimentar, bem como para que eu conhecesse o principal local onde a vida popular da cidade pulsava. Eram barracas de frutas, biscoitos de goma, carnes, caldo de cana, pastel frito na hora e tudo o mais que se possa imaginar. Dentre os inúmeros programas e aventuras que eu vivia em Ibicaraí, ir à feira era uma das coisas de que eu mais gostava.

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Passados 19 anos, o meu gosto por feira permanece o mesmo. Aqui em Vitória da Conquista temos duas, em especial, que promovem os encontros e a descoberta do simples e das pequenas belezas do cotidiano. A primeira é a do Bairro Brasil, mais vasta, que comporta pessoas de outros municípios circunvizinhos. A segunda, e a minha preferida, é a feira do Ceasa. Ela fica no centro da cidade e possui os maiores e mais surpreendentes personagens engendrados nela. Tem Dona Maria que vende todo tipo de erva que se possa imaginar. E seu João que possui as melhores melancias da região. Na feirinha do Ceasa também tem restaurante popular com o melhor sarapatel da cidade e a ala dos biscoitinhos avoador, e o açougue e tudo o mais.

O encanto da feira, seja a de Ibicaraí, a do Bairro Brasil, a do Ceasa ou a que for, não é o baixo custo dos produtos, e sim a interação entre as pessoas que transitam e trabalham dentro dela. Os encontros se dão de maneira natural e as conversas fluem. O cheiro, o sabor, a cor da feira entram como cenário propício para que a alegria e as mais diversas histórias surjam por aí.Além das já habituais feiras que existem na cidade, nesse fim de semana, mais precisamente nos dias 16 e 17 de janeiro, teremos mais uma, com uma proposta totalmente diferenciada e ao mesmo tempo igual em magia e encanto. Na verdade é um projeto intitulado Dia de Feira. Idealizado pelos publicitários soteropolitanos Juliana Guedes e Carlos Eduardo Góes, o Dia de Feira será mais ou menos assim: é uma ocupação cultural na Praça da Independência, mais conhecida como Praça do Cai 1, aqui na Olivia Flores. A feira é voltada para a questão da gastronomia e do artesanato. Ao todo serão 30 expositores, sendo 20 voltados para o universo gastronômico e 10 para o artesanato em si. Alguns restaurantes como Sexto Sentido Goumert, Café Society e Pisa da Fulô irão expor. Mas não só. Microempreendedores também, como o senhor que vende churrasco grego na rua da Sacramentinas ou o que faz escondidinho em um trailer.

Juliana faz questão de afirmar que o Dia de Feira é também uma oportunidade para que a população conheça esses personagens e suas peculiaridades, seus temperos, seus segredos. “Para mim gastronomia é arte, é cultura, é beleza. É mexer não só com o paladar, mas também com o olfato e a visão de cada um. Gastronomia é sinestesia. E produzir uma feira com esse intuito, de ‘revelar’ essas pessoas e a sua arte, é algo maravilhoso. O nosso principal objetivo é promover a interação entre as pessoas e um novo espaço cultural”.

O evento tem o apoio da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, bem como da iniciativa privada e de empresários locais. Se tudo der certo, a proposta é de Dia de Feira tornar-se fixo e ocorrer de 15 em 15 dias, sempre em uma praça diferente. Carlos Eduardo, ou Cadu, como gosta de ser chamado, explica que a ideia é de um projeto itinerante. “Queremos percorrer e ocupar todas as praças da cidade e darmos oportunidade para os mais diversos nichos gastronômicos daqui. Acredito que com isso passaremos a interferir em algumas demandas sociais, como, por exemplo, a revitalização das praças de Vitória da Conquista. Isso seria algo de extrema valia não só para o Dia de Feira, mas para a própria população local”. Comenta.

O que mais me agradou no projeto é que, além dos expositores gastronômicos e do artesanato, durante os dois dias do evento, também haverá som ao vivo. Na programação já estão confirmados os djs Loro Vodoo (e aqui vale ressaltar que o Loro fez uma belíssima apresentação no Universo Paralelo esse fim de ano e seu trabalho já está sendo conhecido internacionalmente), Rafha Flores e Paulinha Chernobyl. Mas não só, as bandas Dost e The Outsiders também passarão por lá com um repertório que vai dos rock clássico ao country rock. A perspectiva é que, caso haja mais edições do Dia de Feira, novos artistas possam ganhar visibilidade e se apresentar por lá. Já imaginou quão bacana seria se, posteriormente, o palco fosse aberto durante determinado período para intervenções poéticas e teatrais?

Bom, o certo é que para quem se considera amante apaixonado por feiras como eu, para quem não possui vínculo afetivo com a proposta e até para quem nunca gostou da ideia de feira livre, vale a pena conferir nesse sábado e domingo o Dia de Feira. É uma iniciativa bacana, criativa e estimulante que, certamente, irá somar na vida cultural e social da cidade. A programação é gratuita e funcionará das 11h às 19h no sábado, e das 09 às 19h no domingo.