Região de Conquista: Ministério Público da Bahia nega ‘rifa’ de meninas em bingo

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Do Aratu Online

Itambeagora

O Ministério Público da Bahia negou nesta quinta-feira (17) que em Encruzilhada, no sudoeste do Estado, tenham ocorrido rifas e bingos em que meninas eram sorteadas para abuso sexual,como divulgado pelo jornal britânico “Daily Mail”, em reportagem publicada na terça-feira (15).

Segundo o Ministério Público, que passou a atuar no caso em agosto de 2015, o caso foi arquivado após a investigação policial constatar que “não foram encontrados indícios de exploração sexual”.

Durante a investigação, a Polícia Civil apurou, de acordo com o Ministério Público, que “uma senhora residente da cidade promoveu uma rifa de um aparelho de telefone celular e entregou alguns bilhetes para serem vendidos por um grupo de três meninas, com idade entre 11 e 13 anos”.

“Uma destas meninas, ao vender os bilhetes, afirmou que manteria relações sexuais com o ganhador. Não restou apurado qualquer indício de que a organizadora da rifa tivesse conhecimento destas promessas. Da mesma forma, não houve qualquer indício de que a menina tivesse consumado relação sexual com quem quer que seja”.

ONG

A reportagem do “Daily Mail” cita como uma das fontes a ONG “Meninadança”, sediada em Medina (MG), e foi escrita pelo jornalista Matt Roper, que atua no Brasil como “freelancer” e é fundador da mesma ONG, que atende 75 meninas carentes. Ele esteve em Encruzilhada e também tirou fotos.

Outra fonte utilizada pelo jornal é o advogado Michael Farias, do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente, de Vitória da Conquista.

Segundo o “Daily Mail”, Farias disse que o sorteio do bilhete que ganharia uma menina virgem foi um grande evento em Encruzilhada, e que “a gangue responsável pelos sorteios fez um monte de dinheiro com o abuso das meninas, que sentiram que não tinham escolha”.

Sem investigação

Nesta quinta-feira, o advogado negou que tenha feito as declarações e afirmou ainda que não participou de nenhuma investigação, como informou o jornal.

“O que eu informei foi apenas que tinha chegado ao meu conhecimento de que umas meninas estavam oferecendo uma rifa em que elas seriam os prêmios. Isso ocorreu ano passado, quando estava prestando serviço para a Prefeitura de Encruzilhada, e na época comunicamos o caso para a polícia”, disse Farias.

Para o advogado, a reportagem do “Daily Mail” serviu apenas para despertar a sociedade para um problema grave que há no Brasil – a exploração sexual infantil –, “e que é mais grave na Bahia”.

 

Para jornalista, autoridades se distanciaram do caso

Ao blog, o jornalista Matt Roper afirmou que o advogado lhe contou detalhes de como era a rifa: “que tinha rifa numerada; que os homens vendiam; que teve caso de virgens que foram rifadas; e que a polícia com certeza teria até uma rifa também”.

“Ele [o advogado] pediu pra ligar no próximo dia, mas não consegui falar com ele, que desligava o telefone. Talvez sentindo pressão, como talvez esteja sentindo hoje”, declarou Roper.

O jornalista contou que durante a apuração do caso teve a confirmação do Conselho Tutelar e da Polícia Civil de Encruzilhada.

O blog também procurou estes dois órgãos nesta quinta, mas não obteve sucesso.

“[O delegado] informou que o caso tinha sido encaminhado para a Justiça. Desde que a matéria saiu, vejo as autoridades tentando se distanciar do caso, mas talvez seja melhor se esforçar e proteger as vítimas”, declarou o jornalista.

“Eu tive uma resposta do delegado de Encruzilhada no sábado, e ele não falou em arquivamento, não. Falou que o processo foi investigado e estava no Fórum para os autores do crime serem condenados”, disse.

Matt Roper afirmou ainda que “sabe que é muito comum esses casos serem arquivados”.

“A gente está falando de meninas que para muita gente não valem nada. É muito mais fácil arquivar do que apurar e levar a uma condenação. Não tenho a menor dúvida de que aconteceram essas rifas sim, porque as pessoas que estavam mais de perto me contaram em detalhes como que eram”, finalizou.



Polícia, Sudoeste

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