Um epitáfio para Frarlei Nascimento

Por Ernesto Marques

No dia 15 de fevereiro de 1981 a professora Rosalina pariu seu segundo rebento em Vitória da Conquista, bem distante da sua Brotas de Macaúbas, de onde havia saídos poucos anos antes em busca de mais oportunidades. Dona Rosinha, ou Professora Rosa, sabia o valor da sua cria muito antes dele sair da sua barriga para ganhar o mundo. E se desdobrou, sozinha, para educar os irmãos Fredson e Frarlei. Com o seu trabalho e exemplo, as vezes com rigidez, sempre com doçura, fez os dois meninos crescerem homens de verdade. Ensinou-lhes o respeito que se deve ter por uma mulher, o dever com os filhos, a solidariedade com os irmãos.
Frarlei Antônio de Barros Nascimento.

A marca da disciplina e da obstinação em dar o seu melhor para fazer as coisas bem feitas marcaram sua vida de estudante no Polivalente de Conquista, no Juvêncio Terra, até começar o curso de Engenharia Elétrica.
Manejava bem os números e era fissurado por tecnologia, mas o coração batia em outra frequência. Foi isso que o levou a estudar Jornalismo na Uesb, formando-se em 2004. O trabalho de conclusão da graduação, uma revista experimental sobre a Apae, dava a dimensão humana do profissional que chegava à imprensa baiana.

Experimentou o trabalho em assessoria de imprensa, na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, mas Frarlei nasceu para o gênero mais nobre do Jornalismo: a reportagem.

Tinha todas as características de um bom repórter, além do faro apurado para saber onde estava a notícia. Primeiro, o senso ético apurado. Depois, a obstinação e a disciplina na apuração rigorosa.

Exercitou estas virtudes profissionais no rádio e no seu Blitz Conquista, criado em 2011, para cobrir as pautas sobre segurança pública. Arejou a cobertura do blog pela boa influência do veterano jornalista e radialista Paulo Nunes, que via nele um grande repórter capaz de fazer a diferença na cobertura dos fatos mais relevantes que podem ajudar a comunidade a melhorar. Sua última colaboração neste sentido foi levantar a lebre sobre a inconsistência nas informações oficiais sobre a evolução da pandemia do coronavírus em Conquista, com desdobramentos na imprensa estadual.

O cidadão de quem nos despedimos hoje era um jornalista apaixonado pela profissão e pela vida. Um ser humano da melhor qualidade, um cristão que carregava em cada passo dado, o ensinamento de amar ao próximo como a si mesmo.

A ele, a mais profunda gratidão pela amizade, pelas boas conversas, pela solidariedade e pelo jornalismo que praticou e professou com fervorosa fé de que a nossa profissão serve para fazer um mundo melhor.

À sua família, as orações e o desejo da superação da dor e a substituição da tristeza pela saudade carinhosa e eterna. A Náthila, sua filha tão amada, o testemunho dos colegas de que seu pai foi um homem bom e honrado, de quem ela poderá falar com alegria quando chegar a hora de trazer os netos que com certeza adorariam tê-lo como avô e poderão segui-lo como exemplo.

Ernesto Marques
jornalista, radialista e amigo de Frarlei



Artigos, Conquista, Destaques, Vitória da Conquista

Comentário(s)