Por *José Raimundo Fontes
Seria impossível que Érick Rocha, filho de Glauber Rocha, ao realizar um filme -documentário sobre a trajetória de seu pai, intitulado “Rocha que Voa”, em 2002, pudesse imaginar que um dia tivesse um aeroporto com o nome desse que é um dos mais originais cineastas, intelectuais e pensadores da cultura do Brasil e do mundo.
A “película” é uma espécie de encenação imaginária e documentada das ideias e concepções de Glauber sobre o papel da cultura, especialmente do cinema, no contexto da realidade das sociedades chamadas Latino-americanas. O filme é baseado em duas entrevistas publicadas em livro com o mesmo título, concedidas em Cuba, em 1971, a intelectuais amigos de Glauber, durante o seu exílio neste país, cujo áudio, recuperado por Erick, serviu de “roteiro” também para publicação da editora Aeroplano, RJ, 2002. Quanta coincidência!
Mas o “voar” do filme-entrevista é uma colagem de ideias e proposições que o espectador-leitor deve buscar e concluir sobre o sentido do que é dito e mostrado, bem na tradição glauberiana. O título é uma metáfora que expressa as inquietações, intuições, provocações, as irrupções vulcânicas próprias da personalidade de Glauber, no dizer de João Carlos Teixeira Gomes, um dos seus biógrafos mais autorizados.