Sétima Arte em destaque: ‘Meia Noite em Paris’

Por Shunji Ikuta Filho – Estudante de Cinema da Uesb

1044548_477867165626015_1838349214_nMeia Noite em Paris é uma comédia romântica de muito bom gosto. As trilhas sonoras do filme é algo que ajuda a tele-transportar o público para dentro do filme, para o clima de Paris. Ele é um filme dirigido por um dos melhores atores de comédia não tradicional, Woody Allen. Certamente posso afirmar que esse é um dos melhores filmes que eu já vi na minha vida. O filme é extremamente inteligente, direção de arte, atores e geral. Mas foram três coisas que me chamaram maior atenção nesse filme, que foi a direção de fotografia, roteiro e atuação de Owen Wilson.

Foi um dos primeiros filmes que eu assisti, onde o próprio Woody Allen não está presente como personagem, e que, sinceramente, não fez falta, não por causa que eu ache sua atuação ruim, mas porque Owen, passou uma impressão de ser o próprio Woody Allen, talvez admiração pelo trabalho desse diretor. Com uma atuação muito impressionante, não deixa nenhum ponto falho. O modo que Owen Wilson fala, meio gaguejando, sem muita certeza do que falar.

Uma cena onde Owen interpreta o próprio Woody, quando ele está conversando com Ernist Hemingway, e esse fala que vai levar o livro escrito pelo personagem Gil Pender para ser lido por Gertrude Stein. Ele fica perplexo, parece que na hora Woody encarna no personagem, ele começa a gaguejar, fazer umas caretas, meio que falar sozinho, muito bem interpretado. Sempre gostei muito do ator pelos outros papeis que já fez, mas nesse filme, foi o momento em que eu fiquei fã dele.

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Em “Meia Noite em Paris”, ele faz o personagem de Gil Pender, um escritor que se apaixona por Paris, e todos os dias, a meia noite, eu diria que ele se transporta para um novo mundo, a Paris de 1920, a qual considera a melhor década, onde ele pode expressar suas ideias de forma melhor e acaba se apaixonando por Adriana. O Owen Wilson entra no clima daquele personagem: você pode perceber a curiosidade em seu olhar. O Roteiro é muito inteligente. Ele conecta vários intelectuais da época, você pode encontrar personagens como Ernest Hemingway, Salvador Dalí, Gertrude Stein e o casal Fitzgerald, entre outros.

 

Ele consegue criardiálogos inteligente e cômicos ao mesmo tempo. Como na cena onde está sentado na mesa, alguns artistas, onde cada um deles  expressa o que vem na situação contada pelo personagem principal, Man Ray fala que vê uma foto, Buñuel um filme e Dalí um rinoceronte, fato interessante, uma vez que Dalí era fã de Rinocerontes na vida real. O personagem principal necessita dessas viagens ao mundo irreal para perceber que a sua vida não era exatamente a que queria, então ele procura uma forma de poder se separar de sua noiva, e curtir um novo amor.

A fotografia desse filme é o que mais me impressiona. A direção é feita por Darius Khondji e Johanne Debas, dois franceses. Ele, Darius, já é um dos prediletos de Woody, também trabalhou em Para Roma com Amor, e entre outros filmes, ela, Johanne, fez mais trabalhos do cinema francês. A fotografia desse filme me lembra pinturas de Monet e Van Gogh. No começo do filme, eles estão em cima de uma ponte, o local é conhecido por ser uma das famosas pinturas de Monet, Giverny e o próprio personagem comenta no começo do filme, que em poucos minutos eles podem sair de casa, e ir parar numa pintura de Monet. Em outros momentos, como na cena em que Zelda tenta se matar, se jogando no rio, e no final quando Gil se encontra com a vendedora de LP, seria o mesmo cenário da capa do filme, que se parar para analisar, é uma representação da pintura de Van Gogh, A Noite Estrelada. Na fotografia do filme é perceptível uma relação do modo como as cores são trabalhadas, como as fotos são enquadradas, me deixam na dúvida se realmente Paris é tão linda quanto parece ser no filme. Sem dúvida, foi feito um estudo muito grande de como poderia enquadrar um lugar tão belo e de forma bem artística, uma vez que o filme se passa no meio de diversos monstros das artes. Então me parece que foi decidido que o filme seria enquadrado na forma das pinturas, estou tentando ainda descobrir outras pinturas que eles utilizaram de referencia.

Do começo ao fim do filme, eu fico embabascado com tantas imagens bonitas, e que transmitem a sensação real da bela época parisiense. Enquanto os dias são claros, suaves e naturais, para mostrar a beleza do dia de Paris, as noite são tratadas com tons mais amarelados e mais sombras, talvez para mostrar uma Paris boemia, onde os gênios da arte se concentravam juntos em noites regadas a festas e bebidas, e declaravam suas poesias, músicas, livros e amores.

Outras atuações se destacam também junto a de Owen Wilson. Marion Cortillard, Tom Hiddleston, Kathy Bates e até a ex primeira dama da frança, Carla Bruni. Logo apos esse filme Woody Allen filmou também para “Roma com Amor”, com a proposta bem parecida, conseguiu fazer um ótimo filme, entretanto nada comparado com “Meia Noite em Paris”, não é só o modelo do filme que criou esse sucesso, mas o conjunto de toda a obra. Acredito que irá demorar um bom tempo para se encontrar um filme tão sensacional como este.

Meia Noite em Paris, é simples, divertido, fascinante. Uma obra de arte. Filme para toda família, talvez seja um dos melhores trabalhos de Woody Allen, e olhe que normalmente só se ver ótimos trabalhos vindo de Woody Allen, um diretor que consegue criar blockbursters ao seu modo, e não ao modo de indústria cinematográfica. Se você ainda não assistiu Meia Noite em Paris, assista, e assista a primeira vez, a segunda e a terceira, o filme não enjoa.



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