Formado em direito pela Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), Rudival Maturano, coordenador municipal de juventude de Vitória da Conquista, tem o desafio, desde o início do ano, de agregar uma das camadas da população mais complexas atualmente, os jovens.
Em um bate papo esclarecedor, Rudival nos recebeu na sede da coordenação e falou sobre inúmeros assuntos: Festival da Juventude, Praça, projetos, combate às drogas, pretensões políticas, manifestações e muito mais. Leia a entrevista na íntegra:
Blog do Rodrigo Ferraz – Como surgiu essa ideia de criar a coordenação municipal da juventude?
Rudival Maturano – A coordenação de juventude é institucionalizada no Brasil, através da União, e também do Estado. E aqui em Vitória da Conquista ela foi realmente motivada a sua criação quando o prefeito Guilherme Menezes assinou publicamente um compromisso com a juventude de Vitória da Conquista, que se chama o Pacto pela Juventude. Um documento elaborado pela Secretaria Nacional da Juventude e pelo Conselho Nacional. Nesse sentido, dentro desse Pacto haviam alguns artigos e esses artigos realmente explicam sobre a composição de institucionalizar os espaços da juventude.
BRF – Que tipo de ações já foram feitas nessa coordenação?
RM – Então, a coordenação foi criada em janeiro de 2013 e hoje ela está completando 8 meses de criação. As ações que foram implementadas pela Coordenação de Juventude, na verdade foi um mapeamento muito detalhado sobre onde está a juventude de Vitória da Conquista, o que eles fazem, quais são as suas idades e o número. Hoje a gente tem uma população da juventude no município de 87 mil jovens. Esses jovens estão aqui, no município, e fora aqueles que vem das cidades vizinhas utilizar as faculdades, os equipamentos e o comércio daqui. O serviço que nós temos prestado é tentar, junto ao Governo Federal e Estadual, parcerias, através de convênios, para implementarmos programas Federais para que a juventude possa ocupar espaços, recebendo cultura, esporte e lazer. Dentre esses programas, nós estamos agora, na fase de construção e implementação do ‘Estação Juventude’, que é um programa totalmente diversificado da SNJ e que conta com espaço para que a juventude possa estar se achando e se enquadrando dentro dele. Além do mais, o Festival da Juventude, que já existia antes da nossa coordenação, ele passa agora a ser gerido por essa coordenação. Toda a movimentação do Festival, tudo que se refere a assessoria do Governo Municipal a essa juventude passa por aqui. Temos mapeado várias conversas, várias ações, dentre elas a gestão da Praça da Juventude. E para frente temos outros programas, como o Plano Juventude Vida.
BRF – Quando a gente fala de Juventude, a coordenação trabalha com que faixa etária?
RM – A gente tem trabalhado focado de acordo com a Política Nacional de Juventude. Já existiam estudos, devido as conferências nacionais e estaduais, de que juventude, o jovem, ele tem 15 anos até 29. E agora, com a sanção do Estatuto da Juventude, isso ficou implícito, de fato. São pessoas que estão na nossa cidade gozando de todos os equipamentos públicos e precisando de políticas públicas sérias.
BRF – Assim como no Brasil, e em Conquista não é diferente, existe a questão da droga. Temos visto na nossa cidade inúmeros adolescentes sendo apreendidos e assassinados em virtude deste problema crônico. O que a coordenação tem feito no intuito de minimizar esse problema?
RM – A coordenação esteve recentemente em Brasília, juntamente com o prefeito Guilherme Menezes, em um ato público, no Palácio da Justiça, que foi o lançamento do pactuamento de um programa chamado ‘Crack – é possível vencer’. A gente entende claramente que o crack, as drogas, têm realmente acabado com a população, principalmente os jovens que entram nesse sentido. Uma população que se encontra nas ruas, vulnerável, ociosa. E esse programa, nós temos trabalhado nele, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde, e é um comitê, na verdade, onde a gente pode desenvolve ações de prevenção e cuidado dessa população jovem, que está ociosa, principalmente agindo com formação e dando a ele realmente o caráter de importância, e não de repressão, como a gente tem visto. Tanto que, o programa ‘Crack – é possível vencer’ trabalha até com capacitação para policiais que realizam a abordagem no combate ao uso e tráfico de drogas.
BRF – Vamos voltar para a questão da Praça da Juventude. Qual o objetivo da coordenação na questão desse equipamento. O que já tem em vista?
RM – Foi um investimento alto, prioritário para a juventude. A gente fica muito feliz por essa obra, focado para essa camada da população. O que nós tempos implementado naquela praça uma memória para os jovens, dizendo que aquele equipamento não é só mais um. É uma obra criada para a juventude, onde os próprios jovens possam fazer a gestão do local. A gente tem pensando em uma comissão de comitê gestor daquela praça, com a população civil, onde vai trazer esses segmentos da juventude, as suas diversas entidades para a linha de frente da gestão daquela praça, fazendo com que ela não fique ociosa, promovendo espaços de cultura e lazer, não só para os jovens, mas para a família em si, com diversas atividades, apresentações artísticas e, quem sabe, visitas com guias para a reserva do Poço Escuro. Já temos até convênio firmado com a Polícia Militar para garantir a segurança da Praça.
BRF – O sucesso do primeiro Festival da Juventude auxiliou para a criação dessa coordenação? E que tipo de ações já existem no intuito de aumentar ainda mais a participação do jovem no evento?
RM – O Festival da Juventude criou uma lacuna, uma brecha muito grande para que as políticas pudessem aprimorar mais aqui na região. Hoje somos destaque nacional , até porque o Festival foi divulgado dentro do site da Presidência da República, como um evento realmente de prioridade e com caráter de formação cultural para os jovens. Como, também, diversos espaços democráticos e de debates. Eu entendo que o primeiro Festival veio com uma força de nós queremos desenvolver algo para a juventude e sabíamos que tinha que dar mais um tom de cultura, mas não sabíamos, ao certo, qual seria o resultado. Constatamos que o resultado foi fantástico e tudo isso se deve a uma construção colaborativa onde os próprios jovens vem nas mesas e digam: ‘Nós queremos uma atração assim’ e vamos tentando, entre poder público e sociedade civil, organizar um festival naquela nomenclatura. Quando a coordenação é criada, as atenções voltam completamente a esse carro-chefe que é o vento, juntamente com a Estação e a Praça, e, assim, propiciou por demais o incentivo do Governo, juntamente com o Pacto, para a implementação da institucionalização da política pública da juventude, criando um setor para que pudesse estar estudando a sua forma de agir. E agora temos expectativas futuras de firmarmos parcerias com diversas entidades que estão há muito tempo na frente, realizando esse tipo de iniciativa, como é o caso da União Nacional dos Estudantes, a UNE, promovendo debate com a juventude e, quem sabe, trazer projetos da entidade para o município.
BRF – Como a Prefeitura chegou a seu nome para que pudesse assumir esse desafio?Tiveram conversas? Como tem lidado com essa cobrança da juventude?
RM – Na verdade tudo ocorreu no ano passado, no mês de dezembro. Quando o responsável por mediar e definir os cargos comissionados do Governo, começou a analisar quem seria o nome para a coordenação de juventude. Segundo o que foi realmente discutido, que foi implementado no poder público, houve vários nomes indicados e dentro desses nomes começaram a traçar o perfil de um jovem que tenha acessibilidade a essas juventudes, ética, consegue agregar e tenha condição de ir nos lugares que realmente tenham barreiras. Dentre esses nomes, existia o meu. A partir daí houve uma consulta de chegar aos representantes dos movimentos e questionar os nomes, informalmente. Referendaram sempre o meu nome. Sempre estive ligado a movimentos estudantis e a militância em si. Acho que isso ajudou para que o convite fosse feito.
BRF – Como você tem analisado as manifestações nas ruas? Conquista recentemente levou mais de seis mil pessoas em protesto, questionando os políticos, de uma forma geral.
RM – Eu entendo que esses movimentos são legítimos, por demais, que tem caráter de seriedade, com uma diversidade de pessoas reivindicando melhorias. O cidadão é representante da democracia e precisa colocar para fora seus anseios. Em Conquista foi um grande passo e temos recebido as demandas com total prioridade e atenção exclusiva. A população do nosso município se comporta de maneira diferente, foi um protesto tranquilo, pacífico e sem depredação de bens públicos.O papel da coordenação é mediar esse diálogo da administração pública com os jovens, para que todos possam ser atendidos da melhor forma possível. Eu estive nas ruas e tive o prazer de participar, porque sou um cidadão também.
BRF – Uma das principais reivindicações da classe estudantil conquistense é a questão do transporte coletivo. Nos últimos anos uma série de demandas foram encaminhadas ao Prefeito Guilherme Menezes. Como tem sido a questão de receber essas demandas da juventude e encaminhar a administração municipal?
RM – O poder público tem consciência dessas demandas. Foi criado um comitê que elaborou o documento com as reivindicações. Bilhete único, renovação da frota e mais acessibilidade são algumas das cobranças da população. O estudante precisa ser melhor atendido na questão do transporte coletivo. A licitação está sendo implementada. Temos pensado, aqui na coordenação, em agir e realizar reuniões da juventude com representantes do poder público para que possam ter esse diálogo.
BRF – Rudival, você tem pretensões políticas? A juventude cobra isso de você?
RM – A juventude quer realmente ocupar todos os espaços. É interessante quando disputávamos espaços em centros acadêmicos, sempre buscamos participar dos pleitos. A juventude quer avanços e ter as reivindicações atendidas. Essa conversa exige, mas prefiro me ater com discurso de pretensões políticas. O que eu quero é fortalecer a nossa coordenação, levando diálogos para a zona rural. Minha visão, por enquanto, é essa, ajudar a juventude a fazer a diferença!