Conquista: Uma visão ‘diferente’ do ‘Dia de Feira’; saiba como foi!

Por Mariana Kaoos

Foto: Secom - PMVC
Foto: Secom – PMVC

Uma das coisas mais bonitas e profundas que há dentro do universo musical é a sua capacidade de traduzir e dar cor, magia, a certas experiências pelas quais passamos em nossa existência terrestre. Nesse fim de semana, mais precisamente nos dias 16 e 17, Vitória da Conquista ficou agitada. Inúmeras opções culturais de qualidade foram ofertadas a um público ávido por cultura e entretenimento. Uma delas foi o Dia de Feira, evento que ocorreu na Avenida Olivia Flores e teve como proposta reunir microempreendedores da gastronomia e do artesanato em um só lugar. Trinta stands foram montados na Praça do Cai 1 e várias pessoas, mas várias mesmo, foram conferir de perto o evento. Para relatar sobre ele, escolhi me utilizar de algumas canções brasileiras e traçar um paralelo entre elas e os acontecimentos ocorridos no Dia de Feira.

Sou eu Bola de Fogo e o calor tá de matar:

Foto: Maieêh Sousa
Foto: Maieêh Sousa

Ao que tudo indica, nesses últimos dias, São Pedro resolveu nos presentar com chuva em abundância vinda dos céus. Geralmente, elas estavam ocorrendo durante a noite e parte da madrugada. Já pelas manhãs e tardes, aqui em Vitória da Conquista estava de um abafamento total. Considerando a possibilidade da chuva, Juliana e Cadu (produtores do Dia de Feira) solicitaram da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista alguns toldos que pudessem cobrir os stands. E assim foi feito. Contudo, os toldos tiveram efeito contrário. No sábado mesmo, pairou um mormaço na cidade e não teve um que não reclamasse do excesso de suor. Transpiração total.

Foto: Maieêh Sousa
Foto: Maieêh Sousa

Lá no Dia de Feira, alguns vendedores, esbaforidos, relatavam de maneira frenética sobre o calor. Os toldos aqueciam ainda mais o espaço. Quase que dava para ver fumaça subindo do chão. E aí já sabe, né?! Ficaram todos agitados, agoniados. Contudo, uma das opções oferecidas no Dia de Feira para aliviar um pouco o calor foi a limonada rosa, uma invenção tipicamente americana que mistura suco de limão com morango.  E deliciosa, por sinal. Muita gente fez fila para adquirir o produto e o consumiu de maneira ávida. A limonada pura saiu pelo preço de cinco reais. Já a com vodca, por dez reais. O suor não foi embora, pelo contrário, permaneceu nos transeuntes por toda a tarde, mas depois de certo tempo, ele deixou de ser o protagonista da história e tornou-se um mero detalhe que todos aprenderam a conviver.

Músicas indicadas para o momento:

– Calor: Adriana Calcanhoto

– Mormaço: Nação Zumbi

– Transpiração: Ney Matogrosso, Pedro Luis e a Parede

– Chover: Cordel do Fogo Encantado

A gente quer comida, diversão e arte:

Uma das coisas boas que o Dia de Feira provocou no público presente foi uma leve confusão mental. Confusão mental na hora de escolher o que comer, porque olha, todas, mas todas as opções davam água da boca. As pessoas ficavam rodando que nem umas baratas tontas sem saber por onde começar. Teve sanduíche grego de fazer salivar, e também hambúrguer artesanal. Teve yakissoba feitinho na hora e risoto de camarão. Teve filé ao molho gorgonzola e escondidinho de carne de sol. Teve pizza gourmet e brownie. Teve bolos, pães e salgados em geral. Teve cerveja artesanal, drinks diversos, sucos e o que mais você imaginar. Todos os produtos tinham um valor que variava entre cinco e vinte reais. Era preciso comprar ficha para adquiri-los. A parte ruim é que, pelo menos no sábado, tinham poucas pessoas vendendo as fichas, o que acabou gerando filas para compra-las. A parte boa é que essa metodologia de venda gerou uma organização que só. Ah, outra coisa importante de se ressaltar: Foi tudo visivelmente muito limpo. Era possível observar as pessoas envolvidas na parte gastronômica da feira trajando as vestimentas adequadas e higienizadas. Os produtos, além de agradarem o paladar do público, também conquistaram o olfato e a visão do mesmo.

Foto: Maieêh Sousa
Foto: Maieêh Sousa

Músicas indicadas para o momento:

– Doce de Coco – Jane Duboc (a versão de Ney Matogrosso também é incrível)

– Pirraça – Vanessa da Mata

– Chocolate – Tim Maia (recomendo também a versão de Marisa Monte)

Eu quero um novo balancê, o bloco do prazer que a multidão comenta:

Foto: Maieêh Sousa
Foto: Maieêh Sousa

 

No nosso atual momento cultural, temos visto algumas falhas, algumas lacunas que, ao não serem preenchidas, acabam atrapalhando a produção, distribuição e consumo da cena de cultura em Vitória da Conquista. Contudo, uma coisa que não podemos mesmo reclamar é da qualidade dos nossos artistas locais. Quem comandou o som durante o dia foram os djs Rafha Flores e Paulinha Chernobyl. Eles são, inclusive, os djs residentes do projeto. Acerca deles eu tenho algumas considerações a fazer: Acompanho o trabalho de ambos desde quando decidiram se aventurar no mundo da discotecagem. Os dois sempre foram muito bons, mas, de uns tempos para cá, é nítido o quanto cresceram em estudo e maturidade nesse quesito. Rafael principalmente. Sou meio suspeita para falar, porque meu foco e meu gosto musical transita justamente pela questão do popular. E Rafael parece entender e se sensibilizar justamente com e por isso. Ele conduz muito bem a sua linha de raciocínio musical e faz um apanhado do que há de melhor e divertido desde a década de 1960 até os dias atuais. De todos os nomes que se apresentaram na feira, acredito que o dele seja o que mais se encaixa com a proposta.

Foto: Maieêh Sousa
Foto: Maieêh Sousa

Mas não só. Nessa parte da música dentro do projeto, tudo foi uma grande e bonita surpresa. A banda que se apresentou no sábado foi a Dost que toca um rock n roll bem gostosinho de se ouvir. A principio cheguei a comentar com algumas pessoas que, apesar da Dost ser de extrema qualidade, rock não seria o ritmo ideal para ser consumido dentro da proposta da feira. Talvez um samba, chorinho ou mpb pudesse se encaixar melhor. Porém, assim que os meninos deram início ao show, percebi que estava enganada. Lucas Sampaio está mandando muito bem no vocal do grupo e, junto com os outros músicos, apresentou ao público uma gama de versões excêntricas de alguns clássicos como Jorge Maravilha, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e Último Romance. Todo mundo cantou junto, dançou e se divertiu ao som da banda que, provou de todas as maneiras, que pode se encaixar em qualquer ambiente sim.

Na sequencia e fechando a programação musical o último a subir ao palco foi o nosso dj (agora também internacional) Loro Vodoo. Jhonny Ranks, um dos vocalistas do Complexo Ragga, fez uma participação especial animando a galera com alguns frestyles. E sobre os meninos poderia tecer aqui um milhão de elogios começando pelo principal: Tanto o Loro quanto Jhonny sabem muito bem o que estão fazendo e possuem um total respeito com o seu fiel público. Quando o Loro começou a tocar foi a hora mais animada do Dia de Feira. Nesse momento, os jovens já haviam tomado conta total do espaço e virado ele de cabeça para baixo com os pulos que davam.

Músicas indicadas para o momento:

– Bloco na Rua – Sergio Sampaio

– Aqui e Agora – Gilberto Gil

– O Canto da Cidade – Daniela Mercury

– Tinindo Trincando – Novos Baianos

Vivemos na melhor cidade da América do Sul:

O saldo final do projeto foi extremamente positivo. A feira conseguiu movimentar um grande contingente de público durante os dois dias em que esteve em vigor. A proposta foi inovadora para Vitória da Conquista e a perspectiva é que ela possa acontecer com certa constância durante todo o ano de 2016. Acredito que o desafio agora é de envolver mais a cidade como um todo dentro do projeto. Caso o Dia de Feira se torne itinerante, realizando cada edição num bairro diferente, talvez isso seja alcançado com mais rapidez, proporcionando uma interação entre as pessoas, os lugares, a cultura e a comida. A perspectiva é de que esse projeto possa ser uma vitrine tanto para os microempreendedores, quanto para os artistas da cidade. Por que não abrir espaço para uma curta encenação teatral na próxima vez? Ou quem sabe alguma intervenção cinematográfica, ou até mesmo literária? E, ao invés de djs fixos, por que não convidar outros bons nomes que existem por aqui? O rock já percebemos que casa com a proposta, mas por que não começar a explorar outros gêneros musicais para o espaço? As ideias são muitas e a animação é grande. Certamente que após a realização dessa primeira edição do Dia de Feira, as possibilidades são infinitas.

Músicas indicadas para o momento:

– Baby – Gal Costa

– Deixa Sangrar – Gal Costa

– Colégio de Aplicação – Novos Baianos

– Alô Alô Marciano – Elis Regina



Cultura, Vitória da Conquista

Comentário(s)


One response to “Conquista: Uma visão ‘diferente’ do ‘Dia de Feira’; saiba como foi!

  1. “Uma Visão Diferente” – “Na Olivia Flores”.
    Comecei lendo o artigo e vendo com que entusiasmo foi relatado o evento, foi citado que o público anda ávido por cultura e outras atividades.Público havia, com gosto refinado e intelecto aguçado, afinal, não queremos só comida.Saldo final Positivo. O que eu achei de mais POSITIVO, foi que a autora entendeu que os eventos não podem ficar restritos à Olívia Flores,devem realmente abranger outros bairros como sugerido pela mesma. Vamos empunhar essa bandeira de aproximar-mos as comunidades.

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