Por Luiz Pedro Passos – Jornalista
Desde que ocorreu esse acidente e foi vindo à tona às irresponsabilidades que o cerca, confesso que um misto de tristeza e revolta tomou conta de mim.
Eu não conhecia os dois jovens. Não conhecia a família. Mas não é preciso que conheçamos às pessoas para compadecer de suas dores.
Fico pensando que poderia ter sido com um familiar meu, com um amigo. Que poderia ter sido com meus ex-alunos, já que tantas vezes, nos meus dois anos de sala de aula, vi eles sendo impedidos de chegarem até à escola pela falta do transporte escolar.
Fico pensando na injustiça. Como é injusto, criminoso, vermos tantos sonhos irem embora assim. Cristiano e Amanda ainda tinham muito por fazer, a aprender, a ensinar. Como que as pessoas conseguem colocar a cabeça no travesseiro, dormir, sem serem incomodadas com esse caso. Sem ter a consciência reclamando: ei, você tinha autoridade para evitar essas mortes. Lembra do ônibus escolar? Você poderia ter colocado desde o início das aulas da rede estadual para atender os meninos e meninas da zona rural.
Eles só queriam estudar. Só queriam depois de um dia inteiro, provavelmente, na lida do campo, trocar a enxada pela caneta. Custava ajudar?
