Pipoca Moderna: Minha Carne É De Carnaval

hey joe

Por Mariana Kaoos

Foto: Decolar.com
Foto: Decolar.com

“Se eu saísse por ai, hem? Será que eu te encontrava? Será que eu te deixava fingir que não gosta de mim? Se eu saísse por ai hem? Será que não colava na tua roupa escura? Se você pensa que não me atura… veja você: Era um perigo retado, era um estrago geral, era comigo no bloco da lua, era comigo, era a tua mais sensacional perdição. Não ia ser fácil, não?

Pois eu digo: é na Bahia: quem perder perderá”. Torquato Neto.

Iaiá, vou lhe contar um segredo: Nada de mal nos alcança. Estamos na Bahia, Iaiá, e nesse novo ano de Oxalá, o verão veio com tudo despertando paixões, alvitano desejos e produzindo cultura. Cultura nos quatro contos do nosso caloroso e intenso estado. Só você para ter ideia, durante esse mês de janeiro tivemos o Ressonar, festival de música eletrônica na Chapada e também nos divertimos com os maravilhosos shows gratuitos nas praças do Pelourinho, em Salvador. Agora em janeiro tivemos o Centro Histórico de Ilhéus de tanto turista e o Veraneio, encontro cultural, em Vitória da Conquista. Ah, por falar em Conquista tivemos outras tantas coisas: Dia de Feira, inauguração da Liquor Store, Degustação Harmonizada no Café Society e Mo’Faya Records, festinha de dancehall comandada pelos meninos do Complexo Ragga. Tá bom ou quer mais?

Queremos mais e mais e infinitamente mil vezes mais, não é mesmo Iaiá? Cultura, quando é de qualidade e respeitosa com o público, não cansa nunca. Pelo contrário, acredito que a profusão cultural seja um indício de boas novas. É ela, a cultura, que nos dignifica enquanto seres pensantes, ou, como dizia Lulu, nos faz sermos gente fina, elegante e sincera. Entretanto a mesma com um sistema simbólico, dentro dela está contido altos níveis de ideologia, semiótica, filosofia, comportamento, ações e reações e significados vários para a nossa contemporaneidade. Ou, falando de uma maneira mais complexa, porém não menos entendível, ‘ a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos casuais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é ela é um contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade ‘. Palavras bonitas e emocionantes, não é Iaiá? Mas não são bonitas não, viu? Quem disse isso foi um antropólogo cultural dos melhores que se tem conhecimento, chamado Clifford Geertz.

Então hoje é dia de comemorarmos. Comemorarmos porque tem mais programação cremosa vindo por aí. Ê Iaiá, cada dia a mais é um e menos pro encontro acontecer. Encontros de corpos, de pensamentos e de sorrisos. Encontro de dança, de música de comunhão. Encontro de povos, encontro de cores, encontro de amor. Já sabe do que eu estou falando, não sabe Iaiá? Isso mesmo, quem se aproxima a cada instante é o carnaval na Bahia. Pode pular, pode gritar e pode também já ir preparando a fantasia porque esse carnaval promete. Vai ser dos melhores e as expectativas já estão a mil.

Bom, falei da Bahia, falei do carnaval, você já deve ter adivinhado aonde eu estou, diga ai, Iaiá? Sem sombra de dúvidas, vim para as terras da mãe Iemanjá e do nosso Senhor do Bomfim. Cheguei hoje, junto com a fotografa Maieh Sousa para realizar uma cobertura jornalística antropofágica cultural do carnaval de Salvador. Nem faça essa cara de invejinha, porque eu não vim pensando em mim. Vim pensando em você, Iaiá. Vim pensando em você e no seu deleite ao ler as nossas narrativas sobre o que está acontecendo por aqui. Então PRE-PA-RA que iremos contar em primeira mão sobre a saída do Ilê Ayê, sobre os filhos de Gandhy, sobre o encontro de trios na praça do nosso queridíssimo poeta Castro Alves e muito mais. Não, não queremos nem passar perto do apartheid dos blocos de corda, tampouco dos megalomaníacos camarotes. O que iremos vivenciar e contar para você, Iaiá, sobre o povo e sua folia. Porque é no povo e na folia que está contida toda a essência do nosso carnaval.

E agora que eu falei da cultura e pronunciei nossos primeiros encontros por aqui, Iaiá, acho de extrema importância falar de quem acreditou e investiu para que essa ideia acontecesse. É porque, infelizmente, ainda vivemos num país que pouco volta os seus olhos para a cultura. Digo isso tanto sobre o poder público como sobre o empresariado. Quem ama e trabalha dentro do universo cultural precisa trazer em si muita força de vontade para correr atrás de pessoas que possam contribuir e dignificar os nossos projetos mirabolantes. Então, quando achamos seres humanos cheios de amor e consciência sobre a necessidade da produção, consumo e distribuição da cultura, temos que apontar os dedos e bater palmas. Aliás, seres humanos assim não merecem nem palmas, merecem o Tocantins inteiro, você não acha, Iaiá?

Foto: Um Rolé no Índico
Foto: Um Rolé no Índico

Um desses seres, preocupado, coerente e investidor cultural se chama Junior. Não sabe quem é? Então preste atenção, que quando eu contar, Iaiá, você vai se pasmar: Junior é um coroa boa pinta, inteligente e cheio de charme, com um desejo enorme de se aventurar. Formou-se em comunicação e já trabalhou com umas boas campanhas políticas Brasil afora. Quando percebeu que isso dava uma grana boa, mas nem tanta felicidade assim, começou a regar diariamente algumas sementinhas chamadas sonhos.  Um desses sonhos era ir morar em Vitória da Conquista e abrir um café. Não daqueles cafés quadradões em que o garçom tem que usar roupas formais, dentre outras coisas chatas, mas um café daqueles em que os encontros, as conversas e a criatividade pudessem acontecer.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Junior analisou, pensou, repensou, pensou, repensou e, por fim, viu que a empreitada do café seria um tanto quanto perigosa. Ele chegou até a ficar cabisbaixo por um tempo, andando vagaroso com uma expressão melancólica, triste. Contudo, o período de fossa foi breve, porque Junior teve outra ideia ainda mais legal: iria para Vitória da Conquista abrir uma loja, descolada, moderninha e cheia de vida. A loja de camisetas, colares, pulseiras, bottons e mais um tanto de coisinhas miúdas que fazem a gente babar e querer comprar tudo.

Deu certo. Há mais ou menos um ano, Junior inaugurou sua loja na rua Alziro Prates, alí perto da Olivia Flores. O espaço se chama Hey Joe e m além de loja, já se tornou um ponto cultural na cidade. Digo isso, Iaiá, porque todas às sextas-feiras rola um happy hour lá, regado a bebida e muita conversa inteligente. Digo isso, Iaiá, porque a Hey Joe tem um projeto chamado Varanda que une o universo gastronômico, etílico, musical, fotográfico e literário dentro de um só lugar. Por fim, digo isso, Iaiá, porque são eles os que mais tem investido nas empreitadas culturais da cidade. Inclusive nessa nossa, de vir para Salvador na tentativa de promover um intercâmbio de narrativas entre aqui e Vitória da Conquista.

Encantou, não foi? Já estou vendo tudo. Já estou vendo você vir me dizer que Junior é quem é o Ioió de Iaiá. Então, sendo assim, através do apoio da Hey Joe, iniciaremos hoje a nossa antropofagia carnavalesca aqui perto do mar, com o coração inundado de paixão, cultura e maresia. Fique ligada que logo mais mandaremos outras notícias do lado de cá e tenha certeza, iaiá, que se pecamos, certamente que não é pela vontade. Um beijo e até mais.



Artigos, Bahia, Cultura, Vitória da Conquista

Comentário(s)


3 responses to “Pipoca Moderna: Minha Carne É De Carnaval

  1. Nossa! É que surgam muitos Juniors para sacidir mais e mais a Nossa cultura… Ações como essas o público consumidor tá de olho… O empresariado além do lucro tem que ter visão, criatividade e audácia… Valeu Hey Joe vc representa o diferencial em Vitória da Conquista… O cliente aprova! O cliente se entusiasma e fideliza o produto e a loja… E tenho dito!

  2. E que venham muitos Junior’s para incentivar,apostar,criar novas possibilidades para a cultura de nossa cidade… O empresariado que ousa, que investe no diferencial certamente terá o retorno pautado na fidelização do cliente mais atento e com senso crítico apurado… Valeu Hey Joe! O público continua aplaudindo a sua ousadia!

  3. Adoro suas coberturas Mariana Kaoos,uma delicia de ler!!!Vou ficar curtindo e acompanhando tudinhooo!!!E de quebra fico feliz por saber que o grande empreendedor Junior tá junto nesta ideia.Marketing Cultural é um investimento com retorno consciente na região onde a empresa atua,bom exemplo a ser seguido.Hey JOE está no coração dos conquistenses!!!

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