Conquista: Ito Moreno se apresentou no Café Society na noite de ontem

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Por Mariana Kaoos

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Foto: Blog do Rodrigo Ferraz

As paredes do Café Society são ocupadas por inúmeras fotografias. Para quem entra no espaço e olha à sua esquerda, é possível notar imagens antigas de uma família, fotos de algumas figuras conquistenses e artistas em geral. Já a parede direita do ambiente, foi a vitrine reservada para alguns cartazes de festival de música que ocorreram pelo mundo afora, além de fotos das grandes referências do jazz, rock e blues. Pregada à parede direita do café, Billie Holiday está lá, olhando o público de perfil, com olhar misterioso. Também os Beatles, unidos e felizes, provavelmente antes da chegada de Yoko Ono na vida do grupo.

Todas as fotos que moram no Café Society, contam, no mínimo, duas histórias. A primeira é sempre individual, imersa num tempo e espaço específicos de cada uma. Já a segunda, permeia pelo Café e suas noites e seu público e seus artistas. Na noite de ontem, 13, os personagens, as molduras e os cenários de cada fotografia contaram também uma terceira história: a de Ito Moreno e sua apresentação musical.

Ito é cantor, compositor e instrumentista. Nasceu na cidade de Macaúbas, se enveredou pelas bandas de São Paulo e, após, quinze anos lá, está de volta à Bahia. De acordo com ele, morando em Salvador, “mas se ajeitando direitinho para, muito em breve, voltar para Vitória da Conquista”. Pela segunda vez se apresentando no Café Society, o artista montou um repertório que transitou entre músicas autorias como “Ela Diz Que Vai Pra Nova York” e “Minha Loucura” até suas maiores referências como Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Em relação a essa mistura, Ito defende-se, afirmando que todos nós somos seres de múltiplas referências. “Diversos sons, composições, artistas estão engendrados dentro da minha percepção musical. Então é possível e numa mesma noite eu cante de Fagner a Malu Magalhães”.

Foto: Blog do Rodrigo Ferraz
Foto: Blog do Rodrigo Ferraz

O show de ontem ocorreu dessa maneira multi, permitindo que a plateia, atenta, cantasse junto e se reconhecesse nas canções apresentadas. Quem esteve lá foi a também cantora conquistense Luiza Audaz, que há pouco mais de duas semanas realizou seu show intitulado “Gal Canções”. Balançando a cabeça em tom afirmativo, como se estivesse concordando e gostando do que ouvia, Luiza reconheceu no colega de profissão a qualidade necessária para que um artista possa ousar, reinterpretando a obra de outros cantores consagrados. “Eu não conhecia o som de Ito, mas estou muito feliz por ter vindo no Café hoje acompanhar a sua apresentação. Acho de extrema importância repensar as canções com a perspectiva de novos arranjos para elas”.

Não só arranjos. Ito Moreno, também inovou na escolha dos instrumentos que iriam dialogar no seu show. Chamando a todos de maneira graciosa, pelo apelido, ele apresentou seus convidados especiais, Dandara e Cléber, bem como seus músicos: Isac na sanfona, Gabriela no violoncelo, Ciro na percussão e Ninho na zabumba. Ito deixou-se admitir que adora fazer essas misturas polifônicas. “Veja bem, é possível misturar a sanfona com o violoncelo. Dois instrumentos, um inserido dentro da cultura popular e o outro na vertente clássica, mas que, juntos, promovem uma sonoridade rica de belezas e melodias. Foi fácil para o público ouvir, não foi? Pra gente também foi fácil promover essa combinação”.

O show, que começou com uma hora e dois minutos de atraso, finalizou-se perto da meia noite. Nesse momento, a temperatura na cidade estava nos seus 14°c, com sensação térmica de 10°c. Lá fora, claro. Porque dentro do café, o clima estava quente, com a plateia ávida querendo bis. Muito sorridente com os acontecimentos noturnos, Otávio Henrique, dono do Café Society, revelou que uma das coisas de que mais gosta dentro do Café, é a delicadeza do seu público de sempre aplaudir de maneira veemente as apresentações que ocorrem por lá. “Eu acho o bater de palmas uma coisa fundamental. É uma forma de agradecimento ao artista. É um sinal de que a plateia está gostando. Então, aqui no Café a gente busca trazer um público que não seja apenas consumidor e sim consumidor e ouvinte”.

Ao fim do show, Ito, comovido, agradeceu ao público, de maneira febril. Este, por sua vez, levantou-se e o aplaudiu de pé, demonstrando assim, que houve diálogo entre artista e plateia. Muito provavelmente, se as fotografias nas paredes do Café pudessem se movimentar, elas também estariam sorridentes, batendo palmas para o cantor.



Cultura, Vitória da Conquista

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