Uma reflexão sobre os ‘rolezinhos’

tex encomendas

por Omar Costa*, do Blog Balanço do Dia

Omar

Hoje acordei cedo para trabalhar e ao passar pela porta do Bom Preço me lembrei de um Supermercado que existia ali, época que eu estudava no colégio São Tarcísio, e na minha cabeça só passou uma lembrança dos nossos rolezinhos.

E quem viveu esse tempo estudando no Colégio São Tarcísio ou qualquer outro colégio da cidade e, assim que acabavam as provas, ia fazer os rolezinhos nos supermercados ou até mesmo no “shopping” Conquista Center na praça Tancredo Neves?

Naquele tempo não tínhamos internet, não tínhamos telefone celular, então nosso contato para marcar os rolezinhos era apenas nas escolas, e por esse motivo os grupos eram pequenos, com 5 ou 6 amigos. “Batíamos resenha”, olhávamos as vitrines, passávamos correndo por dentro das galerias do centro da cidade e até mesmo pegávamos alguns pacotes de balas ou chocolates nas prateleiras dos Supermercados, e nisso o Supermercado Santo Antônio que era na minha rua teve suas pequenas baixas. Naquele tempo não existiam câmeras, a segurança era realizada pelos próprios funcionários ou donos dos estabelecimentos.

E quando nos pegavam fazendo aquelas “traquinagens” a casa caía, tomávamos broncas dos funcionários, dos donos das lojas, daqueles que conheciam nossos pais, daqueles consumidores que achavam errado nossa atitude, e tudo era feito com contato humano, pessoalmente, sem cassetetes, sem balas de borracha, sem policiais fardados.

Eram outros tempos, tudo bem, porem eram rolezinhos, tinha correria, tinha jovem, tinha loja, tinha pequenos furtos, tinha coisa quebrada nos corredores dos supermercados… e tinha uma forma de resolver diferente da pancadaria de hoje, talvez por ser uma cidade pequena e quase todos serem conhecidos, talvez porque os donos dos estabelecimentos entendessem que se tratava de adolescentes que passaram da pipa, bola de gude, garrafão, mamãe da rua, pega pega, vídeo game, para os rolezinhos. Talvez! ! !

Hoje, para a maioria dos jovens com seus 14, 15 e 16 anos esses “rolezinhos” ainda existem e ainda fazem parte do cotidiano daqueles que sentam na escadaria, nos bancos das praças, nas grandes lojas ou mesmo no Shopping, agora sem as aspas, da cidade de Vitória da Conquista e de todas as demais cidades do país. E o que tem de diferente nesses “rolezinhos” que causam pânico, provocam a necessidade de polícia, espancamento, quebra quebra, proibição?

Na minha leitura existe uma tentativa explícita de exclusão, de racismo, para fazer com que a classe rica fique afastada daqueles que são pobres, que são vestidos fora do padrão das marcas, que são pretos pobres, que são brancos pobres, que são fora do padrão dos ricos de dinheiro e podres pobres de cultura e espírito humano, e que escolheram aqueles que vão ficar de fora da festa dos cleptomaníacos.

Os “rolezinhos” agora acontecem com muitos jovens, isso é lógico, hoje temos internet para marcas os nossos encontros, temos aparelho celular, os “rolezinhos” de hoje acompanham a mudança da juventude, e a sociedade precisa entender o que mudou no comportamento e tentar dar respostas a essas mudanças de forma também nova e não com o aparato opressor da nossa polícia armada, e não com as seguranças particulares, e não com essa política que exclui ao invés de agregar, que humilha ao invés de amparar, que julga pela aparência sem antes conversar. 

Eu digo não à politica excludente que a direita e a esquerda do Brasil implementam a cada dia com o aval de uma classe média pobre em cultura e sentido humano, com o aval de uma classe rica que sempre fez e sempre fará dos pobres os escolhidos, os que serão presos, os que serão bandidos, os “fora da lei”.

*Omar Costa é professor e diretor do Curso Zêniite



Artigos, Política, Vitória da Conquista

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9 responses to “Uma reflexão sobre os ‘rolezinhos’

  1. comparação mais infeliz para um professor querer comparar anos 80 com época atual.hj e Esta galera está pervertida,maliciosa ,não respeita mais ninguém se drogam fazem sexo cedo ,roubam eles querem e esculhambar e famílias que estão passeando e trabalhando no shopping ficam em pânico com essa delinquência juvenil apoiada por essa política suja que estamos inseridos.professor me poupe coloca essa galera em sua casa.

    1. Apoiado Naldo, esse cara ai é muito sem noção, achar bonito dizer que roubava no mercado, é uma completa mudança de valores.

  2. Acho que você está realmente desinformado professor, a aparência desses jovens que fazem o “rolezinho” é a mesma aparência da maioria dos seus alunos de escola particular, eu não sei se você sabe mais o que caracterizou os rolezinhos em São Paulo e no Rio, no começo do movimento ,foram arrastões, roubos e agressões…Apesar de concordar plenamente com a liberdade de expressão e de circulação de quem quer que seja, acredito de devíamos incentivar a educação, encontrar uma solução para esse tipo de comportamento que anda deixando os jovens cada vez mais delinquentes como comentou nosso amigo Naldo e não achar que roubar(inocentemente) um docinho no Santo Antônio nos anos 80 é normal. Eu por exemplo, também estudei no São Tarcísio, também batia resenha, mais nunca roubei (inocentemente) nenhum docinho no Santo Antônio e meus pais também não roubaram e nem meus filhos roubarão. Abraço!

  3. Professor. Valeu pela tentativa. Mas como diria Nietzsche: “Não adianta combater com razões o que alguém defende sem razões”. Além do mais, nós dois sabemos que a ancilose das idéias acaba monopolizando as distinções honoríficas rsrsrs… Este é o nosso país, em que os pseudo educados, que se julgam no andar superior, que só existe na imaginação deles, saem por aí trocando o “mais” por “mas” sem perceber a própria ignorância e sempre argumentando em defesa dos seus próprios umbigos mal cortados… a melhor saída nesses casos é “nem tchum” rsrsrs

  4. KKKKK. Acho graça do que o professor escreveu. Também vivi nessa época e não havia pequenos furtos como ele colocou e sim, pessoas em que respeitavam o próximo, respeitavam os pais e não como hoje que a maioria, lógico toda regra tem exceção, são pequenos arruaceiros que vão para roubar e não para se divertir. Antigamente os alunos sejam eles de escolas públicas ou particulares, iam para as ruas manifestarem seus direitos e eram realmente alunos, estudantes que queriam ser alguém na vida e não hoje que muitos ficam em praças usando drogas e criando tumulto como muitos. Então caro professor, reveja seus conceitos pra vc que é diretor de um conceituado curso avalie melhor o conceito de reunião de “amigos”, para esses rolezinhos que andam acontecendo. Eu não deixaria meu filho participar jamais de um rolezinho desses.

  5. Só uma duvida… Shopping é uma instituição publica ou privada…???
    Para mobilizar 05 viaturas e um batalhão de PMs contra uma minoria de adolescentes, não mais que 50.
    Desafio Naldo, Marilia e Robson a precisar de pelo menos uma viatura e ao menos ser atendido em tão pouco tempo. Mais uma vez o dinheiro dos nossos impostos jogados fora.
    Concordo com tudo que o professor falou, bons tempos…
    Só mais uma coisa, shopping…??? Qual shopping??? Aquilo esta mais para uma galeria de bairro com buteko.

    1. Fabio, acho que você não entendeu o que eu escrevi. Eu também concordo com o professor Omar… Só lamentei o fato de haver poucos com a capacidade de compreendê-lo… Estou mais de acordo ainda com o seu argumento sobre a utilização da força policial…

  6. por que cada pai deveria estar cuidando do seu filho. como não aconteceu, a policia é que tem que cuidar da segurança. e quero saber em que escola esse professor infeliz deseduca, meus filhos não vão nem chegar perto de lá. Imagina ai o cara se vangloriar de ter roubado no Mercado Santo Antônio, isso é uma vergonha, para com isso, precisamos desse tipo de Professor não.

  7. Vivemos assustados com tudo, porque a violência é constante e ocorre a toda hora e em todo local. Até está presente dentro dos lares. Ora, imaginem em um local público. Os “rolezinhos” são motivo de alerta, porque nunca se sabe o que a maioria dos jovens pretendem de fato. Quem garante se não vão procurar brigas, confusões e furtos? Tem as exceções, é claro. Quem tem uma loja no shopping e tome conhecimento desses “rolezinhos”, certamente irá concordar com a direção do shopping em chamar a polícia para garantir sua segurança e das pessoas de bem, que vão para se divertirem e comprarem algo. Infelizmente, o comportamento da maioria dos grupos de jovens mostram outra coisa. É sempre um sinal de alerta. Como disse, existem as exceções. Contudo, o shopping é um local público e, como tal, não é proibido a ninguém. O bom é ficar de olho é sempre atento, porque nunca se sabe quem está com “outras intenções”.

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