Delação de Mauro Cid reforça suspeitas de golpe após eleições de 2022

Nesta segunda-feira (9), o cenário político brasileiro esteve movimentado. O assunto que voltou à tona foi a suposta tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022, que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo, e os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Para contextualizar: durante as investigações iniciadas após as eleições de 2022, a Polícia Federal constatou a existência de uma organização criminosa que planejava um golpe de Estado. Um documento intitulado “Minuta do Golpe” apareceu três vezes nas investigações: no celular de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército Brasileiro e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; e no gabinete de Bolsonaro na sede do PL (Partido Liberal), em Brasília.

O documento aponta o envolvimento do ex-presidente e de outros 36 investigados nas operações Tempus Veritatis e Cotragolpe. Ele descreve um plano para invalidar as eleições de 2022, convocar uma intervenção militar e afastar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na segunda-feira, o primeiro a prestar depoimento foi o tenente-coronel Mauro Cid. Ele, que já foi preso preventivamente, firmou um acordo de delação premiada — quando o investigado ou acusado colabora com as autoridades em troca de benefícios penais, como a redução de pena — e é considerado uma peça-chave nesse caso.

Cid foi interrogado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, e confirmou que houve, de fato, a elaboração de um decreto com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), instaurar um estado de defesa e prender diversas autoridades. Segundo ele, essa última parte teria sido alterada por Bolsonaro, limitando a ordem de prisão apenas ao ministro Moraes.

De acordo com o depoimento, a “grande preocupação” de Bolsonaro era encontrar indícios de fraude nas urnas eletrônicas, de modo a convencer as Forças Armadas a apoiar o golpe. No entanto, nenhuma irregularidade foi encontrada. Por fim, Mauro Cid negou envolvimento direto nas ações e afirmou que apenas acompanhou os fatos, sem participar ativamente.

Por Carol Souzza



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