
Por Mariana Kaoos
“Cidades como séculos – um século atrás do outro. Na frente do outro. O tempo se ultrapassa no espaço do tempo. Agora é nunca mais, e nunca antes. Agora é jamais – um século atrás do outro. Na frente do outro. Ao lado. Um dia é paralelo ao outro. Isso tudo é um esquema muito chato enquanto a coisa anda: Isso é que é legal, do mesmo jeito que é legal saber que isso tudo pulsa. De alguma maneira, no ponto misterioso do desenho. Princípio, fim. Total e único. Geral. Cidades. Ninguém pode mais que deus!”.
Sem choro, nem vela: Os dias estão passando absurdamente rápidos e, no meio deles, uma infinidade de acontecimentos tem nos atropelado e nos deixado boquiabertos com a complexidade de seus desdobramentos e intenções. Quem não acompanhar o curso da história vai ficar para traz. É preciso ser ágil, ter sacada e poder de síntese. O leão ruge, crianças. Ruge e promete, com suas garras afiadas, caçar de um em um todos aqueles que estão dando bobeira e fechando os olhos para a evidência dos sinais postos de que algo maior está para acontecer. Não, não adianta me taxar de insana ou da louca das teorias conspiratórias. Eu sei que você, que todos vocês também estão sentindo a energia terrestre se movimentar de maneira estranha, misteriosa, turva.
A nível nacional, estamos presenciando um desmantelo da política e a gestação de um possível sistema neo fascista que, se nascer, virá berrando aos quatro ventos e mamando com tudo nas tetas do governo. No quesito religião, para os crentes como eu, vimos, há pouco menos de uma semana, Divaldo Franco, um dos maiores líderes religiosos brasileiros, pedir para que orássemos de maneira veemente, pois os espíritos de luz estão tendo uma dificuldade para atuar entre nós. E a sociedade, que dizer da sociedade que parece ter entrado num momento de insanidade coletiva? Bater em um cachorro porque ele usava vermelho? Pichar, depredar a sede da UNE e outras entidades? Agredir verbalmente pessoas nas ruas por conta da cor que elas usam nas roupas ou na bicicleta? Até mesmo nas nossas famílias, me digam, por favor, em que momento passamos a colocar as diferenças e as ofensas como prioridade e prática maior do que o amor? Ou, melhor ainda, em que momento o amor deixou de nos unir e passamos a nos enxergar como inimigos por conta de diferenças ideológicas?
O tempo está fechado e, ao que tudo indica, irá chover incertezas por todos os lados. A premissa são as grandes e desastrosas inundações e quem não estiver com seu bote salva vidas, vai morrer afogado na beira da praia. Portanto, crianças, se faz urgente ficarmos em vigília, atentos e fortes, unidos com os nossos e, principalmente conscientes e lúcidos com a certeza da nossa história passada, bem como da nossa atual conjuntura. Sendo assim e assim sendo, decidi aqui elencar algumas obras culturais que possibilitam um viés de questionamento e compreensão acerca dessa tromba d’agua que, ao contrário das enganosas aparências, foi começar no leito rio, beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem lá atrás. Acredito que a saída seja mesmo pela esquerda, mas que a libertação, sem sombra de dúvidas, virá pela cultura:
Raízes do Brasil, Casa Grande e Senzala e Formação do Brasil Contemporâneo:

O primeiro livro é de Sergio Buarque de Holanda, do ano de 1936. O segundo, de autoria de Gilberto Freyre, de 1933. Já Formação do Brasil Contemporâneo ficou por conta de Caio Prado Júnior e sua primeira publicação é datada no ano de 1948. Os três são de fundamental importância para começarmos a ter uma luz de compreensão sobre a nossa constituição física, psicológica, religiosa, moral e ética enquanto sujeitos pertencentes a uma nação. Ou seja, Sérgio, Gilberto e Caio esmiúçam os pormenores sociológicos da história do Brasil, desde a sua descoberta, que nos traduzem enquanto brasileiros. A questão da colônia, a escravidão e até mesmo a nossa construção cultural enquanto sujeitos cordiais são abordadas nas obras.
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